Os médicos residentes da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu que estão em greve desde dia 20 de agosto, realizaram na manhã desta terça-feira uma passeata em protesto contra o governo federal em busca melhores condições de trabalho e de atendimento do hospital. O propósito foi o de orientar a população sobre os motivos da paralisação. Esta é a segunda manifestação dos residentes de Botucatu. A primeira foi no dia 26 de agosto na Rua Amando de Barros e começou na Praça Emílio Peduti (Bosque) e foi encerrada na Praça Coronel Moura (Paratodos).
Desta feita, a manifestação foi deflagrada na Avenida Dom Lúcio, outro importante ponto central da cidade. Os residentes se concentraram na Praça da Catedral e percorreram a avenida até o Espaço Cultural. Durante a caminhada os manifestantes cantaram e gritaram palavras de ordem e abordaram os transeuntes entregando panfletos que explicavam os motivos desse movimento.
Os médicos residentes são profissionais formados, que fazem especialização em alguma área da medicina. Prestam serviços em hospitais de forma assistencial, nos setores de emergência, cirurgias e consultas agendadas, sob a orientação de um médico.
A presidente da Associação dos Médicos Residentes de Botucatu, Priscila Medeiros, que coordenou o movimento vem repetindo desde que a greve foi deflagrada em todo Brasil que os profissionais da saúde estão buscando a valorização da residência médica e do médico residente.
Estamos protestando contra os baixos valores de remuneração da bolsa e reivindicamos garantia de auxílio moradia e alimentação, além do cumprimento da jornada de trabalho de 60 horas semanais. Nunca é demais repetir que, embora a greve seja por tempo indeterminado, os serviços emergenciais e de urgência continuarão sendo mantidos, assim como o acompanhamento aos enfermos. É isso que passamos ? população nessa passeata, disse Medeiros.
Ela lembra que os residentes recebem, há quase quatro anos, o mesmo valor de salário (bolsa) e tem uma jornada com carga excessiva de horas. A lei preconiza que os médicos residentes trabalhem até 60 horas semanais, mas a carga de trabalho semanal ultrapassa 100 horas, observa. Ao contrário dos demais trabalhadores do Brasil, não temos 13º salário, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), adicional de férias, adicional de insalubridade e nem reajuste anual apesar da obrigação em pagar imposto de renda e INSS, enumera.
Esse protesto também está sendo feito em diferentes regiões do Brasil, no mesmo dia e horário. Nesta quinta-feira está previsto uma reunião entre os representantes dos médicos residentes do Brasil com os ministros José Gomes Temporão (Saúde) e Fernando Haddad (Educação) para uma tentativa de acordo. Os manifestantes pleiteiam um aumento de 38,7% na bolsa de residência (atualmente, é de R$ 1.916,45), mas o governo não aceitou. Existe a possibilidade de uma proposta de aumento de 22 %. Se isso for confirmado na reunião, o acordo deverá ser feito e a greve interrompida.
Fotos: Valério A. Moretto
Compartilhe esta notícia