
Pedro Ciechanovicz cumpre pena de 296 anos e 11 meses por crimes hediondos e foi operado em Botucatu para retirada de tumor

Pedro Ciechanovicz, de 71 anos, considerado o maior sequestrador da história do Brasil, foi submetido a uma cirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB). Ele permaneceu internado entre abril e maio após passar por um procedimento para retirada de um tumor na boca, conforme apurado pelo Acontece Botucatu.
Ciechanovicz ganhou notoriedade nacional por envolvimento em alguns dos sequestros mais midiáticos do país, como os de Abílio Diniz, Girz Aronson, Abraão Zarzur, João Bertin, entre outros empresários de grande projeção. A presença dele na unidade hospitalar mobilizou atenção especial das forças de segurança.
O Acontece Botucatu apurou com fontes que nos dias que antecederam a internação e durante todo o período de permanência no hospital, o clima foi de tensão no centro cirúrgico. Devido à periculosidade do detento e ao histórico de envolvimento com o crime organizado, foi necessário uma operação especial de escolta, garantindo segurança máxima durante todo o processo.
Conhecido como “Pedrão”, o criminoso está atualmente recolhido na Penitenciária I de Avaré. A Polícia Penal articulou, junto à Central de Regulação de Vagas do HCFMB, a liberação de um leito para que a cirurgia fosse realizada, de acordo com informações obtidas pela redação.
Dados da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo mostram que Pedro Ciechanovicz cumpre pena de 296 anos e 11 meses por crimes hediondos. A previsão de término da pena, segundo o documento, é 20 de março de 2282.
Procurados, HCFMB e SAP receberam a demanda, mas não se pronunciaram sobre o caso até o momento.
Crimes e fuga
O criminoso foi acusado por ao menos 15 sequestros no estado de São Paulo. Ele se especializou nessa modalidade de crime na Penitenciária do Estado, no Carandiru, zona norte da capital, em meados dos anos 1990.
Em 19 de dezembro de 1995, Pedrão foi transferido para o regime semiaberto no CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Mongaguá (SP), e fugiu em 24 de janeiro de 1996. Essa foi a segunda fuga dele. No total, ele ficou nove anos foragido.
Os sequestros confessados por Pedrão, segundo a Polícia Civil são os seguintes:
– Girz Aronson, dono da rede de lojas G Aronson, sequestrado aos 82 anos em 17 de julho de 1998. Ficou 14 dias em cativeiro;
– Paula Cristina de Antonio, filha do dono da Paulimar, sequestrada aos 21 anos em abril de 1999. Ficou 29 dias em cativeiro;
– Abraão Zarzur, dono do Banco Mercantil de Descontos e acionista da Ripasa, multinacional de celulose, sequestrado aos 82 anos em 22 de janeiro de 2000. Ficou 44 dias em cativeiro;
– Eduardo Tonin, 18, filho do ex-deputado estadual e ex-prefeito de Indaiatuba (PMDB), José Carlos Tonin, sequestrado em 26 de junho de 2000. Ficou 30 dias em cativeiro;
– Samira, 40 e Vanessa Salete Santana Martos, 17, mulher e filha do pecuarista Mauro Martos, sequestradas em 16 de novembro de 2000. Ficaram 54 dias em cativeiro;
– José Lanaro, filho de dono de lotéricas em Sorocaba, sequestrado e morto aos 24 anos com 14 tiros em 27 de junho de 2001 quando tentava fugir dos criminosos;
– Roberto Benito Júnior, herdeiro das Lojas Cem, sequestrado aos 35 anos em 2 de outubro de 2001. Ficou 120 dias no cativeiro;
– João Bertin, dono do frigorífico Bertin, sequestrado aos 82 anos em 8 de setembro de 2002. Ficou 155 dias (cinco meses) em cativeiro. Foi o sequestro mais longo até então registrado no Brasil;
– A Polícia Civil apurou que o bando de Pedrão tinha 38 integrantes e era dividido em várias células nas regiões de Campinas, Ribeirão Preto, Bauru e Presidente Prudente. Investigadores calculam que Pedrão arrecadou US$ 1,1 milhão (R$ 6,1 milhões na cotação atual) com os resgates pagos pelos familiares das vítimas.
Pedrão está recolhido na Penitenciária 1 de Avaré (SP). Ele foi preso pela primeira vez em 11 de maio de 1977. Para a Justiça, o histórico prisional de Pedrão não permite benefício porque ele cometeu crimes gravíssimos, sendo um roubo e oito sequestros – um deles seguido de homicídio – somente no segundo período em que ficou foragido.
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