A Justiça de Botucatu (SP) determinou o arquivamento do inquérito policial que investigou o caso do ácido encontrado no tanque de água do setor de hemodiálise do Hospital das Clínicas (HC) da Unesp, no distrito de Rubião Júnior.
O juiz da 2ª Vara Criminal de Botucatu, Henrique Alves Corrêa Iatarola, proferiu decisão final no último dia 21 determinando o arquivamento do caso alegando “a inexistência de qualquer irregularidade” na ação dos dois servidores que eram investigados.
Dois dias depois do incidente, a Polícia Civil de Botucatu abriu inquérito policial para investigar a contaminação e apurar as responsabilidades para determinar se o ato foi intencional ou culposo.
No início, o caso foi tratado como criminoso já que o ácido peracético, substância utilizada para combater fungos e bactérias, tem alto poder de risco para a saúde, inclusive de morte, se entrar em contato com o sangue humano.
No último dia 10 de abril, a própria Polícia Civil descartou a hipótese de sabotagem e passou a investigar o caso como manipulação equivocada.
Ao final da investigação da Polícia Civil, o promotor Marcos José de Freitas Corvino pediu o arquivamento do procedimento. Segundo Corvino, os servidores “não desrespeitaram os deveres objetivos de cuidado”.
Segundo a advogada Rita de Cássia Barbuio, que defendeu os investigados, a decisão “reconhece a total ausência de dolo dos servidores do HC”.
A contaminação
A contaminação foi detectada no dia 16 de março, antes da primeira sessão do tratamento. A equipe do hospital identificou uma quantidade grande de ácido na água utilizada no processo de hemodiálise. O serviço foi suspenso e retomado dois dias depois.
A médica nefrologista Pâmela Falbo dos Reis, responsável pela unidade, admitiu que, caso algum dos pacientes tivesse entrado em contato com o ácido, a reação poderia ser fatal.
A unidade de hemodiálise do HC da Unesp de Botucatu tem 35 máquinas. Por dia, em média, 105 pacientes fazem a terapia. Aos domingos não são agendadas sessões.
O ácido peracético é usado no processo de limpeza dos filtros e mangueiras usados na máquina de hemodiálise. Cada paciente possui seu kit.
Depois de uma sessão, o material é higienizado com o produto e guardado com o ácido para evitar proliferação de fungos e bactérias.
Quando o paciente chega para uma nova sessão, o ácido é retirado totalmente do filtro e dutos com a água tratada. O processo é repetido várias vezes, e enquanto a água não ficar incolor após a colocação do reagente, os equipamentos não podem ser usados.
No processo de hemodiálise cada paciente usa 500 ml da água esterilizada por minuto. A terapia dura em média quatro horas.
Fonte: Portal G1
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