O advogado, jornalista e engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves esteve neste final de semana nas cidades de Botucatu e Conchas para falar sobre seu livro “Despoluindo sobre Trilhos” que propõe a integração das regiões do Estado por meio da malha ferroviária e o incentivo do transporte de passageiros e cargas com utilização de trens. Gonçalves é o criador da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias. O escritor visitou veículos de comunicação nos dois municípios e conversou também com lideranças do setor ferroviário.
Livro propõe um projeto de iniciativa popular de levar para a nota fiscal o valor dos fretes embutido nos preços dos produtos. Explana que, atualmente, quase 90% das cargas no Brasil são transportadas via rodovia, por caminhões. Além de todos os percalços enfrentados por quem vive nas cidades próximas aos portos, há ainda a questão financeira: o preço do frete embute todas as mazelas em custos que acabam sendo pagos por toda a sociedade.
Segundo um estudo do Departamento de Competitividade de Tecnologia (Decomtec), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), as empresas têm uma despesa anual extra de R$ 17 bilhões devido ? precariedade da infraestrutura do país, incluindo péssimas condições das rodovias e sucateamento dos portos. Esse valor, em si astronômico, ultrapassa os 30 bilhões por causa dos impostos e, como quando chega na ponta, no comércio varejista, o produto é naturalmente sobretaxado pelo lucro, dá novo salto, em termos brutos, ao dobro em média.
O livro Despoluindo sobre trilhos busca mostrar caminhos alternativos para lidar com o velho problema de transporte por cargas rodoviárias e propõe um projeto de lei de iniciativa popular que obriga os comerciantes a destacar o valor do frete na apresentação dos preços dos produtos. Essa conscientização, acreditamos, levará ? pressão por mudanças que irão beneficiar todos de forma direta e principalmente de forma indireta, com a redução significativa dos custos do frete incidente sobre os produtos, aumentando assim o poder aquisitivo de todos os brasileiros, explica Gonçalves.
A obra destaca ainda que o meio fluvial (aquaviário) ocupa apenas 3% dos transportes, o ferroviário 8% e o rodoviário, o mais caro e mais poluente, 89%. Na visão do autor, o Brasil possui uma má logística de transporte de cargas e transporte em geral, apinhada de gargalos e calcada no caro e poluente transporte sobre pneus, em detrimento dos mais econômicos e mais ecológicos transportes sobre trilhos e aquaviário.
Segundo o jornalista o transporte por ferrovias proporciona uma economia de 71% de diesel em relação ao transporte rodoviário. Lembrando que o diesel tem recebido no Brasil ou subsídio direto ou renúncia fiscal, o que agrava a nação, já que assim recolhe menos dinheiro para atender ? saúde, ? educação e ? segurança, diz Gonçalves acreditando que é importante aproveitar o momento atual de mobilização dos brasileiros para tentar promover uma mudança cultural neste sentido. Vimos que o governo brasileiro só mostrou alguma celeridade depois de pressionado pelas ruas. E o transporte de cargas e a logística como um todo, que é paga por cada cidadão, só pode melhorar no momento em que o cidadão tomar consciência destes fatos, enfatiza.
Compartilhe esta notícia