Na tarde desta sexta-feira o Centro Cultural de Botucatu (CCB) recebeu dezenas de convidados para apresentar a mostra fotográfica Todos temos um pouco de África, um projeto do edital de exposições dos jovens da Fundação CASA (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) de Botucatu. Ela foi aberta nesta sexta-feira(06), no saguão do CCB ? s 17 horas, e poderá ser visitada até o dia 30 de agosto, de segunda ? sexta-feira, das 13 ? s 18 horas.
A exposição mostra o resultado da participação dos jovens da Fundação no concurso África em nós, de 2009, que desenvolveram o tema Todos temos um pouco de África. O projeto resultou em um conjunto poético de imagens que expressam este encontro racial e uma canção.
De acordo com a diretora da entidade, Juliana Rosa, a Fundação que conta com 56 internos, desenvolve atividades variadas com o teatro, fotografia, capoeira, cinema, música, judô, entre outras. No caso da fotografia, uma das atividades coordenadas pelo professor de Everton Oliveira, foi desenvolvida uma oficina relacionada sobre as questões étnicas raciais e adversidade cultural.
Essa exposição que os meninos realizaram tendo a África e a discriminação racial como tema contou com o apoio do Centro Cultural que cedeu o espaço para que as fotos fossem expostas para visitação pública. Em novembro do ano passado já desenvolvemos uma mostra aqui mesmo no CCB, denominada Casa Das Artes. Este ano estamos trazendo a exposição de fotografias, que teve a participação de três turmas diferentes de adolescentes na unidade, colocou Juliana Rosa.
A diretora ressalta que alguns menores entram na Fundação com aptidões artísticas e desenvolvem as atividades com mais facilidade. Outros iniciam um trabalho, passam a conhecer as técnicas e as oficinas e muitos nos surpreendem com a determinação, ? vontade e até a facilidade que eles têm de aprender, conta Juliana Rosa.
Um dos adolescentes que faz parte da oficina de fotografia, de 18 anos de idade, revelou que está aprendendo muito na entidade. É uma maneira da gente não ficar parado. Eu tomei gosto pela fotografia. Hoje na Fundação temos uma variedade grande de atividades e ficamos ocupados o dia inteiro. Isso é bom porque envolve todo mundo e é uma maneira de aprendermos algumas coisas, comentou o adolescente.
Outro adolescente entrevistado pela reportagem do {n}Acontece{/n}, com seus 17 anos, está se especializando na arte de panificação e quituteria. Aqui a gente aprende uma profissão para quando sair conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Quem não conhece pode ter uma imagem diferente da Fundação. Mas é aqui que muitos jovens como eu tem a oportunidade de se recuperar e ganhar uma nova vida, disse, fazendo o convite aos presentes para degustar os salgadinhos feitos pelos jovens da Fundação, enquanto presenciavam a exposição de fotos.
Outro dado interessante é que na Fundação CASA de Botucatu foi formado um grupo musical Tom Negro, que apresentou a música composta pelo grupo denominada Todos temos um pouco de África. Foi essa canção que deu origem ao nome da Mostra de Fotografia que está exposta no Centro Cultural e pode ser visitada pela comunidade. O grupo apresentou a música que tem uma letra bastante interessante.
Vamos a ela:
{n}O vento há muito tempo trazia a história
Sem glória, com tristeza e sofrimento
Mas os bantos, e quem veio de Togo, Benin e Angola
Em seus braços fortes não veio só dor nem apenas mão de obra
O que ontem era sofrimento hoje para nós é escola.
Agora o negro voa e com o vento a favor
Ele fala que é negro e eu digo também sou
Livre como passarinho me orgulho dessa cor
Todos temos um pouco de África
E eu canto também sou
Lamento, levou tanto tempo para descobrir
Agora, aprender com o passado e voltar a sorrir
Nos quilombos, aguentando firme o tronco e a chibata
Manteve vivo o mistério, beleza e riqueza de seus rituais
Pedaço da nossa cultura por algum tempo deixado pra trás
Agora não mais
Agora o negro voa e com o vento…etc…{/n}
Fotos: Valéria Cuter
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