Docente Marcos Gomes Nogueira colaborou na execução dos trabalhos de campo, análises laboratoriais de sedimentos marinhos e de identificação dos tipos de plástico.
O Professor Associado do Instituto de Biociências de Botucatu (IBB) da Unesp – Câmpus de Botucatu, Marcos Gomes Nogueira, contribuiu recentemente para uma pesquisa que avaliou a presença de microplásticos em peixes, água e areia de praias de Ubatuba (SP). Devido a relevância do estudo, os resultados foram publicados no último mês de junho no periódico científico Neotropical Ichthyology, destacando o grande impacto do tema para o meio ambiente. Detritos plásticos foram encontrados em todas as amostras de água e areia e aproximadamente 40% dos peixes analisados também estavam contaminados pela ingestão destes polímeros sintéticos.
Na etapa do estudo realizada no Laboratório de Ecologia do Setor de Zoologia do IBB, as pesquisas foram direcionadas para as análises laboratoriais de purificação e oxidação das amostras, triagem microscópica e determinação da identidade química dos polímeros – tipos de plástico. Água menos expostas à ação da maré (condição de estuário) apresentou maior concentração de microplásticos, sendo que o oposto ocorreu para areia.
A conexão de Marcos com o estudo se deu por sua colaboração no projeto de iniciação científica de seu filho, Esteban Jorcin Nogueira, sob orientação de George Mattox, do Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em conjunto com mais dois professores desta mesma universidade, Emílio Fernandes e Maurício Cetra. Nesta instituição e fase da pesquisa as análises foram direcionadas à ingestão de microplásticos pela espécie de peixe estudada, conhecida como peixe-rei, e que se distribui por praticamente toda a costa brasileira.
Os pesquisadores perceberam que os microplásticos eram de tamanho igual ou menor do que 1 mm e, além do tamanho, também houve classificação quanto à cor e forma. Fibras plásticas azuis e transparentes predominaram amplamente no ambiente. A identidade química predominante foi de polipropileno, amplamente utilizado em manufaturas industrializadas.
Neste sentido, os cientistas observaram que os microplásticos azuis, seguidos dos transparentes, também foram aqueles encontrados de maneira mais abundante no trato gastrointestinal dos animais, por serem confundidos com a cor da água e do alimento natural, o que induz à ingestão.
“Realizamos as coletas dos materiais nas estações de verão e de inverno, na água, areia e no peixe-rei, focando nos polímeros sintéticos, aqueles que não são encontrados na natureza de maneira natural, como os microplásticos. Percebemos, inclusive, uma relação entre tamanho do peixe e da partícula ingerida. Quanto maior o peixe, maior o plástico que ele consumia”, explicou o pesquisador Esteban Nogueira.
Os microplásticos no Brasil
Além do plástico em Ubatuba, diferentes praias do litoral norte paulista também sofrem com o lixo jogado e deixado à beira mar e a poluição marinha, ocasionada por grandes corporações. Copos, canudos e potes de plásticos, por exemplo, quando são jogados no meio ambiente, são degradados até virarem microplásticos, causando prejuízos para os animais, banhistas e a população do entorno.
De acordo com informações de 2024 do Jornal da USP, no Brasil, a taxa de reciclagem do plástico é de 1,3%, abaixo do nível mundial, que é de 9%. Além disso, o país ocupa a 4ª posição no ranking dos países que mais produzem lixo plástico do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia, cenário que mostra tanto para cientistas, como para toda a população, que este é o momento de olharmos para o meio ambiente, em seus mais diversos componentes, com mais cuidado e atenção.
Compartilhe esta notícia