
Filha relata que ele buscou ajuda médica várias vezes com sintomas graves. Paciente tinha histórico de problemas no coração. HCFMB informou que todas as condutas foram adotadas de acordo com o quadro clínico do paciente.

Uma moradora de Botucatu compartilhou uma história de dor e indignação ao relatar a morte do pai, ocorrida no dia 20 de julho. Segundo ela, falhas no atendimento médico podem ter contribuído para o desfecho trágico.
O paciente, que havia passado por cirurgia cardíaca há 10 anos, procurou atendimento em unidades de saúde da cidade várias vezes nas semanas que antecederam o falecimento — especialmente no Pronto-Socorro Adulto. A filha afirma que, apesar dos sintomas graves, como falta de ar, tontura e desmaios, o diagnóstico foi impreciso e os encaminhamentos, ineficazes.
Na primeira ida ao Pronto-Socorro Adulto, no início do mês, mesmo com quadro preocupante, o diagnóstico foi de asma, e foram prescritos medicamentos para essa condição — embora o paciente nunca tivesse histórico de asma, segundo a filha.
Nos dias seguintes, ele retornou à unidade com sintomas semelhantes. Foram realizados exames como eletrocardiograma e testes laboratoriais, mas ele foi liberado sem um diagnóstico conclusivo, conforme relata a família.
Em uma nova consulta, desta vez em um posto de saúde, o paciente sofreu mais um mal súbito e voltou ao Pronto-Socorro Adulto. A filha conta que pediu com insistência a transferência para o Hospital das Clínicas, buscando exames mais detalhados.
“Implorei para que meu pai fosse encaminhado para a Unesp, pois ele não estava bem. Os médicos disseram que não era um caso urgente”, relata.
Ela também criticou a demora no atendimento do SAMU nesse dia e apontou que os exames realizados foram incompletos.
Na ocasião, uma médica do Pronto-Socorro chegou a considerar que os sintomas poderiam estar relacionados à diabetes, receitando medicamentos. Também há no histórico de atendimento que ele estava tendo uma crise de labirintite, citou a filha. No entanto, na segunda-feira, 21 de julho, já em casa, o paciente sofreu um infarto fulminante diante da família, antes que qualquer exame mais aprofundado fosse feito.
Nessa dia, relata a família, o atendimento do SAMU foi ágil, e o pai foi levado para o HCFMB, mas não resistiu. No total foram 4 atendimentos. Para a filha, uma transferência mais rápida poderia ter salvado a vida do pai.
“Se tivessem dado a atenção que meu pai precisava, talvez ele ainda estivesse aqui. A Unesp teria detectado que ele estava tendo infarto, e talvez a história fosse outra”, desabafou, emocionada.
O que diz o Hospital das Clínicas
Procurado pela reportagem, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), que administra o Pronto-Socorro Adulto em conjunto com a Prefeitura, informou por nota que todas as condutas médicas foram adotadas de acordo com o quadro clínico do paciente.
Segundo o HCFMB, os critérios clínicos observados durante os atendimentos não indicaram necessidade de transferência para o Hospital das Clínicas. A instituição destacou ainda que o Serviço de Verificação de Óbito foi acionado e que o caso será apurado.
Compartilhe esta notícia“O HCFMB assegura que todas as condutas assistenciais foram cumpridas e reitera que se solidariza com a família neste momento, estando à disposição para qualquer esclarecimento”, diz trecho da nota oficial.