Graduada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, câmpus de Botucatu, Heloisa Rutigliano realizou seus objetivos profissionais com louvor. Atualmente, é docente do Department of Animal, Dairy & Veterinary Sciences, no College of Agriculture and Applies Sciences da prestigiosa Utah State University (USU), nos Estados Unidos. Desenvolve pesquisas na área de Imunologia e Fisiologia da Reprodução de Bovinos e leciona Imunologia, Fisiologia e Ética Veterinária. “Adoro meu trabalho”, afirma.
Seu sucesso foi mais uma vez ressaltado, com o recente recebimento do prêmio “Eldon J. Gardner” de professor do ano. A láurea é concedida anualmente pela USU como reconhecimento e promoção da excelência no ensino. Cada reitor das oito faculdades da USU indica um candidato a ser considerado e um comitê escolhendo o ganhador do prêmio.
O prêmio conquistado por Heloisa representa a consagração de uma trajetória marcada pela determinação, empenho, sólida formação, além de amor à Medicina Veterinária e ao ofício de lecionar.
Natural de Avaré (a 80km de Botucatu), Heloisa sempre gostou de animais e tinha desde a infância o sonho de ser médica-veterinária e trabalhar com bovinos. Além dos animais de estimação da sua casa, teve bastante contato com grandes animais numa propriedade rural da família. Na hora de escolher uma faculdade para cursar, a FMVZ/Unesp foi uma opção natural. “Além da reputação da Unesp ser indiscutível, eu sempre quis trabalhar com animais de produção, então a FMVZ era a faculdade dos meus sonhos”.
Dentre suas principais lembranças da FMVZ estão as experiências durante os plantões de final de semana no Hospital Veterinário. “Aprendi muito com aquelas práticas e fiz muitos amigos. As aulas de Anestesiologia, Doenças Infecciosas, Reprodução e Laboratório Clínico no Hospital Veterinário e as aulas de Fisiologia e Imunologia no Instituto de Biociências também deixaram lembranças marcantes. A minha turma era ótima, portanto, todas as lembranças que eu tenho foram, em parte, por causa da interação com meus colegas de classe e dos excelentes docentes da FMVZ. Sou da turma de 2003, e o fato da minha classe ser pequena foi positivo, pois hoje formamos uma comunidade que mantém contato assíduo até hoje”.
Heloisa destaca ainda a importância dos estágios. “Ainda me lembro de muitas das aulas a que eu assisti e das preciosas oportunidades de estágios no Hospital Veterinário e nas fazendas da região. Os estágios são fundamentais para a formação profissional em qualquer área do conhecimento. É o momento em que você fica diante do problema que requer solução. O fato de eu ter participado de vários e diversificados estágios, tanto durante o ano letivo quanto durante as férias, foi muito importante, pois ajudou a firmar minha preferência pela pesquisa e pelo ensino. Acho que o fato de a FMVZ planejar o quinto ano do curso dedicado a estágios, abre portas para infinitas opções, porque enseja a oportunidade de contatos profissionais e de experiência na área do interesse de cada um”.
Heloisa (de preto, na primeira fila) nos tempos de graduação, com os colegas de turma da FMVZ.
Ela destaca que por ser aluna da Unesp teve muitas portas abertas nos seus tempos de graduanda. “Quando fiz estágios durante a graduação, era comum me perguntarem em qual faculdade eu estudava e eu sempre notei que, depois de falar que era da FMVZ/Unesp, os professores ficavam mais interessados em me ensinar e em me atribuir responsabilidades”.
A FMVZ também foi importante para o início de sua carreira no exterior. “Quando estava organizando meus estágios de quinto ano, mencionei para o professor Sony Dimas Bicudo que eu adoraria fazer estágio com gado de leite nos Estados Unidos. Ele entrou em contato com um ex-aluno da Unesp de Botucatu, José Eduardo Portela Santos, professor na Universidade da Califórnia – Davis (UC Davis). Fui para Califórnia para ficar três meses e, no final desse prazo, ofereceram-me a oportunidade de eu voltar para fazer mestrado. Vim para o Brasil para a colação de grau e, depois de dois meses, retornei aos Estados Unidos para o mestrado em Saúde e Reprodução de Gado de Leite, sob orientação do professor Portela”.
Heloisa fez seu doutorado em Endocrinologia da Reprodução, orientada pelo professor Thomas Adams, também na UC Davis e seu pós-doutorado na Utah State University (USU) com o professor Christopher Davies, em Imunologia da Reprodução de Bovinos. Quando surgiu uma vaga para docente na sua área na USU, Heloísa se inscreveu e teve sucesso.
O gosto por lecionar foi despertado quando atuou como monitora de Reprodução Animal na UC Davis, em 2006. “Notei que me trazia muita satisfação ver meus alunos aprendendo. Minha mãe é professora e acho que o fato de eu ter crescido vendo a satisfação que ela sempre teve na sua profissão deve ter me influenciado”. O amor pela Medicina Veterinária também pesou. “Eu posso ser tendenciosa, mas, na minha opinião, Medicina Veterinária é uma das profissões mais bonitas que existem. Ninguém escolhe se tornar veterinário para ficar rico. As pessoas desejam ajudar os animais, cuidando da saúde e do bem-estar deles. Dar aula para alunos de veterinária é incrível. Eles estão ali porque realmente querem se dedicar a essa missão tão nobre”.
Em seu trabalho como docente, Heloisa acredita no aprimoramento constante.
“Aprendi muito com experiência de sala de aula e, sobretudo, com as oportunidades de aprimoramento profissional que tive. Além de participar de workshops e congressos em Educação, também faço parte de dois grupos de professores que se reúnem uma vez por mês para discutir métodos pedagógicos. Quando planejo meu ensino, mantenho o aprendizado dos meus alunos em mente. Eu me esforço para usar técnicas que os ajudarão não só a entender o material, mas também a reter esse conhecimento para que eles possam utilizá-lo no futuro. Não posso deixar de citar os laços de confiança, solidariedade e compreensão que são tão importantes na relação professor-aluno. Assim, o ensino da Medicina Veterinária deixa de ser apenas a colocação de postulados da ciência, mas adquire status da arte de conviver, de entender o outro e de respeitar a alteridade, atributos fundamentais no ambiente de ensino”.
Para os estudantes que têm o objetivo de fazer uma carreira profissional no exterior, a professora dá dicas importantes, começando pela necessidade do domínio da língua do país para o qual se deseja ir.
“Fiz aulas de inglês por alguns anos durante o Ensino Médio. Achava que meu inglês era razoável quando eu vim morar nos Estados Unidos, mas, quando cheguei aqui sozinha, vi que meu domínio da língua ainda deixava a desejar. O que me ajudou bastante foi me inserir na cultura e me forçar a falar e estudar em inglês”. Esforço e trabalho árduo também são recomendados.
“Eu não negava nenhuma oportunidade de ajudar alguém, de aprender e de participar de práticas veterinárias. Acho que isso me ajudou a abrir muitas portas, tanto no ramo profissional, quanto no pessoal”.
Por fim, Heloisa destaca a necessidade de cuidar da saúde mental.
“É importante fazer amizades para formar uma comunidade no novo país, já que nos dispusemos a ficar longe da família e dos amigos. É fundamental ter hobbies, fazer atividade física, relacionar-se bem no ambiente de trabalho e buscar ajuda quando preciso. Sem dúvida, as saudades e o sentimento de solidão, às vezes, surgem. Nessas horas, nada como uma atividade física ou um encontro com os novos amigos. O isolamento deve ser evitado. Em ambiente universitário, lidamos não só com americanos, mas com pessoas do mundo inteiro as quais passam pelas mesmas carências que você. Assim, fiz amizade com russos, alemães, colombianos, equatorianos, chineses, italianos, indianos, entre outros. Só posso dizer que essa experiência é afetiva e culturalmente enriquecedora”.
Por FMVZ/Unesp
Fotos: Bronson Teichert
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