
1º Encontro Virtual sobre Elasmobrânquios reuniu especialistas do Brasil e do exterior para abordar avanços científicos, desafios ambientais e estratégias de proteção de espécies marinhas

Com o objetivo de promover a divulgação científica e ampliar o debate sobre a conservação dos elasmobrânquios (grupo que reúne tubarões e raias), o Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu (IBB) realizou entre os dias 21 e 23 de julho o ‘ElasmoTalks – 1º Encontro Virtual sobre Tubarões e Raias’.
O evento reuniu especialistas de diferentes instituições do Brasil e do exterior para discutir os avanços e os desafios relacionados à biodiversidade de tubarões e raias, com destaque para temas como reprodução, genética, ecologia, pesca, captura acidental, comércio ilegal e contaminação.
Totalmente online e com emissão de certificado para os participantes, o encontro teve uma programação distribuída em três noites, somando mais de nove horas de conteúdo. Ao todo, o evento contou com 172 inscritos, evidenciando o interesse da comunidade acadêmica e de profissionais da área em aprofundar os conhecimentos sobre a conservação desses animais.
Para a professora Vanessa Paes da Cruz, docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Zoologia do IBB, do Laboratório de Biologia e Genética de Peixes, uma das organizadoras do evento, o ElasmoTalks reforça a importância de reunir referências nacionais e internacionais na pesquisa com elasmobrânquios em um evento on-line e gratuito. “Durante três noites, contamos com palestras nacionais e internacionais que abordaram temas centrais como reprodução, taxonomia, genética, fisiologia e pesca de tubarões e raias. As discussões foram ricas, atuais e, acima de tudo, integradoras, refletindo o interesse crescente e a diversidade de olhares sobre esse grupo fascinante”, afirmou.
A abertura das palestras contou com a participação de Getulio Rincon, Professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que abordou os novos caminhos no estudo da reprodução de tubarões e raias. Em seguida, Fabio Motta, Docente no Departamento de Ciências do Mar da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), refletiu sobre o papel da ciência cidadã, da co-construção do conhecimento e da justiça social na conservação desses animais. Ainda na primeira noite, Otto Gadig, Professor Assistente Doutor da Universidade do Instituto de Biociências da UNESP, Campus do Litoral Paulista, apresentou um panorama da biodiversidade brasileira de elasmobrânquios, com base em sua longa trajetória de pesquisa na área.
A segunda noite concentrou as discussões em torno da genética e das tecnologias aplicadas à conservação. Maria Lúcia Góes, docente na Universidade Federal de Sergipe (UFS), compartilhou sua experiência na construção de políticas públicas voltadas à preservação de raias de água doce. Na sequência, Paola Palacios-Barreto, mestre em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Ciências do Mar e Limnologia da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) e membro da Fundação Squalus, uma organização colombiana dedicada à pesquisa e conservação de tubarões e raias, apresentou um estudo sobre genética populacional de espécies de raias no Atlântico Ocidental. Encerrando o segundo dia, Ingrid Bunholi, Doutoranda em Ciências Marinhas no Marine Science Institute da Universidade do Texas em Austin, discutiu o potencial do DNA ambiental como ferramenta para monitoramento e proteção de ambientes marinhos.

No terceiro e último dia do evento, os impactos humanos sobre tubarões e raias foram o foco das discussões. Marcela Alvarenga, Doutoranda em Biodiversidade, Genética e Evolução na Universidade do Porto/Portugal, falou sobre o uso do DNA na identificação de espécies envolvidas no comércio ilegal de produtos derivados de elasmobrânquios. Na sequência, Fábio Porto-Foresti, Professor na UNESP – Campus de Bauru, abordou casos reais de apreensão de cargas em aeroportos, ressaltando a importância do controle genético em ações de fiscalização. Por fim, Natascha Wosnick, Professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), encerrou a programação com uma apresentação sobre os avanços urbanos e tecnológicos e seus potenciais impactos em predadores marinhos, na palestra intitulada “Sharks and the city”.
Para a professora Vanessa, o evento foi um verdadeiro sucesso, promovendo uma conexão internacional em torno da pesquisa com elasmobrânquios. “Mais do que um encontro científico, o ElasmoTalks foi um espaço dinâmico de troca, colaboração e fortalecimento da rede de pesquisadores e entusiastas que compartilham o compromisso com o estudo e a conservação dos elasmobrânquios. Foi uma enorme alegria ver a ciência circulando de forma acessível, conectando saberes, pessoas e realidades diferentes em prol de um mesmo propósito”, concluiu a docente.
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