
Pesquisa mostra que pessoas com 50 anos ou mais têm melhor resposta ao tratamento e menos falhas na terapia contra o vírus

Uma pesquisa desenvolvida pela mestre Pietra Vivian Stanicki, do Programa de Pós-Graduação em Doenças Tropicais da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/Unesp), revela que idosos vivendo com HIV apresentam melhores resultados no tratamento antirretroviral (TARV) em comparação com adultos mais jovens. O trabalho foi orientado pelo Prof. Dr. Alexandre Naime Barbosa e coorientado pela Profa. Dra. Karen Ingrid Tasca, e já foi aceito para publicação em uma revista científica internacional de alto impacto.
Intitulado “Avaliação da Efetividade do Tratamento Antirretroviral em Idosos Vivendo com HIV/Aids”, o estudo analisou, entre 2021 e 2023, 1.018 pacientes acompanhados no Serviço de Ambulatórios Especializados de Infectologia “Domingos Alves Meira” (SAEI-DAM) – unidade da Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar (Famesp). Os participantes foram divididos em dois grupos: idosos (com 50 anos ou mais) e adultos mais jovens (com menos de 50 anos).
Os dados mostraram que as pessoas com 50 anos ou mais tiveram melhores resultados com o tratamento: a maioria conseguiu controlar o vírus no sangue (89,8%, contra 83,3% entre os mais jovens) e apresentou menos casos de falha virológica (2,5% contra 10,1%). Além disso, houve melhor recuperação do sistema imunológico, especialmente entre aqueles que usavam combinações de medicamentos mais simples e modernos, como lamivudina (3TC) com dolutegravir (DTG) ou darunavir com ritonavir (DRV/r).
O professor Alexandre Naime Barbosa, infectologista, diretor de assistência do SAEI-DAM e orientador da pesquisa, afirma que o estudo traz evidências inéditas no Brasil e aponta para uma mudança significativa no perfil das pessoas vivendo com HIV. “Mais de 50% dos pacientes atendidos no nosso serviço de referência já têm 50 anos ou mais”, destaca. Para ele, esse dado, além de surpreendente, é positivo: “Mostra que as pessoas estão vivendo mais com a infecção, o que é fruto da efetividade do tratamento.”
Naime ressalta ainda que os resultados obtidos entre os idosos superaram as expectativas. “Eles não apenas são a maioria, mas também têm apresentado melhores desfechos terapêuticos”, afirmou. Ele defende que esses achados reforçam a importância da adesão ao tratamento e da eficácia dos esquemas antirretrovirais modernos e simplificados. “Precisamos voltar o olhar para o envelhecimento com HIV, um fenômeno crescente no Brasil que exige estratégias de cuidado cada vez mais específicas.”
A agora mestre Pietra Vivian Stanicki, primeira autora do trabalho, destaca que o estudo observou uma efetividade superior da TARV nos idosos, mesmo em um contexto de polifarmácia, onde o uso simultâneo de diversos medicamentos poderia representar um desafio adicional. “Os resultados confirmam a segurança e a eficácia dos regimes simplificados, com menores índices de falha terapêutica e uma resposta imunológica consistente”, explicou.
Ela lembra que o envelhecimento das pessoas com HIV traz novos desafios, como a manutenção da qualidade de vida e o manejo de comorbidades. “Nas próximas etapas, pretendemos investigar marcadores inflamatórios, realizar genotipagens e aprofundar o entendimento sobre as necessidades dessa população”, finalizou.
Assessoria de Comunicação e Imprensa ACI/FMB
Compartilhe esta notícia