Conheça os benefícios do consumo do feijão como alternativa à proteína animal

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Conheça os benefícios do consumo do feijão como alternativa à proteína animal 12 agosto 2020

Item ficou na 16º posição no ranking do valor da produção agropecuária do estado de São Paulo, com R$ 1,108 bilhão

O Brasil é um dos maiores consumidores de feijão do mundo, hábito que se intensificou durante a quarentena, segundo informações da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Em um período no qual grande parte da população passou a consumir alimentos preparados em casa, o produto ganhou espaço como alternativa à proteína animal, o que se revelou uma ótima opção, pois, de acordo com pesquisadores, o feijão oferece o menor uso de recursos naturais por quilo de proteína entregue, além de ser rico em fibras, prevenir doenças cardiovasculares e ajudar no controle da anemia.

Ao todo, podem ser encontrados cerca de 15 tipos, mas o carioca tem a preferência de mais de 60% dos consumidores. Por isso, a variedade ocupa quase metade da área plantada no país. Outros 20% são dedicados ao cultivo do feijão preto, bastante consumido no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul e leste do Paraná, Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito Santo, e, para o preparo de feijoada, no restante do Brasil.

Pouco mais de 30% da área são destinados as outras variedades, entre as quais: fradinho (também conhecido como feijão-de-corda), caupi, macaça (quando os grãos estão frescos é chamado de feijão-verde), vermelho, mungo (quando germinado, moyashi), branco, tigre e rosinha.

Produção

Em 2019, foram produzidas no país 2.929 mil toneladas, sendo que os estados do Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso concentram as maiores áreas destinadas à cultura. Em São Paulo, que figura na quinta posição no ranking, a cultura está presente em toda extensão, mas se concentra nas regiões de Avaré e Itapeva, que respondem por mais de 62% da produção, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola, instituição de pesquisa vinculada à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (IEA/Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado.

Diariamente no prato das famílias paulistas, o feijão perdeu espaço para outras culturas. Nos últimos dez anos, 22.321 hectares foram dedicados ao cultivo de outros produtos no estado. No entanto, a produtividade obtida pela utilização de cultivares mais adequados e a adoção de novas tecnologias fez com que a produção aumentasse quase 40% neste período.

Desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC/Apta), na década de 1960, o feijão carioca permanece em processo de melhoramento até a atualidade e foi o tipo mais licenciado aos produtores de sementes ao longo do período de 2010 a 2019.

“No total, foram 1.458,2 toneladas de sementes autorizadas para semeadura somadas as diversas cultivares IAC”, afirma Luiza Maria Capanema Bezerra, pesquisadora do IAC responsável pela pesquisa realizada para aferir a eficácia na transferência de tecnologias relacionadas ao grão de feijão.

De acordo com o estudo, entre 2010 e 2019 foram autorizados os plantios de 1.670,8 toneladas de sementes dos três tipos de feijão – carioca, preto e rajado. As empresas recebem do IAC as sementes genéticas, que carregam a garantia das características agronômicas obtidas na pesquisa, como resistência a pragas e doenças, produtividade e qualidades nutricionais. Após multiplicar, essas empresas transferem esses materiais aos agricultores.

As três principais cultivares transferidas para Goiás foram: IAC Imperador, IAC Milênio e IAC Formoso, todos do tipo carioca. Em Minas Gerais, destacaram-se IAC Milênio, IAC Imperador e IAC Netuno – este último é feijão preto. Estas três também foram as mais demandadas no Paraná.

Transferência

A maior concentração em transferência ao setor produtivo de cultivares do tipo comercial carioca reflete o padrão de consumo da população brasileira, que prefere esse grão. As cultivares do tipo carioca estão na 42ª geração, com pacote tecnológico que reúne alto potencial produtivo, resistência a pragas e doenças, tamanho de grão, tempo de cozimento, valor nutricional e aceitabilidade comercial.

A partir de 2016, o IAC adotou uma estratégia de diversificação de seu portfólio de tecnologias de feijoeiro com o objetivo de oferecer tipos comerciais diferentes do carioca, como preto e rajados. A proposta é disponibilizar grãos que tenham oportunidades também no mercado externo, a exemplo do IAC Nuance com grãos rajados tipo Cranberry, e a cultivar IAC Tigre, com grãos rajados tipo Pinto Beans, um tipo americanizado, consumido no México, Canadá e Europa.

A programação científica no IAC está atenta às preferências de consumo e às tendências mercadológicas no Brasil e no exterior, considerando variabilidade de tipos, qualidade, nutrição e preço. Estão em fase de final de desenvolvimento no Instituto Agronômico cultivares de feijão do tipo Nave beans, com grão pequeno e branco, e o Small Red, com grão vermelho.

Atender o mercado externo traz desafios às instituições de pesquisa e à indústria alimentícia na cadeia de produção do feijão. “É preciso oferecer continuamente soluções tecnológicas capazes de fomentar a inovação”, diz Luiza.

Comercialização

Um dos responsáveis em fazer a ponte entre o laboratório e o campo, Eliseu Aires de Melo,  diretor da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) Regional Avaré, maior região produtora no estado, afirma que as cultivares mais plantadas na região são: Dama e BRS Estilo e entre as cultivares do IAC,  a Netuno (grupo preto) e Sintonia (grupo carioca).

“Os produtores da região têm o perfil de médio a grandes, pois a cultura é bastante tecnificada, exigindo investimentos maiores e, portanto, tornou-se inviável aos pequenos produtores”, explica Eliseu. Segundo ele, os produtores da região encontraram um nicho de comercialização porque conseguem antecipar a colheita em relação aos outros estados produtores, como Mato Grosso e Paraná, conseguindo dessa forma negociar melhores preços, por dispor do produto fora do período de maior concorrência.

Outra importante vantagem é que, antecipando o plantio e, consequentemente, a colheita os produtores minimizam a ocorrência de pragas, como a mosca-branca, grande problema nas lavouras de feijão.

“Os produtores concluíram ser preferível correr o risco de geadas na época de colheita do que correr o risco de a lavoura ser atacada pelo inseto”, afirma Eliseu dizendo ser “um risco controlado, principalmente nas lavouras irrigadas, e que tem dado certo ao longo dos anos, garantindo uma boa lucratividade”, completa.

Plantio

As épocas de plantio vão de julho a setembro, concentrada em 80% de 15 de julho a 15 de agosto, com colheitas de outubro a dezembro. E a segunda época vai de janeiro a março, com colheitas de abril a junho.

“A segunda época é restrita a altitudes acima de 650 metros por causa da ocorrência da mosca-branca”, explica o engenheiro agrônomo Rubens Yamanaka, diretor do Núcleo de Produção de Sementes de Avaré, unidade vinculada ao Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes da CDRS.

A produtividade média da cultura irrigada é de 60 sacas/hectare, segundo Simon Veldt, presidente da Cooperativa Agroindustrial de Holambra, que concentra grande números de produtores de feijão na região.

Visita técnica

Gustavo Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, visitou em 6 de agosto a sede das indústrias Kicaldo, única marca de feijão que está presente em todo o Brasil. Com distribuição de mais de 20 toneladas por mês, a empresa prima pelo alto padrão de qualidade na seleção dos grãos, produção com tecnologia de última geração, através de processos 100% automatizados.

A unidade de Barueri é a mais moderna indústria com a maior capacidade de produção de feijão do país. “Nosso mote é a saudabilidade. Toda nossa linha é focada na geração de saúde à população”, afirmou Mauro Bortolanza, diretor-geral da empresa.

“Durante a pandemia não paramos, nosso volume de comercialização inclusive aumentou. Nenhum dos nossos colaboradores ficou doente. Não demitimos ninguém e seguimos contratando novos profissionais”, concluiu o empresário.

Ao longo da pandemia foram doadas 80 toneladas de feijão, explicou Mauricio Bortolanza, gerente comercial da empresa e membro da Câmara Setorial de Feijão da Secretaria. Nesse período, os supermercados instavam para que não faltasse o produto nas prateleiras. “A Kicaldo cuidou da distribuição e abastecimento de todos seus parceiros. Não faltaram produtos da marca para consumo durante pandemia,” ressaltou.

Apoio

O secretário Gustavo Junqueira destacou as ações da pasta para evitar que houvesse desabastecimento em São Paulo e para ajudar os produtores a escoar a produção. Além dos projetos que estão sendo idealizados para ajudar o setor a se organizar durante a pandemia, o secretário destacou a criação do site Abastecimento Seguro.

A iniciativa busca fornecer informações aos consumidores e caminhoneiros sobre as estradas (localização e situação dos postos de combustíveis e condição das vias) e funcionamento dos serviços gerais de abastecimento, além da parceria para a distribuição gratuita, sem taxa de adesão ou de mensalidade, de 25.850 adesivos eletrônicos (tags) para o pagamento de pedágios nas rodovias do estado aos caminhoneiros.

O feijão é importante para a economia de São Paulo – prova disso é que ficou na 16º posição no ranking do valor da produção agropecuária do estado, com R$ 1,108 bilhão. Segundo o secretário, a cultura tem grande potencial e continuar aumentando a produção sem alterar a área destinada ao cultivo, basta continuar investindo em tecnologias que melhorem cada vez mais a produtividade.

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