Cemitérios deverão receber 10 mil pessoas no Finados

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Cemitérios deverão receber 10 mil pessoas no Finados 01 novembro 2010

Nesta terça-feira (3) quando se comemora o Dia de Finados, os cemitérios Portal das Cruzes e Jardim deverão receber, algo em torno, de 10 mil visitantes. Durante a semana passada familiares compareceram no Portal para limpeza nos jazigos e enfeites com flores para lembrar os mortos.

No Cemitério Jardim, onde estão sepultadas 7.500 pessoas, esse trabalho de limpeza não se faz necessário, já que não é permitida a elevação de estruturas dos túmulos com paredes de tijolos e os corpos são sepultados em galerias, no chão.

Já o Portal da Cruzes com 58.060 sepultados (até a tarde desta segunda-feira – 1º de novembro) em 6.400 jazigos, mantém a tradição das grandes estruturas de tijolos, concreto, mármore e bronze, deixa o cemitério parecendo uma cidade. Por isso que muitos chamam o Portal da Cruzes de Cidade dos Mortos (foto).

E é no Portal onde estão sepultadas as pessoas que fizeram parte da história de Botucatu e na administração estão registrados fatos muito curiosos desde que o cemitério foi inaugurado. Um dos fatos curiosos é o sepultamente em série de dezenas de pessoas que ano de 1918, contraíram a gripe espanhola.

Outra curiosidade é jazigo da camponesa Ana Rosa que nos anos 1890 foi brutalmente assassinada pelo seu marido Francisco, conhecido como “Chicuta”. O seu jazigo é o mais visitado todos os anos e nele existem centenas de placas de bronze de agradecimentos feitos por pessoas que asseguram que através de promessas e orações feitas a Ana Rosa conseguiram milagres.

{n}Um pouco do Portal das Cruzes{/n}

Atualmente com 58.060 pessoas sepultadas o Cemitério Portal das Cruzes foi aberto para enterramentos em 25 de agosto de 1893. O primeiro corpo sepultado foi de um bebê com apenas 17 dias de vida, chamado Benecdito Pereira da Silva.

Até o advento da República, em 1889, católicos e presbiterianos mantinham seus próprios cemitérios. Com a separação entre Igreja e Estado, fato advindo após a proclamação, o primeiro governo republicano, estimulou os municípios no sentido de que as necrópoles espelhassem a nova realidade.

Em Botucatu, o antigo cemitério católico localizava-se na confluência da Marechal Deodoro e General Telles, ocupando todo o espaço onde se instalou o Fórum da Comarca (hoje desativado), nos fundos da antiga Matriz. O cemitério presbiteriano, por sua vez, estava estabelecido na Boa Vista.

Essas duas necrópoles viram encerrar suas atividades, aos poucos, ? partir do momento em que o Portal das Cruzes foi entregue, isto em 1893. Porém, ambos, foram desativados somente anos depois.

O cemitério Católico finou-se quando funcionários da municipalidade, em 1899, promoveram o translado dos despojos que restaram após o prazo dado pelo intendente Ferraz de Sampaio. O presbiteriano, por sua vez, foi desativado em 1906, quando a Mesa Synodal anunciou que passaria a usar o Portal das Cruzes.

{n}As valas comuns {/n}

Alguns mistérios cercam os 107 anos de existência do Portal das Cruzes. Um deles diz respeito ? localização de valas comuns, criadas para comportar transferências de ossadas, logo após a desativação de outros sítios funerários.

Pelo menos três (3) delas foram abertas e receberam enterramentos coletivos. A primeira vez que isso ocorreu foi em 1899, quando por determinação do intendente Rafael Ferraz de Sampaio, funcionários da Câmara derrubaram os muros do Cemitério Católico e transferiram as ossadas ali restantes.

Em seguida foi a vez dos restos depositados na Praça do Bosque, em cemitério dos fundos da antiga matriz. Eram poucos, mas permaneceram ali até 1902, quando a municipalidade resolveu criar um jardim no local do primeiro centro administrativo.

Em 1906, com a desativação do Cemitério Presbiteriano da Boa Vista, também foram feitas novas transferências ao Portal das Cruzes. Em todos esses casos os despojos não reclamados foram lançados em valas comuns, cujos locais permanecem ignorados. Também foram lançados ao solo, também em vala comum – a quarta identificada – despojos que lotavam o único ossário existente no Portal das Cruzes.

Fotos: Valéria Cuter

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