Botucatuense Junior Torres de Castro foi a única pessoa no mundo a ter um satélite em órbita

Geral
Botucatuense Junior Torres de Castro foi a única pessoa no mundo a ter um satélite em órbita 14 fevereiro 2025

A filha dele recebeu uma homenagem nesta semana, por sua contribuição à história espacial brasileira

O botucatuense Junior Torres de Castro, reconhecido por ser o único no mundo a ter um satélite particular em órbita, foi homenageado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) durante a cerimônia de comemoração dos 31 anos da instituição. O evento ocorreu no dia 12 de fevereiro de 2025 e contou com a presença de sua filha, Lia de Castro, que representou o pai na solenidade.

“Certamente ele deve estar orgulhoso por esta homenagem, eu e meus oito irmãos também estamos. Desejo que outros grandes homens como meu pai surjam pelo bem da ciência, sua maior paixão sempre foi o espaço. Finalizo lembrando que ele sempre gostava de ser chamado de caipira de Botucatu”, disse Lia durante seu discurso.

Junior Torres de Castro, também conhecido pelo indicativo de radioamador PY2BJO, foi um dos nomes mais importantes do radioamadorismo no Brasil. Ele se destacou por seu pioneirismo e inovações tecnológicas na comunicação via satélite, deixando um legado inestimável para a história espacial brasileira.

A homenagem aconteceu durante uma transmissão ao vivo no canal da AEB no YouTube, onde foram relembradas suas contribuições ao setor aeroespacial e à comunicação via radiofrequência. Diversos especialistas e entusiastas do radioamadorismo ressaltaram a importância de seu trabalho para o desenvolvimento das telecomunicações e das ciências espaciais no país.

Para aqueles que desejam conhecer mais sobre a trajetória de Junior Torres de Castro e assistir à cerimônia de homenagem, a AEB disponibilizou o vídeo do evento em seu canal oficial. Confira nos links abaixo:

Única pessoa a lançar seu próprio satélite

Falecido no dia 17 de janeiro de 2018, aos 85 anos, o geofísico botucatuense Júnior Torres de Castro foi um visionário que conquistou reconhecimento internacional ao se tornar a primeira pessoa física a lançar um satélite próprio. Natural de Botucatu, ele foi o criador do DOVE-OSCAR 17, equipamento que completou recentemente 28 anos de seu lançamento e se tornou o primeiro satélite brasileiro dedicado ao radioamadorismo.

Uma carreira brilhante

Formado em engenharia elétrica pela USP e engenharia eletrônica pela Columbia University, Castro também fez mestrado em geologia e geofísica na Suécia, além de doutorado em física. Sua estabilidade financeira veio com uma empresa do ramo de perfuração de poços artesianos. No entanto, seu verdadeiro sonho estava na radioamadorismo e na exploração espacial.

A inspiração e a busca pelo sonho

O desejo de lançar um satélite nasceu em 1957, quando, aos 24 anos, ele captou os sinais do Sputnik, primeiro satélite lançado pela União Soviética. Movido por essa paixão, participou de congressos e cursos nos Estados Unidos e Europa, enfrentando desconfiança no início, mas ganhando respeito na comunidade científica com o tempo.

Duas décadas depois, Castro criou o Little Brick (Tijolinho), primeiro modelo do seu satélite, que, apesar de funcional, não suportaria a pressão atmosférica. Ainda assim, o projeto lhe garantiu reconhecimento em um congresso na The University of Utah, onde obteve apoio para seguir com seu sonho.

O lançamento histórico do DOVE

Com aval da comunidade científica e apoio de fabricantes de equipamentos espaciais, ele conseguiu construir o DOVE, um microssatélite de 23 cm de largura e comprimento, por 21 cm de altura, e quase 13 kg. O lançamento ocorreu em 21 de janeiro de 1990, a partir da base espacial de Kourou, na Guiana Francesa.

Entre as funcionalidades do DOVE estava uma transmissão especial de mensagens de crianças do mundo todo clamando pela paz. Uma delas, de um pequeno vietnamita, dizia: “Eu nasci e cresci no meio da guerra. Vi a violência e muita gente morrendo. Senti medo, muito medo. Não queria ver o ódio nunca mais. O que eu quero é que a humanidade viva em paz”.

O nome DOVE, que significa “pomba” em inglês, refletia essa mensagem de harmonia. Sua operação estava prevista para seis anos, mas seguiu ativo até 1998, quando sofreu uma avaria no computador de bordo. O feito garantiu a Castro notoriedade, levando-o a ser convidado pela NASA para acompanhar o lançamento do ônibus espacial Atlantis. Seu trabalho em prol da paz fez dele um dos poucos brasileiros cotados para o Prêmio Nobel da Paz.

Mais do que um cientista brilhante, Júnior Torres de Castro foi um sonhador que transformou sua paixão em legado, deixando sua marca na história da exploração espacial brasileira e mundial.

Compartilhe esta notícia
Oferecimento
Dengue 2025
Oferecimento