
Do altar à separação: veja o que os dados do IBGE revelam sobre Botucatu

Botucatu tem uma média anual de 933 casamentos, segundo estimativa atualizada com base nos dados de 2023 do IBGE. O número confirma a retomada gradual das uniões oficiais após a queda registrada durante a pandemia.
Entre os anos de 2014 a 2019, o município se manteve consistentemente acima da marca dos mil matrimônios por ano. Com a chegada da pandemia, em 2020, esse volume despencou para cerca de 600 casamentos, reflexo direto das restrições sanitárias e do fechamento temporário de cartórios.
A recuperação começou em 2022, quando Botucatu voltou a se aproximar da média histórica, com 980 casamentos registrados naquele ano.
Nos rankings do IBGE, Botucatu ocupa atualmente a 158ª posição entre os 5.570 municípios brasileiros em volume de casamentos, e a 48ª colocação no estado de São Paulo, que tem 645 cidades.
Divórcios
Por outro lado, o número de divórcios também chama a atenção. A média anual gira em torno de 473 separações oficiais. Em 2020, no entanto, o índice explodiu para quase 700 casos, sinalizando o impacto emocional e social da pandemia nas relações conjugais.
Em 2022, esse número foi de 510 divórcios registrados. Com isso, Botucatu figura na 125ª posição nacional e na 46ª no estado quando o assunto é dissolução de casamentos.
A Psicóloga Karin Cegielkowski faz uma reflexão entre casamentos e separações: o que os vínculos revelam sobre nós?
Botucatu aparece entre as cidades com maior número de casamentos — e também de divórcios. Esse dado, por si só, já nos convida a pensar: o que está acontecendo com os vínculos afetivos?
A pandemia foi um ponto de virada para muitos casais. O isolamento e a convivência forçada colocaram as relações em evidência. O que antes era sustentado pela rotina, pelo hábito ou pela presença social do outro, passou a ser confrontado por um tempo de silêncio e de convivência intensa. Para muitos, foi inevitável olhar para o relacionamento com mais profundidade. Na abordagem existencial, entendemos que os vínculos são atravessados por escolhas e pela responsabilidade de sustentar ou refazer caminhos. Muitas pessoas perceberam que viviam relações que já não faziam mais sentido, e a separação foi, nesse contexto, uma forma de retomar a própria autenticidade.
Esses dados refletem tanto as mudanças de comportamento social quanto os impactos de eventos recentes como a pandemia, que alteraram rotinas familiares e provocaram mudanças significativas nas dinâmicas de relacionamento.
Não se trata apenas de um fim, mas de um movimento de busca por coerência interna. Em um mundo marcado por pressa e desempenho, os relacionamentos também passaram a exigir sentido — e não apenas presença. Hoje, mesmo com os números de divórcios começando a se estabilizar, permanece o sinal de alerta: é preciso olhar com verdade para o que se vive a dois. E quando for necessário, buscar ajuda profissional, seja para reconstruir o vínculo, seja para encerrá-lo com respeito. Separar-se pode ser doloroso, mas permanecer em algo que nega quem se é, custa ainda mais caro. O maior compromisso, em qualquer relação, continua sendo com a verdade de cada um, analisa Karin Cegielkowski.
Cenário nacional
Ainda segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em 2023, o número de casamentos registrados foi de 940,8 mil/ano, representando um recuo de 3% em relação a 2022. As Estatísticas do Registro Civil contabilizaram 440,8 mil divórcios, número 4,9% maior que em 2022.
A maior redução de casamentos se concentrou na Região Sudeste (-5,0%). Já em relação aos divórcios, as regiões Centro-Oeste e Norte apresentaram as maiores variações, de 16,8% e 13,1%, respectivamente.
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