19 de abril: Botucatu e os povos indígenas – raízes que moldaram a história da cidade

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19 de abril: Botucatu e os povos indígenas – raízes que moldaram a história da cidade 19 abril 2025

Região já foi território de tribos como Caiuás, Caingangues e Oitis, além de ser berço dos irmãos Villas Bôas, defensores históricos dos povos originários

Povo Caingangue

Neste 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, Botucatu tem muitos motivos para refletir sobre a influência dos povos originários em sua formação. A começar pelo próprio nome da cidade: Botucatu vem do tupi Ibytu-katu, que significa “bons ares”, numa referência direta à geografia local e aos ventos característicos da região.

Antes da chegada dos colonizadores, o território onde hoje está o município era ocupado por diferentes etnias indígenas. O povoamento efetivo começou nas imediações do Ribeirão Lavapés e da atual Praça Coronel Moura, área onde vivia parte da tribo dos índios Caiuás.

Na zona rural, também há registros históricos dos Caingangues, especialmente na região do Lageado, onde foram encontrados artefatos cerâmicos atribuídos a esse povo. Já os Oitis viviam nas margens do Rio Bonito e também marcaram presença no território botucatuense.

Outro ponto curioso é que a região era cortada pelo antigo Caminho do Peabiru, rota indígena que ligava o litoral atlântico ao interior do continente, chegando até os Andes. Ponto turístico atual, as Três Pedras podem ter servido como referência para os indígenas que cruzavam esse caminho ancestral.

Irmãos Villas Bôas

Além disso, Botucatu se destaca por ser a terra natal dos irmãos Villas Bôas – Orlando, Cláudio e Leonardo – que dedicaram suas vidas à causa indígena e foram os idealizadores do Parque Indígena do Xingu, o primeiro do Brasil.

Orlando Villas Bôas (1914–2002)

  • Nascido numa fazenda de café em Botucatu, filho de fazendeiros.
  • Trabalhou em escritório de advocacia, no Exército e na área contábil da Esso.
  • Participou da Expedição Roncador-Xingu, em 1943.
  • Optou por uma abordagem de respeito aos povos indígenas, contrariando a lógica violenta da época.
  • Inspirado por Marechal Rondon: “Morrer se for preciso; matar nunca.”
  • Formou líderes indígenas como o cacique Aritana.
  • Coautor de livros como Xingu: os índios, seus mitos (1971) e Índios do Xingu (1972).
  • Atuou com os irmãos na criação do Parque Indígena do Xingu.

Cláudio Villas Bôas (1916–1998)

  • Também nascido em Botucatu.
  • Chefe da vanguarda da Expedição Roncador-Xingu.
  • Atuou no território xavante e se estabeleceu no posto Diauarum.
  • Liderou expedição aos rios Cururu e Creputiá (1957–58).
  • Pacificou diversas tribos: juruna, caiabi, txucarramãe, suiá, txicão e crenacarore.
  • Coautor com Orlando das obras Xingu: os índios, seus mitos e Índios do Xingu.
  • Participou da fundação e estruturação do Parque do Xingu.

Leonardo Villas Bôas (1918–1961)

  • Nascido em Botucatu, como os irmãos.
  • Participou da Expedição Roncador-Xingu e morou no posto Jacaré, no Alto Xingu.
  • Fundou posto no Alto Kuluene, mas adoeceu e precisou deixar o sertão.
  • Pacificou os índios xicrin (ramo caiapó) no sudoeste do Pará.
  • Participou da Operação Bananal (1960), no governo JK.
  • Foi chefe da base xavantina.
  • Morreu jovem, aos 43 anos, de miocardite reumática.

O Dia dos Povos Indígenas, portanto, vai muito além de uma data simbólica para Botucatu. É um chamado à valorização da memória, do respeito à diversidade e ao reconhecimento de quem esteve aqui muito antes de tudo. Uma história que merece ser contada e honrada.

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