Definitivamente, Ademir Pelícia, mais conhecido como “Foguinho” não poderia ficar fora da fila dos grandes craques do futebol de Botucatu. Nascido na Fazenda Lageado, onde passou sua infância e deu seus primeiros chutes como jogador no Clube Atlético Lageado.
Aos 13 anos, já atuando pela Associação Atlética Ferroviária (AAF) disputou o Campeonato Infantil ao lado de Zé Maria que se sagraria tri-campeão pela Seleção Brasileira em 1970 e um dos maiores jogadores da história do Sport Clube Corinthians Paulista. Os dois iam e vinham a pé treinar na Ferroviária.
No amador Foguinho jogou pelo Bairro Alto, Lageado, Duratex, Rodoviário e Sarta Moita e entre seus títulos estão o Torneio Radialista, em 1967, campeão invicto em 1972 pelo Lageado e pela Duratex em 1987. Este grande talento do futebol de Botucatu, em entrevista contou um pouco de sua trajetória futebolística.
Acontece – Foguinho cite um momento que te emocionou no futebol e que você nunca esquece.
Foguinho – Foi num jogo no campo do Lageado na década de 70, contra o time do Tanquinho. Fiz dois gols idênticos de cabeça na cobrança de escanteio no primeiro pau. O goleiro do Tanquinho era o Vitor Deleo, que comentou comigo: “Como tomei aqueles dois gols iguaiszinhos? Não era para ter tomado”, e eu disse que ele não teve culpa. Na verdade a falha foi da defesa que não fez a marcação correta nem ficou atenta naqueles dois escanteios.
Acontece – Agora cite um momento que te entristeceu, que não foi bom.
Foguinho – Era um menino e jogava pelo infantil de AA Ferroviária em 1964, num jogo contra o Beira Rio. Teve uma jogada de linha de fundo e nosso ponta direita cruzou a bola e fiz um gol legítimo de cabeça e o juiz que era o Aimoré anulou alegando que eu estava em impedimento, sendo que não existe impedimento em cruzamentos na linha de fundo, perto da risca da linha de saída da bola. Fiquei inconformado com a incompetência daquele juiz. Fazendo aquilo estava tirando a motivação de um menino que começava no futebol.
Acontece – Descreva um gol que você fez e que considerou muito importante na sua carreira.
Foguinho – Jogava pelo Lageado contra a Vila Maria. Roubei uma bola na intermediaria do jogador Furinho que para mim foi um dos melhores jogadores que jogou no time da Vila Maria e neste lance a bola saiu quicando e acertei um chute de “sem pulo” e foi no ângulo do gol. Por ser o Furinho um grande jogador da Vila Maria valorizei ainda mais este gol.
Acontece – Você quando iniciou no futebol, tinha o sonho de ser profissional?
Foguinho – Sim! Joguei pela AA Ferroviária de 1963 até 1967 que tinha seu time profissional e nos dois últimos jogos participando da Primeira Divisão do Campeonato Paulista tive a felicidade de jogar. Ainda era juvenil e o titular da lateral esquerda se machucou e seu substituto natural era o Toninho Santana, mas ele não pôde jogar e sugeriu a minha escalação ao técnico. Com isso joguei em Botucatu contra o Nacional e em Limeira contra o Internacional. Depois destes jogos a AA Ferroviária deixou de disputar campeonatos e fiz teste no Estrada de Sorocaba e no São Bento de Sorocaba. Fui aprovado nos dois testes e quando iria iniciar os treinamentos desisti porque tinha também passado na Escola Técnica Industrial de Sorocaba, que era de período integral e não tinha como conciliar o futebol com os estudos. Optei para estudar e meu pai também achou melhor eu me dedicar aos estudos.
Acontece – Cite um jogador que jogou ao seu lado que você considera como um dos melhores.
Foguinho – Sem dúvida nenhuma foi o Zé Maria que o Brasil conhece, o mundo conhece. Aos 16 anos foi para a Portuguesa de Desportos, depois para o Corinthians e Seleção Brasileira. Éramos muito amigos, uma família. Esse foi o melhor que a gente teve que saiu de Botucatu.
Acontece – No seu conceito, qual sua principal qualidade como jogador?
Foguinho – Em primeiro lugar o domínio de bola; em segundo um bom passe; e em terceiro o chute. Treinava muito chute a gol e batia muito bem na bola. Fiz muitos gols de faltas principalmente ali no lado direito da área grande. Era muito difícil perder um passe e me especializei nesse fundamento.
Acontece – Você ainda continua em atividade no futebol?
Foguinho – Sou do Grupo Rebola já há 31 anos. Fui um dos iniciantes junto com seu irmão Osvaldo Tarzan. Todo o sábado faça sol ou chuva estou lá com os amigos praticando o futebol. Graças a Deus estou com 65 anos e ainda jogo minha bolinha, embora esteja atualmente com um problema no joelho, mas melhorando estarei de volta com este pessoal que gosta e é amante do futebol.
Por: Jair Pereira de Souza
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