Depois de quatro dias de competição foi encerrado neste domingo Festival Brasil Ride, na Base da Nuvem, pista de lançamento de voo livre montada no ponto mais alta da região de Botucatu. O visual da cadeia de montanhas, conhecida como Cuesta, impressiona quem tem coragem de encarar a subida para chegar até lá.
Se os corredores da Trail Run foram, em sua maioria, de carro para a Base da Nuvem, pista de decolagem da Cuesta de botucatu e ponto mais alto da região, cerca de 700 pessoas foram até lá pedalando. O Passeio Ciclístico Brasil Ride foi um sucesso inesperado pela organização, graças ao sol que marcou a manhã de domingo. "Tínhamos pensado em 100 pessoas. Depois, aumentamos para 400. No final, mais de 700 pessoas apareceram", comemorou Mario Roma.
Foram 800 participantes na Trail Run, evento com duas categorias de corrida de montanha pelas trilhas da Cuesta. Já o passeio ciclístico levou 700 pessoas da Catedral de Botucatu até o local, em um percurso de pouco mais de cinco quilômetros. Além disso, cerca de 500 pessoas, entre acompanhantes e organização, participaram da festa.
"A intenção de fechar o festival aqui em cima é promover o encontro de duas comunidades, do pessoal da bicicleta com os corredores. É bom para a cidade, que promove um local lindo, com uma vista deslumbrante, e para quem está participando, que tem a chance de conhecer um cartão-postal da região", explicou Mario Roma, organizador do evento, uma realização da Prefeitura de Botucatu em parceria com o Ministério do Esporte e apoio da Prefeitura de Pardinho.
Com mais de 4200 participantes, o Festival Brasil Ride é o maior encontro de bikes do país. Em quatro dias, teve sete eventos disputadíssimos. A prova do Circuito Mundial Amador da UCI abriu a programação na quinta-feira. Depois vieram os desafios do mountain bike do Warm Up Brasil Ride, em duas categorias (uma delas disputada em três dias, com quase 200 km de trilhas). A Trail Run também teve duas categorias, além do Brasil Ride Kids, que reuniu crianças de 3 a 12 anos, e o passeio ciclístico, aberto a todos.
"Esse não é um evento só para os ciclistas profissionais. Tem também atividades para toda a população de Botucatu, como o passeio ciclístico, a corrida das crianças, a Trail Run. Isso faz com que todos os segmentos da cidade estejam envolvidos", elogiou Antônio Pereira, Secretário de Esportes e Lazer de Botucatu, que acompanhou todos os eventos desde quinta-feira e ainda participou dos 6 km da Trail Run. "Por ter 70 anos, acredito que até fiz bonito na prova", resumiu, um pouco suado.
Um dos que participaram de todo o calendário foi Roberto Marino Davila. Ele disputou a prova de estrada na quinta-feira e as categorias Sport do Warm Up e da Trail Run, totalizando mais de 100 km percorridos no feriado de Corpus Christi. "Não é sempre que um evento desse porte é realizado na região, então você tem de aproveitar. Eu até poderia encarar os 200 km de mountain bike, mas estou me recuperando da dengue. Acho que foi um grande feriado".
Com tanta gente correndo nas trilhas "no meio do mato", acidentes eram a grande preocupação da organização. Ninguém, porém, sofreu ferimentos sérios, motivo de orgulho para quem faz o Festival Brasil Ride. "Tivemos um evento de segurança máxima. Não tivemos um acidente, desde o Mundial de ciclismo de quinta, passando pelo evento de mountain bike de três dias, até a corrida em trilha e o passeio ciclístico. Isso mostra a eficiência da cidade e do nosso trabalho", analisou Roma.
Líder do ranking
Grande atração do último dia de competição, a Trail Run foi dominada por um dos grandes nomes do país nas corridas de montanha: Giovanna Martins. Paulista de 32 anos, ela é a líder do circuito nacional da Confederação Brasileira de Atletismo e atual campeã da Copa Brasil de corrida de montanha – de quebra, ainda é a atual campeã da Maratona da Disney, disputada em Orlando. Ela venceu os 16,6 km das trilhas de Botucatu em 1h21min30s, quase dez minutos à frente da segunda colocada, Graziele Oyan (Solma Mais Vida), com 1h30min25s.
"O circuito estava maravilhoso, do jeito que os loucos do atletismo gostam. Eu imaginava que seria bom, mas nem tanto… Quando a gente vem para a montanha, espera ter dificuldade. E foi isso que encontrei. Atravessei rio, passei por trilha, andei por cima de pedra. Encontrei até vacas", brincou a vencedora, dona de uma assessoria esportiva em Salto, no interior de SP. "Eu corro em montanhas desde 2011, quando comecei a treinar para a maratona. Pensei em usar essas provas como uma preparação com um nível de dificuldade maior, mas acabei me apaixonando pela montanha. É sempre um desafio. Nas corridas de rua, você sempre está pensando no seu ritmo. Na montanha, o desafio é a própria montanha. Ela exige respeito", completou.
No masculino, quem venceu foi o maranhense Elionay Correia (Live Run/Move), corredor de meio fundo que usa as corridas em montanha como parte de seu programa de treinamentos. "Nesse ano, estou focado em me profissionalizar, me dedicar a corridas de rua. E as corridas em trilhas são muito boas para te dar uma bagagem. A vitória aqui veio depois de uma subida no final, no km 14. A organização está de parabéns. A prova estava muito bem sinalizada, com pontos de hidratação nos pontos certos, o tipo de prova que a gente gosta", ressaltou o corredor que completou os 16,6 km em 1h11min26s, mais de um minuto à frente do segundo colocado Ricardo de Godoy Oliveira (Show Tenis).
Na categoria 6km, Francisco Denivaldo Inácio (AZ Running) foi o vencedor, com 20min10. Dulcineia Cristina de Oliveira (Manduri Running) completou em primeiro lugar em 26min08. Os vencedores na elite e nas faixas etárias receberam tênis da Pearl Izumi, patrocinadora a prova.
Festival em 2016
A dimensão do Festival Brasil Ride já o torna um dos principais eventos de Botucatu. Mas no ano que vem, ele promete ser ainda maior. Além dos sete eventos diferentes, uma feira esportiva deve ser a grande novidade.
"Nós apostamos fortes aqui e Botucatu correspondeu. Acho que existe espaço para crescer. Eu venho da Europa, em que existem eventos só de mountain bike que reúnem mais de quatro mil pessoas. Ano que vem, já teremos uma feira de esportes e o objetivo é crescer ainda mais com os eventos que já são um sucesso", avisou o português Mario Roma, animado com o sucesso da Terceira edição.
A cidade Botucatu voltará a ser parceira do evento. "Já estamos planejando a edição de 2016 e o Ministério do Esporte vai novamente ser nosso parceiro. Só tenho a agradecer por isso. Botucatu não foi escolhido por acaso entre 6 mil municípios do Brasil", comemorou o secretário Antônio Pereira.
Mas não é só Botucatu que deve lucrar com o evento. Em 2015, a rede hoteleira da cidade já ficou muito próxima da lotação máxima. Com mais gente participando em 2016, toda a região deverá ser beneficiada. "Temos Avaré, Barra Bonita e toda uma região para atender esse público. Podemos e vamos crescer", garantiu Roma.
Fotos: Divulgação
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