Reitora e Vice-reitor da Unesp a partir de 2025, Maysa Furlan e Cesar Martins apresentam propostas

Educação
Reitora e Vice-reitor da Unesp a partir de 2025, Maysa Furlan e Cesar Martins apresentam propostas 15 novembro 2024

Vice-reitor Cesar Martins é docente do IBB de Botucatu; No campo da gestão, planos incluem a criação de um Instituto de Estudos Avançados, de um grande laboratório de IA e de uma nova pró-reitoria

Fotos: Marcelo Yamashita/ACI

Nesta sexta-feira, dia 15 de novembro, foi publicada no Diário Oficial do estado a nomeação da professora Maysa Furlan e do professor Cesar Martins para exercerem os cargos de reitora e de vice-reitor da Unesp no período entre 2025 e 2029.

O registro no livro em que são publicados os atos oficiais do executivo paulista representa o endosso do governador do estado, Tarcísio de Freitas, ao processo eleitoral conduzido pela instituição ao longo do mês de outubro. No pleito, a chapa “Unesp Sempre Viva e Plural”, representada pelos dois professores, sagrou-se vencedora ainda no primeiro turno, tendo recebido 67,61% dos votos válidos.

Ao longo dos próximos quatro anos, Maysa Furlan e Cesar Martins irão dirigir uma instituição que compreende, atualmente, quase 50 mil estudantes e mais de oito mil servidores, entre docentes e técnico-administrativos, além de gerenciar um orçamento, em sua maior parte repassado pelo governo estadual, que gira em torno de R$ 4,5 bilhões por ano.

Em entrevista para o Jornal da Unesp, os dois professores descortinam sua visão para o futuro da Unesp, elencam as temáticas que serão tratadas como prioritárias e introduzem as propostas de maior relevância que devem ser desenvolvidas ao longo dos próximos quatro anos.

No depoimento, Furlan e Martins enfatizam a importância de ofertar um ensino capaz de dialogar com as necessidades de uma nova geração de estudantes, enquanto os capacita a lidar com as demandas de uma sociedade em constante mudança. No campo do apoio às atividades de pesquisa, a dupla pretende reforçar o trabalho que já está em andamento, e que colocou a Unesp em bons posicionamentos em alguns dos principais rankings universitários globais.  A agenda política  —  em especial,  os futuros debates sobre financiamento da universidade que serão travados em virtude da reforma tributária  — estará no radar. Por fim, os novos gestores da Unesp discorrem sobre a criação de uma nova pró-reitoria e a inauguração de novas estruturas para a produção do conhecimento e para o apoio ao trabalho de docentes e pesquisadores.

Dentre as propostas que foram apresentadas durante a campanha, qual pode ser apontado como o principal desafio a ser atacado durante a próxima gestão?

Maysa Furlan: Entre tantos desafios, eu destaco o ensino. Nós estamos diante de uma nova sociedade e temos que atrair esses estudantes. Ser capazes de fornecer cursos que proporcionem a formação necessária para viver nesse mundo moderno. E, mais do que o ensino propriamente dito, precisamos dar uma formação ampla para nossos estudantes, para que eles saiam da universidade com a perspectiva de contribuir para os desafios da sociedade do século 21.

Nessa perspectiva, teremos que ampliar as possibilidades de acesso à universidade. Manter nosso programa de inclusão robusto, que é visto como modelo, e que começou há dez anos, e contribuirmos para a permanência desses estudantes. Temos que preparar a universidade para a diversidade e adequar nossa infraestrutura, a fim de que nossos alunos utilizem todos os recursos oferecidos por uma instituição que realiza ensino, pesquisa e extensão. E penso também que uma das nossas prioridades, como instituição que oferece cursos nos três períodos do dia, é assegurar aos estudantes que frequentam a universidade em todos os períodos a mesma qualidade de infraestrutura, e o mesmo pertencimento.

E esse caráter de prioridade vale para o ensino da pós-graduação, também. Nessa área, estamos acompanhando alguns movimentos importantes, como o novo Plano Nacional de Educação, que deve ser aprovado até o fim do ano, e o novo Plano Nacional de Pós-Graduação.

Por outro lado, estamos diante de um novo desafio político, que é a questão do financiamento das universidades. Com a reforma tributária, o ICMS não vai mais servir como balizador do financiamento das universidades públicas paulista. Temos que abrir o diálogo com o governo, estabelecendo novas perspectivas para o imposto que será criado, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). O Cruesp formou uma comissão bastante qualificada, com economistas e juristas, e estamos debatendo para que possamos avançar junto ao governo e encontrar um orçamento que nos permita desenvolver todas essas questões fundamentais. 

O vice-reitor é o presidente nato da Comissão de Ensino, Pesquisa e Extensão, o CEPE. Quais os debates que a próxima gestão quer trazer para este colegiado?

Cesar Martins: Como bem colocou a professora Maysa, acho que o maior desafio, e que vai ser enfrentado com todas as nossas forças físicas e políticas, são as questões relacionadas ao ensino. E isso passa essencialmente pelo CEPE.

Mas quais desafios são esses? Hoje, por exemplo, nós temos mais de 10% das nossas vagas de vestibular não ocupadas. São, pelo menos, 1.500 cadeiras vazias. Claro que isso não é uma exclusividade da Unesp. É uma tendência dentro da sociedade, que parece estar um pouco alheia às questões da educação. Mas entendo que é um grande desafio. Se, nesses quatro anos, tivermos recuperado essas cadeiras, eu como gestor vou me sentir muito satisfeito. Para alcançar esse objetivo, precisamos criar novos mecanismos de entrada. A gestão atual já tem trabalhado nisso. Um exemplo é o Provão Paulista. Também é possível adotar mudanças para que uma parcela maior de estudantes possa ingressar pelo Enem.

Ao mesmo tempo, precisamos olhar para os nossos cursos sob a perspectiva dessa sociedade atual. É uma sociedade diferente, e nossos cursos precisam responder a ela. Precisamos, ainda, tornar os nossos campi mais atrativos. Isso já vem acontecendo, mas gostaríamos de colocar mais investimento, a fim de que transformar não apenas as salas de aula e espaços para o ensino, mas toda a ambiência do campus, de uma forma geral. Para que o aluno possa vir com os colegas e se sentir bem aqui. Não é só uma questão de atrair o aluno, mas de instigá-lo a permanecer. Esse conjunto contribui para a permanência do aluno. Entendo que essas questões vão acabar passando pelo CEPE.

Quais serão as iniciativas para apoiar a atividade de pesquisa que a gestão pretende implementar nos próximos quatro anos?

Maysa Furlan: A Unesp avançou muito em pesquisa. O ranking mais recente da Times Higher Education Latin America mostrou um avanço substancial, passamos da décima para a quinta posição. E os dois quesitos que mais contribuíram para promover esse crescimento foram justamente o de ensino e o de pesquisa. O fato de que subimos cinco posições demonstra que a universidade já está dando passos importantes.

Nossa iniciação científica (IC) é a base da pesquisa, e ela é muito forte. Existe uma IC institucional, financiada especialmente pelo CNPq e pela Fapesp, que é o sistema PIBIC PIBID. Neste sistema, somos uma das maiores universidades do país, e contribuímos com uma contrapartida substancial. E temos a IC sem bolsa, que serve como um letramento científico para a pós-graduação, que é onde, nas universidades brasileiras, se alicerça a pesquisa.

Outra questão fundamental é a internacionalização da pesquisa. Temos ainda que avançar no aspecto do impacto dessa pesquisa, ampliando nossas colaborações científicas. Muitas vezes, por meio dessas colaborações internacionais, podemos qualificar as publicações. Para que isso se fortaleça, estamos empenhados em aumentar os nossos intercâmbios internacionais. Isso já está muito consolidado pelo programa Capes-PrInt, que vem da gestão anterior. A Unesp obteve o segundo maior orçamento neste programa, em termos de captação de recursos. Isso nos deu a oportunidade de intensificar os intercâmbios, não apenas de estudantes, mas também dos nossos docentes.

E, cada vez mais, fortalecer nosso papel nos programas institucionais, com a Unesp como articuladora dos projetos da Finep. Nesses três anos e meio, alicerçamos e consolidamos essa participação. E mais do que isso, aprovamos quase R$ 1 bilhão em fomento para nossa universidade. Avançamos no oferecimento de bolsas de pós-doutorado e alcançamos um novo patamar de competitividade por grandes projetos. Tivemos um CEPID aprovado recentemente, com a professora Patrícia Morellato. Já tínhamos dois INCTs na universidade e acabamos de aprovar outro, com o professor Fracetto, que também envolve uma área na fronteira da pesquisa. Estamos galgando patamares nunca vivenciados pela universidade.

E acredito que avançamos muito na relação sul-sul também. Participamos de congressos que trabalham com essa relação sul-sul, visitamos a África e estamos recebendo pesquisadores docentes da África para serem formados aqui no Brasil.

Cesar Martins: Um ponto importante da pesquisa, e que é o diferencial de uma grande universidade, é a busca pelo conhecimento. Isso permite que o ensino alcance um outro nível, e nos diferencie de uma faculdade que trabalha exclusivamente com o ensino. Essas participações em grandes projetos permitem que nosso aluno tenha contato com a inovação que ocorre nas linhas de fronteira. E, se trabalharmos um pouco melhor, acho que conseguimos levar esse conhecimento para a sociedade via extensão. Isso é um desafio porque às vezes existe um abismo entre o que a gente produz de conhecimento e a sociedade lá fora. Entendo que, com esforço da nossa ala extensionista, é possível quebrar essas barreiras.

E para a graduação, o que será priorizado?

Cesar Martins: Além de receber de volta mais alunos e tornar nossos cursos mais atrativos, precisamos estar abertos a novidades. Existe uma sociedade que espera um retorno maior da nossa parte. Temos 136 cursos de graduação, 139 de pós-graduação, mas precisamos estar abertos a novos segmentos e carreiras. Esse é outro desafio do CEPE: responder às atuais e futuras demandas da sociedade trazendo as novidades para a mesa, com muito bom-senso, no sentido de assumir apenas aqueles compromissos aos quais a gente possa corresponder.

Maysa Furlan: Estamos vivenciando, em todo o mundo, uma baixa na procura por estudantes, e uma alta evasão em alguns cursos. Nessas carreiras, estão sendo formados poucos profissionais em relação às demandas da sociedade. Pensar em diferentes formas de entradas no vestibular é muito importante. Hoje temos o sistema universal, nosso sistema de cotas, com alunos do ensino público e pretos, pardos e indígenas. Nós abrimos vagas para os alunos que participam das olimpíadas e temos a entrada pelo Enem para vagas naqueles cursos que não conseguiram preencher as vagas pelo sistema universal. E temos de inovação o Provão Paulista.

Ampliar o ingresso é muito importante. Temos perspectiva de adotar novas modalidades. Pensamos no ingresso de atletas, temos uma comissão discutindo uma forma de ingresso por meio do Enem. Isso permite atrair alunos do Brasil todo e tornar mais heterogêneo o corpo discente, criando um ambiente multicultural no campus.

Hoje esses alunos de fora têm dificuldades para prestar nosso vestibular, porque isso demanda deslocamento e custos. Mas a Vunesp está discutindo alternativas, e já desenvolveu a tecnologia necessária para a elaboração de um vestibular online. A própria divulgação do nosso vestibular pode ser melhorada, a fim de alcançar esses jovens do século 21, que estão habituados a receber informações em outras mídias.

No campo da gestão, quais são os planos?

Cesar Martins: Estamos trabalhando para criar um comitê de governança na universidade encabeçado pela reitora e pelo vice-reitor. Essencialmente, esse comite contaria com os pró-reitores acadêmicos, o pró-reitor de planejamento estratégico, e grupos de assessoramento para questões específicas. Esse comitê ficará responsável por dar as diretrizes acadêmicas para o caminho que a universidade vai trilhar, porém subsidiados pelas informações financeiras. Nossa ideia é, dessa forma, aproximar mais as questões acadêmicas das administrativas.

Acho que trazer para o gabinete do reitor a constituição desse comitê vai ser um ponto diferencial. Nós não somos uma empresa, somos uma universidade. Portanto, não podemos falar das questões financeiras sem falar das questões fundamentais do ensino.

Maysa Furlan: Estamos pensando também em novas estruturas organizacionais de gestão. Estamos planejando um escritório de prospecção de parcerias que transcendam os órgãos de fomento. Queremos avançar, por exemplo, na destinação de emendas parlamentares, algo que já temos feito nos últimos anos. Também queremos intensificar as parcerias entre as nossas fundações e o sistema privado e as organizações sociais, para avançarmos em projetos fundamentais.

Será fundamental avançarmos no aspecto da gestão de processos internos à universidade, a fim de desburocratizar a atividade dos nossos docentes. Hoje, os docentes conseguem projetos nos órgãos de fomento e adquirem uma responsabilidade adicional, que é a de  administrar os recursos que vêm desses órgãos. Algumas unidades da Unesp possuem escritórios de pesquisa consolidados para prestar esse apoio, mas outras não.

E precisamos avançar para oferecer subsídios não apenas aos projetos de pesquisa, mas também a projetos de ensino, como o PET e a Residência Pedagógica. E também nestes casos a responsabilidade por administrar os recursos cabe ao coordenador. Tudo isso é muito novo para esse docente, e ele acaba enfrentando uma carga de trabalho intensa.

Cesar Martins: Entram aí, também, os projetos de extensão. A gente vislumbra cada vez mais investimentos para a extensão, que vai entrar em um outro nível.

Maysa Furlan: Outra iniciativa fundamental nesse aspecto das novas estruturas organizacionais será a criação de um escritório de egressos e carreiras. Nós avançamos muito no nosso alumni. Ele hoje está centralizado na Vunesp. Já estamos com um programa para contactar egressos e acompanhar a atuação do egresso fora da universidade. Isso qualifica o curso que ele fez. Essa nova estrutura virá também para trazer subsídios para nossos estudantes quanto a perspectiva de carreira, para guiá-los para o mundo do trabalho.

Outro programa estratégico é a área de estudos do futuro. Queremos promover discussões sobre o futuro da pesquisa, do ensino e da extensão. Observar o que acontece lá fora, entender onde devemos mudar. A universidade precisa olhar lá para a frente, do ponto de vista acadêmico.

César Martins: Como gestores, vamos fazer um mandato de quatro anos. Mas, como instituição, precisamos contar com uma visão que contemple dez, 20, 50 anos para o futuro. E existem formas de fazer isso. Vamos ter um grupo trabalhando com esse tema, possivelmente apartado da gestão.

Maysa Furlan: Outra questão sobre a qual estamos trabalhando é a criação do Instituto de Estudos Avançados da Unesp. Isso foi colocado em pauta pela atual gestão, no sentido de estabelecer os alicerces que permitam a criação do instituto posteriormente. Ainda estamos discutindo quais modelos de cátedra e de projetos vamos adotar. Mas a ideia é que o instituto fomente cursos e discussões que estejam na fronteira do pensamento científico e acadêmico, e que possam, mais tarde, se traduzir em políticas públicas.

E deve ser concluído, no primeiro ano da próxima gestão, o projeto de laboratório do futuro, que já vem sendo discutido na atual gestão. O projeto vai contemplar um movimento tecnológico importantíssimo, que é a área de Inteligência Artificial. Ele vai dispor de equipamentos de ponta, a fim de que nossos alunos e pós-doutorandos possam usar essa ferramenta para avançar nas suas pesquisas de qualquer área. O laboratório será organizado no Parque Tecnológico de São José dos Campos, onde nós já alugamos uma área. Penso que vai ser um marco para a universidade oferecer essa ferramenta. E ressalto que a verba de quase R$ 9 milhões para os equipamentos do laboratório veio de emendas parlamentares. A Unesp vai oferecer a infraestrutura física, funcionando em um polo tecnológico do estado de São Paulo.

Queremos criar uma estrutura que pense a sustentabilidade. Nossa universidade é reconhecida mundialmente pelo impacto da pesquisa que produzimos em biodiversidade. Nós temos um CEPID que trabalha a biodiversidade, aliada à mudança climática. Temos diversas fazendas que podem contribuir com pesquisas, e até com sequestro de carbono. São mais de 17 nascentes dentro dos nossos campi. E, em nossos projetos de extensão, avançamos muito na relação com as diferentes comunidades indígenas, quilombolas, então temos muito a contribuir.

Todo esse conhecimento gerado a partir dos projetos de extensão, e as questões de sustentabilidade que nós alicerçamos, vão servir como base para que a gente possa ter uma participação efetiva na COP30 que vai acontecer em Belém, em novembro de 2025. Pensamos em fazer um grande programa: chamar para discussão o governo, o Ministério do Meio Ambiente, a ministra Marina Silva e os demais ministérios envolvidos… Tudo isso para que a gente tenha assento nessa discussão durante o evento. A Unesp cresceu muito nessa temática.

Cesar Martins: Durante os primeiros cem dias, queremos fomentar a criação de uma nova pró-reitoria cujo nome ainda não foi definido. Ela vai agregar um conjunto de estruturas que incluirá a COPE, que atua na permanência estudantil, a CAADI, que cuida dos assuntos de diversidade, e a recém-criada Coordenadoria de Saúde e Segurança Alimentar. Também queremos trazer para essa nova pró-reitoria a Coordenadoria de Atividades Físicas e esportivas, que está na Proec. Hoje elas todas respondem ou diretamente ao gabinete, ou à Proec e à Propeg. Mas queremos situá-las todas dentro de uma mesma pró-reitoria.

E para as atividades de extensão, quais serão as prioridades e diretrizes?

Cesar Martins: A Unesp avançou muito, nos últimos anos, no campo da extensão. A nossa estrutura administrativa e organizacional vem passando por uma reorganização, em termos de estruturação de sistemas e cadastro de projetos. Houve um avanço significativo nesse sentido, até pelo contexto da curricularização da extensão. Esta se mostrou uma iniciativa significativa para nos aproximarmos da sociedade. Mas vejo que podemos fazer ainda mais. Ainda estamos um pouco dispersos, podemos nos organizar melhor.

E a extensão pode colaborar para proporcionar amparo político. Uma universidade como a Unesp, com unidades em 24 cidades, está presente em lugares em que ninguém mais está. Nesses locais, nossa universidade é percebida como um valor social significativo. Se pudermos articular os contatos com essas cidades, alcançaremos mais respaldo por parte da sociedade e das estruturas políticas desses locais, o que pode valer até para momentos críticos.

Por exemplo: vamos entrar agora em uma fase de discussões sobre reforma tributária, em que será preciso assegurar nossas fontes de financiamento. Nesse momento, é importante contarmos com o respaldo dessas comunidades, e que elas enxerguem a Unesp como uma instituição que resolve seus problemas. Pode ser importante, então, identificar áreas estratégicas, estruturá-las melhor, e assim apresentar nossas ações de forma mais interessante. E a própria pandemia teve um pouco esse papel: as comunidades puderam constatar o valor das nossas estruturas em saúde.

A extensão também é importante para estabelecermos um diálogo e entender melhor as demandas da sociedade.  E isso pode nos ajudar para que, daqui a dez anos, possamos oferecer uma formação mais adequada aos nossos alunos, ou produzir conhecimentos que sejam mais significativos para a sociedade.

Maysa Furlan: Na última gestão, foi criada também a coordenadoria de artes e cultura, que é um marco. Ela realizou um levantamento dos museus que a universidade abriga, por exemplo, e que antes estavam soltos, do ponto de vista institucional. Agora, estamos pensando em criar um grande programa que congregue as maravilhosas coleções biológicas e de arte que possuímos. Essa coordenação traz uma abordagem que é fundamental para o letramento cultural e artístico da nossa sociedade.

Como imaginam entregar a Unesp daqui a quatro anos? O que vocês gostariam que nossa universidade desenvolvesse nesse período?

Maysa Furlan: Eu penso que nós vamos entregar uma universidade que dialoga com a sua comunidade. Porém, mais importante, dialoga com as questões da sociedade. Que seja capaz de formar cidadãos e recursos humanos aptos a responder aos problemas da sociedade. E uma universidade em que as pessoas trabalhem felizes e se sintam valorizadas, uma universidade múltipla e acolhedora.

Cesar Martins: A natureza geográfica nos dispersa demais. Às vezes, a gente estabelece tantas conexões mundo afora, mas não conseguimos nos aproximar nem das nossas unidades para que, juntas, formem de fato uma única Unesp, respeitando-se as histórias de cada faculdade. Acho que esse é um grande desafio, que daqui a quatro anos a gente tenha uma universidade mais coesa.

Marcos do Amaral Jorge, Pablo Nogueira/Jornal da Unesp

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