Pesquisadores da Unesp de Botucatu estão entre os mais influentes do mundo

Educação
Pesquisadores da Unesp de Botucatu estão entre os mais influentes do mundo 07 dezembro 2022

Ciro Rosolem, da Unesp, que faz parte de seleto ranking mundial, diz que ainda há muitos desafios para se fazer ciência no Brasil

Nove pesquisadores do centro-oeste paulista estão entre os mais influentes do mundo pelo impacto e relevância de seus trabalhos científicos ao longo da carreira, segundo um estudo da Universidade de Stanford. Cinco deles são da Unesp de Botucatu.

No levantamento, 195.605 pesquisadores ao redor do planeta foram ranqueados em 22 campos e 170 subcampos científicos. Eles são considerados os 2% mais influentes a nível mundial, levando em conta a quantidade de publicações e de citações que seus trabalhos tiveram ao longo da carreira.

Entre os ranqueados, há cientistas das britânicas Universidades de Oxford e Cambridge e das norte-americanas Harvard e Stanford, consideradas as melhores universidades do mundo.

Ciro Rosolem, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), disse que se sente privilegiado pelo ranking, mas que ainda há muitos desafios para se fazer ciência no Brasil.

Para Ciro, que é pesquisador A1 do CNPq, dificuldades estruturais, como falta de financiamento e baixa remuneração, impedem que os pesquisadores brasileiros consigam competir de igual para igual com os estrangeiros.

“Vivemos uma situação crítica. Praticamente, não tenho mais funcionários no meu departamento. A universidade não abre vagas. Conheço excelentes doutores que estão desempregados, e a nossa eficiência média acaba caindo por causa disso. Estar no ranking, diante disso, é meio paradoxal”, diz.

Fachada da Faculdade de Ciência Agronômicas (FCA) da Unesp em Botucatu — Foto: Divulgação

Ciro é doutor em agronomia e, desde 1975, leciona na Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp. Ele é um dos precursores no estudo da integração entre a agricultura e a pecuária no Brasil, que busca utilizar um único solo para diferentes sistemas de produção.

“Plantamos soja no verão, milho na safrinha e, depois, capim, por exemplo. Depois de colher milho, podemos pastejar, porque há pasto. Aí, vemos: será que o adubo do capim pode servir para outra planta? A soja fixa nitrogênio no ar, quanto disso vai para o milho e para o pasto?”, explica.

“Sempre queremos que alguém leia quando escrevemos uma pesquisa. É muito satisfatório saber que tem gente acompanhando nosso trabalho”, diz Ciro sobre estar no ranking.

A falta de infraestrutura, segundo o docente, acaba desestimulando doutores a seguirem carreiras acadêmicas. Eles acabam preferindo as empresas privadas, nas quais encontram melhores salários em relação às universidades.

“A gente procura trabalhar com parcerias, porque não há recursos. Além da Fapesp, a gente vai atrás de parcerias com empresas, para, a partir disso, conseguir financiar as pesquisas”, relata.

Pesquisadores da região inseridos no ranking

Este ano, as cidades de Bauru e Botucatu tiveram, juntas, nove representantes na lista. Cinco deles são cientistas da Unesp e quatro da USP. O grupo faz parte dos 844 brasileiros classificados pelo estudo.

Ana Carolina Magalhães – USP em Bauru
Clélia Akiko Hiruma-Lima – Unesp em Botucatu
Ciro Antonio Rosolem – Unesp em Botucatu
Fausto Foresti – Unesp em Botucatu
Gustavo Pompermaier Garlet – USP em Bauru
João Paulo Papa, Unesp em Bauru
José Maurício Sforcin – Unesp em Botucatu
Luiz Claudio Di Stasi – Unesp em Botucatu
Marília Afonso Rabelo Buzalaf – USP em Bauru
Paulo César Rodrigues Conti – USP em Bauru

Com informações do g1

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