A Universidade Estadual Paulista (Unesp) está nos preparativos para a recepção de cerca de 600 novos alunos de graduação em Botucatu. A recepção oficial unificada, com todos os primeiranistas das unidades locais (IB, FMB, FMVZ e FCA), tem início no dia 26 (segunda-feira), a partir das 8 horas, na Casa da Arte da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). Na oportunidade haverá apresentação da Comissão de Recepção Unificada em Botucatu. A acolhida contará com palestras, visitas monitoradas aos principais espaços comuns do campus, entre outras atividades de integração que seguirão também no dia 27 (terça-feira).
O Instituto de Biociências promoverá uma recepção exclusiva, no dia 28 (quarta-feira), a partir das 8 horas, no Espaço IB Eventos, aos 190 alunos que estarão distribuídos nos primeiros anos dos seus quatro cursos: Ciências Biológicas (bacharelado e licenciatura); Ciências Biomédicas; Nutrição e Física Médica. Antes disso, nesta quinta-feira (22), o Instituto de Biociências começou o processo de efetivação das matrículas dos aprovados em primeira, segunda e terceira listas do Vestibular 2018. Isso segue até às 18 horas desta sexta (23), com a entrega de documentos no Espaço IB Eventos.
“Essa é uma atividade que a comissão tem feito há alguns anos para acolhimento dos alunos e pais. É um momento importante de integração pois eles vem com muitas dúvidas e expectativas. Para muitos é a primeira vez do filho numa cidade distante. Também é o momento de encontrar os colegas veteranos dos seus filhos e professores, o que dá mais credibilidade e segurança aos pais. E a fala deles é sempre de agradecimento desta receptividade que encontram aqui”, diz o Prof. Dr. Luis Antonio Justulin Jr., coordenador da Comissão de Recepção Unificada e docente do Instituto de Biociências.
Luiza Catapani é do quinto ano de Ciências Biológicas (integral), e pelo quarto ano consecutivo representa os alunos na organização da recepção unificada, que surgiu no período 2013/2014. “Lembro que no meu primeiro ano ainda existia muito trote fora da universidade. Por isso me interessei pela ideia da recepção, que é um espaço sem trote. A gente prega muito o respeito. Mas o que é um trote e a intensidade dele vai muito de cada um. Por isso a gente tenta dar o máximo de apoio para que todo mundo se sinta confortável”, afirma ela, que ainda destaca a utilização de um aplicativo e um grupo no Facebook como ferramentas de ajuda aos novos estudantes.
Pais e filhos
Um destes jovens que aproveitou para efetivar a matrícula logo no primeiro dia foi Gabriela de Castro Ribeiro. Com 18 anos e moradora de Guarulhos, ela agora inicia sua trajetória no curso de Ciências Biológicas. “Desde o fundamental, foi a área que sempre o que quis seguir. Estou bem feliz. Minha irmã já tinha feito Unesp, então sabia que era uma excelente universidade. Ainda mais por ser um bom campus na área de saúde”, comenta a jovem, que sempre estudou em escola pública. “Tem que ter força de vontade”, complementa.
Já o pai, Aristótenes, conta que sempre foi “chão de fábrica” e nunca conseguiu ingressar numa universidade [apesar de ter tentado]. Para ele, ver a caçula numa universidade pública é a realização de um sonho. “É muito prazeroso esse momento. Principalmente por olhar para trás e não ter feito o que queria. Na minha época você saia daqui para ganhar mais ali. Agora não. Se você não correr atrás e estudar, já viu (…) Mas não pode parar aqui, tem que dar sequência”, enfatiza.
Gabriel, de 17 anos, veio de Piracicaba para efetivar a matrícula em Física Médica. “Sempre gostei de física. Mas depois fui pesquisando mais e descobrindo que a gente pode atuar ajudando a saúde das pessoas e eu achei muito legal unir essa duas coisas. Além disso gostei muito da grade”, afirma. Ao lado dele estava a mãe, Alessandra, que não escondia o orgulho de ver, pela primeira vez, um filho ingressando no Ensino Superior. “A Cidade é bem tranquila. Fomos muito bem recepcionados. Enfim, a primeira impressão foi muito bacana. Ele [o filho] está muito ansioso, mas curtindo bastante. Mas agora está na hora dele alçar voos”, complementa.
Oportunidade e respeito
A Unesp prevê em seu vestibular um Sistema de Reserva de Vagas para Educação Básica Pública. Em cada curso, metade das vagas é oferecida a estudantes que cursaram integralmente o Ensino Médio em escolas públicas. Deste montante, 35% ainda são destinados a candidatos que se autodeclararem pretos, pardos ou indígenas. É o caso de Márcia Rafaela Ramos Trevizan.
“Estudei maior parte da minha vida em escola pública. Estudava das 7h30 até as 16h30. Das 18 até às 22 horas ainda fazia um cursinho popular. Mas por mais que estudasse, ainda assim sentia defasagem. O sistema de cotas me ajudou muito a realizar este sonho. É bem mais difícil ser negro e vindo de escola pública. Muitos, que nem eu, não conseguem entrar na universidade pública e eu acredito que estou representando eles. Não é questão de merecer, mas de oportunidade”, defende ela, acompanhada da mãe e do avô.
O respeito à diversidade dentro da universidade também é a palavra de ordem de Marcos Roberto de Angelis. Ele é pai de Carolina, de 19 anos, que acaba de ser aprovada no curso de Ciências Biológicas, o mesmo da namorada. “A sociedade tem que entender. O gênero, hoje, todo mundo tem que aceitar. E não temos que fazer nada de diferente. Apenas apoiar. É ser humano. É amor. É vida. A universidade é um espaço de todos, independentemente da raça, religião ou opção sexual. Falo isso de peito aberto e orgulhoso”, desafaba.