Depoimento: Como minha escola cresceu de 4,5 para 7,3 no Ideb

Educação
Depoimento: Como minha escola cresceu de 4,5 para 7,3 no Ideb 16 setembro 2016

 

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Fernanda (ao centro) e duas professoras, em frente à EMEF Professor Américo Virgínio dos Santos

Na semana passada, o Ministério da Educação (MEC) divulgou os dados do Ideb de 2015 e o comparativo dos últimos 10 anos. No dia seguinte, recebemos o relato da coordenadora pedagógica Fernanda Bassetto, da EMEF Professor Américo Virgínio dos Santos, em Botucatu (SP). Conversamos com Fernanda e ela nos contou o que a escola fez nos últimos anos para saltar de 4,5 para 7,3 no índice. Confira abaixo o relato completo.

“A nossa escola fica em um bairro bastante carente da cidade. Temos um alto índice de violência e prostituição nas redondezas e isso se refletia aqui, inclusive no espaço físico. As paredes eram descascadas e o ambiente era feio. Quando as notas de 2013 saíram e vimos que obtivemos 4,5, esse estigma piorou. Éramos uma instituição localizada em um bairro ruim, descuidada e com um dos piores índices de aprendizagem da cidade. Uma série de pais bateram na porta da minha sala para dizer que tirariam seus filhos daqui.

Mas esses dados devastadores acabaram sendo o início de outra história. De fora para dentro, a Prefeitura decidiu rever suas ações no bairro como um todo. Iniciou-se o programa Meu Bairro Melhor com uma série de iniciativas que incluíram a reforma da nossa escola, nova iluminação, recapeamento e reforço da segurança. Enquanto isso, nós decidimos rever tudo o que fazíamos.

O primeiro passo foi conversar com os pais sobre a importância de eles incentivarem o estudo dos filhos. Depois, debatemos os dados com a equipe pedagógica e com as famílias e convocamos todos a se engajar para reverter esse quadro. Não ficamos só no discurso. Passamos a convidar todos para acompanhar o encerramento de cada projeto feito nas aulas. O único modo de eles valorizarem o nosso trabalho é vendo os resultados.

Além disso, começamos a prestar mais atenção às ausências. Todos os dias ligamos para as casas dos alunos faltosos para saber se está tudo bem. Essas pequenas ações criaram uma relação tão próxima que vimos a comunidade engajada no planejamento do projeto político-pedagógico (PPP).

Também fizemos diversas mudanças na nossa prática pedagógica. Solicitamos os descritores e os padrões de avaliação da Prova Brasil ao MEC e passamos a nortear o planejamento com base nas habilidades analisadas nela. Para acompanhar o desenvolvimento dos estudantes, realizamos exames mensais e produzimos relatórios do desempenho de cada um. Esses dados são estudados pelos professores junto com a coordenação pedagógica para pensar nas estratégias mais adequadas para suprir as necessidades dos alunos.

Outra postura que fez toda a diferença é passar a planejar atividades mais conectadas com as práticas sociais. Quando estudamos cartas, por exemplo, as crianças escreveram para os pequenos de outra escola da cidade, que visitamos meses depois. Já para estudar frações, trouxemos um bolo e fizemos uma divisão justa.

Me sinto muito satisfeita em ver que nosso empenho se mostrou efetivo. Isso me anima a continuar o trabalho, pois acredito no potencial da nossa escola e sei que podemos ir mais adiante.”

Fonte: Revista Digital Nova Escola

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