“Não sou filho de fazendeiro nem de médico afamado. Não tenho amigo engenheiro e nem tio deputado. Não me apego a dinheiro e de briga estou cansado. Sou humilde, sou vaqueiro e na roça fui criado”.
Esse é uma das frases de efeito usadas por locutores de rodeio que além de narrar o desempenho dos peões em montarias de cavalos e touros, cabe a ele agitar o público. Os versos são ótimos para isso e fazem parte do “repertório”, sogra, mulher, amante e dinheiro. O tema não importa, o que vale mesmo é divertir os espectadores.
Na região de Botucatu o locutor mais conhecido é José Aparecido de Paula, 50 anos, mais conhecido como Zé Piranha, que também é radialista, compositor e animador de eventos. Casado com Silmara com quem tem três filhos, Zé Piranha esteve nos maiores rodeios do país, inclusive no de Barretos, que é conhecido internacionalmente.
“O rodeio faz parte de minha vida. É onde me sinto bem levando entretenimento às pessoas. Quando entro na arena só fico sabendo o nome do peão e do touro. O resto é na base do improviso, mesmo. Isso que deixa esse trabalho interessante. Não existe uma apresentação igual a outra”, conta.
Uma de suas principais batalhas é lutar para manter viva a chama da música sertaneja. “Hoje temos muitas duplas sertanejas, mas são escassas as que cantam a verdadeira música raiz. Estou em negociações para voltar a comandar um programa de rádio e mostrar o trabalho desses grandes “mestres” sertanejos do passado. Isso não pode ser esquecido. Atualmente temos boas duplas, mas nada que se compare a música raiz. Minha luta é para manter essa chama acesa”, coloca Zé Piranha.
Ele conta que além do rodeio, trabalhou como motorista e, atualmente, é assessor do prefeito João Cury Neto, mas sempre que tem oportunidade não dispensa um encontro com amigos para um churrasco regado a cerveja, com muita “moda” sertaneja. “Sou assim! Levo uma vida bastante simples, mantendo minha origem cabocla e procurando estar sempre próximo dos rodeios, dos meus amigos, da minha mulher e dos meus filhos. Não há dinheiro no mundo que pague isso”, diz.
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