O suicídio sempre existiu, mas continuará fazendo parte da experiência humana para sempre? O direito ao suicídio deveria ser assegurado? Ou, ao contrário, a sociedade deve se mobilizar cada vez mais para tentar evitar os comportamentos suicidas?
Por trás de questões como estas existem dados alarmantes, que explicam porque o suicídio se tornou um problema de saúde pública: a taxa de ocorrências está em crescimento no mundo, que já contabiliza cerca de um milhão de suicídios por ano. Essas mortes trazem consequências sérias para cinco a dez milhões de sobreviventes, entre familiares e amigos, além de perdas econômicas expressivas.
Em O suicídio e sua prevenção (142 páginas, R$ 18), lançado pela Editora Unesp, o médico José Manoel Bertolote, que recebeu o prêmio Ringel Service Award, da International Association for Suicide Prevention, órgão da Organização Mundial de Saúde (OMS), aborda o assunto de forma analítica e do ponto de vista da prevenção, a partir de uma perspectiva holística acerca das causas dos comportamentos suicidas. Ele resgata as formas como a humanidade interpretou o suicídio ao longo da história e integra essas visões, criando um paradigma biopsicossocial que agrega aspectos culturais e sua influência sobre os comportamentos suicidas em diferentes países.
Bertolote constata que as taxas de suicídio variam de país para país e são maiores ou menores conforme vários fatores, como a religião dominante e a disponibilidade de meios para que o suicida concretize seu objetivo armas de fogo e pesticidas, por exemplo. Já a predisposição se relaciona a gênero (em geral há três a quatro suicidas homens para cada mulher), idade (o suicídio predomina entre os idosos, mas agora cresce entre os jovens), depressão, uso indevido de álcool, esquizofrenia.
O autor defende, assim, que é possível mapear as pessoas que estão passando por comportamentos suicidas, identificá-las e ajudá-las a superar a situação que poderia levá-las a dar fim ? s próprias vidas. Ele reproduz em parte e comenta os programas de prevenção ao suicídio criados recentemente pela Organização das Nações Unidas (ONU) e OMS, onde ele foi coordenadorda equipe de transtornos mentais e neurológicos. Adotados por vários países, inclusive o Brasil, mas ainda pouco assimilados, esses programas dirigem-se principalmente a profissionais da saúde, da educação e da mídia.
{n}Sobre o autor{/n}
José Manoel Bertolote é graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu da Unesp, atual Faculdade de Medicina, onde leciona, no Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria. Tem mestrado em Psiquiatra Social e Transcultural pela McGill University de Montreal, no Canadá, e foi coordenador da equipe de transtornos mentais e neurológicos na sede da Organização Mundial da Saúde, em Genebra. Recebeuo prêmio Ringel Service Award, International Association for Suicide Prevention, da OMS.
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