Em dois dias seguidos, quarta e quinta-feira desta semana, a partir das 20h30, será encenada no palco do Teatro Municipal Camilo Fernandes Dinucci, a peça Opera do Malandro, um musical escrito por Chico Buarque de Holanda, um dos mais renomados e consagrados gênios do Brasil. A encenação será feita pelo 12º Ano da Escola Aitiara e o ingresso para assistir essa obra é um quilo de alimento não perecível, que pode ser trocado na bilheteria do teatro com Ivone Mafalda.
Chico Buarque cria uma trama dramatúrgica que leva para o bairro da Lapa no Rio de Janeiro da década de 1940, já na fase final do Estado Novo. O enredo desenvolvido por John Gay, em A Ópera do Mendigo, de 1728, e por Bertolt Brecht, em colaboração com Elisabeth Hauptmann, com música de Kurt Weill, em A Ópera dos Três Vinténs, de 1928, um dos maiores sucessos da Berlim dos anos 1920.
“O nosso trabalho tem a estrutura da peça de Gay, o enfoque crítico de Brecht, mas é essencialmente brasileiro” explica Chico Buarque. Se Gay escreve sobre a Boca do Lixo de Londres e sobre a sociedade vitoriana inglesa do século XVIII, na versão brasileira, o que se vê em cena é a Lapa, com seus os bordéis, os agiotas, os contrabandistas, os policiais corruptos, os empresários inescrupulosos”, acrescenta o autor.
Segundo ele “não há heróis, todos os personagens vivem em torno do capital. Na luta pela sobrevivência que não permite veleidades éticas eles estão em dois níveis: o dos que lutam para sobreviver e o dos que lutam para acumular”.
Chico Buarque compôs quatorze canções inéditas para a peça depois gravadas em disco, e muitas delas se tornam grandes sucessos, como Folhetim, que, depois, foi gravada por Gal Costa; O Meu Amor, dueto interpretado por Marieta Severo e Elba Ramalho; e Geni e o Zepelin. Obteve grande sucesso de público, permanecendo em cartaz por quase um ano, lotando o Teatro Ginástico de terça a domingo.
{n}Sinopse{/n}
Ambientada em um bordel, o texto conta a história de um malandro carioca, tentando sobreviver nos anos 40, final da ditadura de Getúlio Vargas clima bem parecido com o de 1978. Como espetáculo musical, que é a trama que gira em torno de Max Overseas, ídolo dos bordéis. A temática, como não poderia deixar de ser, retrata a malandragem brasileira no submundo da cidade do Rio de Janeiro, com todos os ingredientes capazes de nos transportar ? quela época, com a chegada das meias de nylon e dos produtos norte-americanos, que entravam clandestinamente. Não muito diferente da cena das falsificações vendidas pelos camelôs de nossa cidade maravilhosa.
O cenário é a Lapa das prostitutas e da pancadaria; o período a década de 40 com a Guerra assolando o mundo e mandando seus ecos para o Brasil. A Ópera do Malandro põe em cena a rivalidade entre o contrabandista Max Overseas e Fernandes de Duran, o dono dos prostíbulos da Lapa.
Bem no meio da briga está Terezinha, a filha única de Duran e de Vitória, que se casa com Max sob as bênçãos do Inspetor Chaves, o Tigrão, que “trabalha” para os dois contraventores. O casamento é o golpe final na família Duran: o desgosto dos pais de Terezinha e, naturalmente, a ameaça aos negócios é o gatilho da trama em que todos tentam tirar vantagem de todos. A peça cria, ainda, outros personagens inesquecíveis, como Geni e Lúcia, esta última filha de Tigrão e rival de Terezinha.
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