Nos desenhos, gravuras e quadros, vêem-se cangaceiros, galos, peixes, gatos, frutas e paisagens com marca da brasilidade, nos traços fortes e nas cores vibrantes
A Artyz Galeria, que funciona na Rua Moraes Barros, nº 193, região central da cidade, traz para Botucatu a exposição “Os espelhos são usados para ver o rosto, a arte para ver a alma", do artista plástico cearense, Aldemir Martins. As obras estarão abertas à visitação pública de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas e sábado das 9 às 13 horas.
A natureza e a gente do Brasil são os temas mais freqüentes da obra do artista plástico. Em seus desenhos, gravuras e quadros, vêem-se cangaceiros, galos, peixes, gatos, frutas e paisagens têm a marca registrada da brasilidade, nos traços fortes e nas cores vibrantes, em que se mesclam influências cubistas e fauvistas, resultando num estilo muito peculiar e original.
Nascido em Aurora, no Ceará, em 8 de novembro de 1922, desde menino, Aldemir dedicou-se ao desenho. No colégio militar, tornou-se monitor de desenho de sua classe e, no Exército, ao qual serviu entre 1941 e 1945, venceu um concurso das oficinas de material bélico, recebendo a curiosa patente de "Cabo Pintor".
Ainda no início dos anos 1940, o pintor agitou os meios artísticos cearenses, criando com Mário Barata e Antônio Bandeira, entre outros, o Grupo Artys e a SCAP – Sociedade Cearense de Artistas Plásticos. Nessa época, fez sua primeira exposição, no 2º Salão de Pintura do Ceará e trabalhou como ilustrador em jornais de Fortaleza.
A partir de 1947, estava nos principais salões de arte do país e recebeu vários prêmios. Em 1949, fez um curso de história da arte com Pietro Maria Bardi e tornou-se monitor do Masp, onde também estudou gravura com Poty e conheceu sua segunda mulher, Cora Pabst. Após uma viagem ao Ceará, em 1951, Martins decidiu retornar a São Paulo num caminhão pau-de-arara. Com essa experiência, iniciou uma série de desenhos de temática nordestina, que caracterizaria sua carreira.
Aldemir Martins viveu em Roma entre 1960 e 61, mas depois retornou a São Paulo, onde permaneceu até o fim da vida. Vale a pena ressaltar que, como artista, nunca se acomodou, não recusando a inovação, nem limitando sua obra, mas surpreendendo pela constante experimentação. Trabalhou sobre suportes diversos, como caixas de charuto, telas de linho, de juta e de tecidos variados.
Muitos de seus desenhos e pinturas foram reproduzidos em produtos industrias como pratos, bandejas, xícaras e embalagens. Além disso, foram usadas na abertura da telenovela "Gabriela, Cravo e Canela", baseada na obra de Jorge Amado. Aos 83 anos, faleceu em sua casa no bairro do Ibirapuera.