Descendente de tropeiros e plantadores de café, o escritor Francisco Marins nasceu em Pratânia a 23 de novembro de 1922. Ao longo de sua carreira literária vendeu mais de cinco milhões de livros, traduzidos em quinze idiomas e é o único escritor brasileiro a participar da coleção européia Delphin, que reúne os clássicos de literatura juvenil de todo o mundo.
Aos 11 anos escreveu (a quatro mãos com Hernani Donato amigo e escritor, que faleceu no ano passado) o romance infantil O Tesouro, publicada em capítulos no suplemento literário de um jornal dos Diários Associados.
Desde então não parou mais e construiu um rico acervo de obras literárias.
É autor da série de livros infanto-juvenis sobre o sítio Taquara-Póca, assim como de romances de caráter histórico, tendo por cenário o interior do Brasil durante a época de seu desbravamento. Formulou a idéia de contar em seus livros sobre a vida do interior e, também, sobre a epopéia de integrar o território, as passadas sertanistas, as bandeiras, a lenda dos Martírios, bandeirismo, bandeiras fluviais, Expedição Langsdorff, etc.
Hoje aos 90 anos de idade, com uma lucidez que impressiona e uma memória prodigiosa, é membro da Academia Paulista de Letras, dono da cadeira nº 33. Atuante na cultura da Cidade, com seu Convivium Espaço Cultural Francisco Marins, uma biblioteca com mais de 12.000 volumes (fundada em1984) destinada a estudiosos interessados em cultura, com amplo documentário histórico sobre a região.
Criou o Clubinho Taquara-Póca, no Vale do Sol, Botucatu, destinado a incentivar a defesa da natureza, dos animais e do eco-sistema. Responsável pela divulgação em plano nacional do mito do curupira, um anão de cabelos compridos e vermelhos, protetor das matas e dos animais, cuja característica principal são os pés virados para trás para despistar seus perseguidores.
Marins formou-se em 1946, pela Faculdade de Direito de São Paulo e, durante o curso jurídico foi diretor da Revista Arcádia e Presidente da Academia de Letras da mesma. Foram seus contemporâneos na Faculdade os futuros confrades da Academia: Israel Dias Novaes, Lygia Fagundes Telles, Leonardo Arroyo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Rubens Teixeira Scavone, Célio Debes, Paulo Bomfim e José Altino Machado.
Presidente da Academia Paulista de Letras em dois mandatos, presidente Emérito em 2003, dirigiu por 17 anos a revista Academia Paulista de Letras e incentivou a coleção de obras pela mesma editada. Representou a entidade em colóquios no Brasil e em Portugal sobre a reforma ortográfica da língua portuguesa, grupo Antonio Houaiss e em várias reuniões sobre estudos pela unificação do idioma, nas áreas de lusofonia.
Difícil enumerar todas as obras de Francisco Marins e destacar sua importância na literatura brasileira e os prêmios e homenagens que recebeu. Seu estilo contribuiu para que se tornasse um dos escritores mais notáveis e lidos, não apenas por suas características regionais folclóricas, mas, principalmente, por bem retratar o homem brasileiro, em seus constantes desafios e confrontos de sobrevivência, afirmação e contato com a natureza.
Sobre os livros de Marins já opinaram anteriormente de forma elogiosa os escritores e críticos: Jorge Amado e Zélia Gattai, Antonio Houaiss, Carlos Drumond de Andrade, Wilson Martins, Massaud Moisés, Lourenço Filho, Peregrino Junior, Valdemar Cavalcanti, Fábio Lucas, João Alves das Neves, Antonio D’Ellia, Leonardo Arroyo, Lúcia Sampaio Góes, Maria do Rosário Longo Moratti, Claudete Cameshi de Souza, entre outros.
{n}Série Taquara Póca{/n} – Nas Terras do Rei Café; Grotão do Café Amarelo; Os Segredos de Taquara-Póca; O Coleira Preta; Gafanhotos em Taquara-Póca
{n}Série Vagalume{/n} – A Aldeia Sagrada; O Mistério dos Morros Dourados; A Montanha das Duas Cabeças; Em Busca do Diamante; Viagem ao Mundo Desconhecido; A Aldeia Sagrada; O Mistério dos Morros Dourados; Em Busca do Diamante; Canudos; O Sótão da Múmia
{n}Série Roteiro dos Martírios{/n} – Expedição aos Martírios; Volta ? Serra Misteriosa; O Bugre do Chapéu de Anta; Verde era o Coração da Montanha; Território dos Bravos
{n}Romances{/n} – Clarão na Serra; Grotão do Café Amarelo; … E a Porteira Bateu!; Atalho Sem Fim; O curandeiro dos olhos em gaze
Marins também teve o sítio Taquara Póca transformado em peça teatral e participou no carnaval de rua de Botucatu sendo homenageado pela Escola de Samba Unidos de Última Hora/BTC, no carnaval de 1992. Com letra e música de Quico Cuter e o próprio Marins no carro alegórico que caracterizava o Sítio Taquara Póca, a escola foi campeã daquele ano.
{n}Samba Enredo – Letra e música Quico Cuter
{tam:25px}Unidos nas terras do rei café{/tam}{/n}
É hora de confete e serpentina
E muito samba no pé
Chegaram Pierrot e Colombina
Nas Terras do Rei Café
No colorido das alegorias
No ressoar dos tamborins
Vamos conhecer as obras
Do nosso Francisco Marins
E o som da bateria
Que não para um só instante
Vai acabar qualquer dia
Acordando o gigante
Ao mundo desconhecido, vou viajar
No território dos bravos passar
Com pioneiros no clarão da serra
O café amarelo plantar
Mas é em Taquara-Póca
Que eu quero viver
Com quem me sufoca
De tanto prazer
Quando o sol nasce na serra
Canta alto o meu sabiá
Nas matas dessa serra
Do bugre e do Anhangá
Onde vive o Curupira
O bugio e o Boitatá