Botucatu recebe premiado solo da dança “Carta para não mandar ou Cantiga interrompida”

Cultura
Botucatu recebe premiado solo da dança “Carta para não mandar ou Cantiga interrompida” 18 julho 2024

Apresentação gratuita na cidade faz parte da turnê pelo interior do estado em comemoração dos 20 anos da criação do solo autoral de Diane Ichimaru, da Confraria da Dança

O espetáculo Carta para não mandar ou Cantiga interrompida, da Confraria da Dança, de Campinas, completa 20 anos de criação e para marcar a data, os artistas estão realizando uma turnê pelo interior do estado de São Paulo. A temporada vai passar por Botucatu, no dia 21 de julho, domingo, às 20h, no Teatro Municipal “Camillo Fernandez Dinucci”, integrando o Festival de Inverno de Botucatu. A entrada é gratuita e vale destacar que todas as apresentações da turnê contarão com recursos de acessibilidade para os públicos surdo e com deficiência auditiva.

A montagem autoral parte das lembranças da bailarina Diane Ichimaru, nos anos de convivência com sua avó, que foi tomada em seus derradeiros anos de vida pela demência e a doença de ParkinsonA sensação de descontrole e fragilidade do próprio corpo e pensamento foram alguns dos disparadores desta criação.

“Essa obra aborda a incompletude, pois de fato e temos uma falta de domínio sobre o começo, meio e fim de nossos planos e ações, nossa vida poderá ser interrompida em qualquer instante”, reflete a artista.

Após 20 anos da estreia deste solo, sua temática permanece em sintonia com o momento atual. Apresenta uma linguagem poética impregnada da teia mestiça de costumes que delineiam a cultura do Brasil, recende a poeira de sótãos e porões, delicados perfumes de jardins de avós. Habita o terreno fértil da memória e do esquecimento, do diálogo interno decorrente do isolamento, do pensamento desordenado, transitório, fragmentário e lacunar.

O Projeto “Confraria da Dança, Repertório em Circulação” é viabilizado pelo EDITAL LPG SP Nº 20/2023 – DIFUSÃO CULTURAL da Secretaria da Cultura, Indústria e Economia Criativas do Governo do Estado de São Paulo. Em Botucatu, também tem o apoio da Secretaria de Cultura da cidade. O projeto dinamiza as ações artísticas que a Confraria da Dança desenvolve ininterruptamente desde 1996, possibilitando a circulação de três espetáculos de seu repertório em 18 apresentações por 12 cidades do interior e litoral paulista, contemplando uma diversidade de público, do infantojuvenil ao adulto; além disso, 100% das ações do projeto são gratuitas e contam com recursos de acessibilidade para os públicos surdo e com deficiência auditiva.

Concepção de Carta para não mandar ou Cantiga interrompida

A criação surgiu de um velho vestido herdado da avó da criadora-intérprete. O cheiro de guardado e o balanço da roda do godê despertaram memórias da avó, crocheteira de mão cheia, fazedora de pães, quitutes e compotas, que nos últimos anos foi tomada pela demência e Parkinson.

Essas lembranças do declínio físico e mental da avó inspiraram Diane quase duas décadas após sua morte, iniciando seu processo criativo. O tremor descontrolado das mãos, a fragilidade física e a confusão mental daquela mulher transformaram-se em dança e poesia personificadas na artista.

Corpo em transformação

Completando 59 anos, Diane continua protagonizando suas obras com dedicação plena. Ela busca expressividade através do movimento, modulando vigor e sutileza, e explorando a história acumulada em seu corpo. Envelhecendo, amplia as possibilidades para o futuro de sua dança.

O tempo a impulsiona a reinventar-se, sem perder a expressividade. Diane não se rende e busca novos espaços para sua arte, destacando a relevância da dança no corpo amadurecido em cena.

Concepção de cenário, figurino, iluminação e música

A concepção de todos os elementos de “Carta…” é pautada pela simplicidade. Figurinos e cenografia, ambos assinados por Diane Ichimaru, foram desenvolvidos entrelaçando-os à direção e criação coreográfica, conferindo um caráter autoral à obra. O vestido, costurado pela criadora-intérprete, ecoa o antigo crepe poá de sua avó, mas feito de malha rendada, pintado à mão em tons furtacor.

A iluminação concebida por Marcelo Rodrigues constrói espaços íntimos em recortes difusos passando da cor palha para o lavanda e o âmbar por de sol. Os movimentos de luz delicados fazem com que as transições se façam de forma quase imperceptível aos olhos da plateia.

O compositor, arranjador e pianista Rafael dos Santos compôs a trilha musical   especialmente para o solo, que incluiu a sonoridade nostálgica da seresta, a ironia do descompasso no dançante maxixe e o tom sereno e melancólico inspirado pelas composições de Erik Satie. Suas músicas estimulam a ação física da criadora-intérprete através de um jogo de oposições, provocações e cumplicidades com a narrativa poética do trabalho.

Sobre a artista Diane Ichimaru

Vencedora do Prêmio APCA 2009 como criadora-intérprete em dança e fundadora da Confraria da Dança, Diane iniciou sua carreira em 1983 e se graduou em dança pelo Instituto de Artes/UNICAMP. Com formação em dança clássica, moderna, contemporânea e danças brasileiras, também possui experiência em artes plásticas, comunicação visual, ilustração, cenografia e figurino. Diane desenvolve projetos autorais pela Confraria da Dança desde 1996, criando também cenografia, figurino e Ilustrações.

Confraria da Dança

Diane Ichimaru e Marcelo Rodrigues fundaram a Confraria da Dança em 1996, em Campinas/SP. Seus projetos direcionados à pesquisa de linguagem, criação e manutenção de espetáculos autorais acumulam premiações da FUNARTE/Ministério da Cultura, Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, Cultura Inglesa, APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte, entre outros. A dupla promove parcerias com artistas das áreas da dança, teatro, música e artes plásticas, atividades diversificadas de formação e fruição artística que atingem público infantil, adulto e terceira idade, estudantes de arte em processo de formação e artistas profissionais em busca de aperfeiçoamento.

Ficha técnica

Dramaturgia de corpo e palavra, direção, interpretação e figurino | Diane Ichimaru

Composição e execução da trilha musical | Rafael dos Santos

Desenho de luz e coordenação de produção | Marcelo Rodrigues

Assistência de montagem e de produção | Camilla Puertas

Assistência de produção local | Gabee Laranja, Gu Kenji, Jézz Mota Fernandes, Maíra Miller Ferrari

Registro fotográfico do projeto | João Maria

Fotos / registro 2004 e 2005 | Ricardo de Oliveira

Fotos / registro 2009, 2010, 2012 | fbarella

Fotos / registro 2011 | Itamar Matos

Fotos / registro 2022 | Albert Moreira

Projeto gráfico | Lucas Ichimaru

Consultoria em acessibilidade | João Pedro Acciari

Interpretação em LIBRAS | Verena Teixeira

Comunicação/imprensa | Boas Histórias Comunicação

Produção | Confraria da Dança

Serviço

Espetáculo Carta para não mandar ou Cantiga interrompida

Onde: Teatro Municipal “Camillo Fernandez Dinucci”

Praça Cel. Rafael de Moura Campos, 27, Centro, Botucatu-SP

Quando: 21 de julho de 2024, domingo, 20h

Entrada Gratuita – liberada meia hora antes, respeitando o limite da capacidade da plateia.

Instagram @confraria.da.danca

Capacidade da plateia: 518 lugares

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