Após 61 anos o incêndio do Teatro Espéria ainda é mistério

Cultura
Após 61 anos o incêndio do Teatro Espéria ainda é mistério 31 janeiro 2013

A recente tragédia ocorrida na Cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde dezenas de pessoas perderam a vida e outras tantas sofreram ferimentos graves, em razão de um incêndio, traz ? tona um caso botucatuense com a destruição de um dos maiores e mais suntuosos patrimônios arquitetônicos da história de Botucatu: o Cine Teatro Espéria (sucessor do Teatro Santa Cruz).

Esse teatro que funcionava na então Praça Santa Cruz, hoje Comendador Emílio Peduti – Bosque, na parte superior, onde hoje está a fonte luminosa, iniciou suas atividades sem 1904 e era de propriedade da Misericórdia Botucatuense, passando a centralizar a vida artística da Cidade. Era um velho casarão de madeira com dois andares que reconstruído em 1930 com projeto de um arquiteto português, transformou-se numa confortável Casa de Espetáculos, com linhas arquitetônicas aprimoradas, espaço para acomodar 600 pessoas sentadas, camarotes, sala de espera e teto decorado pelo pintor italiano Crozza.

Nessa Casa de espetáculos apresentavam-se companhias dramáticas, operísticas cantando em francês, italiano, alemão; companhias espanholas de zarzuelas (estilo de ópera espanhola caracterizada por diálogos e temas satíricos); conferencistas de renome internacional; dramas e comédias encenadas por grandes artistas da época, entre outros.

A partir de 1943 o teatro foi confiscado pelo governo federal e passou a ser utilizado como um clube de danças, patinação e até jogo de azar. Na madrugada do dia 15 de setembro de 1951, um dia antes do confisco ser encerrado, o Teatro Espéria foi totalmente consumido pelo fogo. Não se sabe até hoje se esse incêndio foi ou não casual. Certo é que não houve vítimas.

Uma personalidade que conheceu bem de perto o Teatro Espéria foi professor Paulo de Assumpção Marques, de 97 anos, que foi o primeiro presidente do Centro Cultural de Botucatu (CCB) e que tinha sede no piso superior daquele teatro. Ele, em tom de saudosismo revelou que se lembra de cada canto daquele prédio.

“Sua destruição foi um choque muito grande para todos nós. Ele representava um marco cultural na Cidade. Não posso precisar quantas vezes estive naquele teatro, fosse para assistir espetáculos, fosse para dançar nos grandes bailes da Escola Normal (atual EECA – Escola Estadual Cardoso de Almeida”, aponta o professor. “Também assisti grandes clássicos musicais como a apresentação do maestro Heitor Villa Lobos, tocando seu violoncelo, em agosto de 1931”, emenda Marques que mora em Curitiba e está visitando Botucatu esta semana.

Fotos: Acervo – Maria Anna Mosgliato / Memórias de Botucatu

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