Passaram-se dez anos, do dia em que alguns integrantes do Grupo de Amigos Voluntários – entre eles, o casal de amigos, Wagner “Wawa” Rodrigues e a sua outra metade, a unespiana Ondina Silva Cotrim – se atreveram fazer uma “festinha” de final de ano, para a gurizada de um sofrido lugarejo situado às margens do Rio Tietê, carinhosamente chamado de Porto Sayd. Como sempre, tudo aconteceu de maneira muitíssimo especial, até porque, nas proximidades do Natal, tudo fica mais primoroso, principalmente as ações de filantropia que são realizadas em vários pontos da nossa hospitaleira Botucatu. A chegada do NATAL “chacoalha” o coração de todos os cristãos e, conosco, nada foi diferente.
Lembro-me como se fosse hoje, da minha chegada naquele fatídico lugar, onde só existia miséria. O retrato com o qual me deparei, mostrava um “cheiro” de fome que eu ainda não tinha “sentido” em toda a minha estada por este mundinho passageiro. Confesso que, como comandante do grupo, perdi todas as minhas forças no momento em que vi a situação com a qual aqueles moradores (todos pescadores) sobreviviam com seus familiares. Lá, a fome se “hospedava” em barracos, só isso”.
Bem ao meu jeito, busquei um cantinho, escondido do meu pessoal para chorar, enquanto eles faziam a festa com a garotada. Chorei muito, por sinal, debruçado nas quase 50 cestas de alimentos que conseguimos com parceiros comerciantes aqui da terrinha, entre eles, o inesquecível Donizeti Manzini, um nosso irmão querido, que hoje trabalha junto do SENHOR. Mas, fomos adiante, mesmo porque, fomos pra lá para levar alegria e não tristezas. Apesar dos dissabores que enfrentamos, a festança foi maravilhosa, afinal ver o sorriso de uma criança recebendo um presentinho é algo bastante prazeroso. Mais de 70 crianças, que sequer seriam lembradas pelo tão sonhado “Papai Noel”, acabaram recebendo um brinquedinho. Glória!
Isso aconteceu no final do ano de 2009, portanto um pouquinho mais de dez anos atrás. Na volta para a casa, com a sensação do dever cumprido, a minha companheira de lutas e lutas, pelo bem estar das pessoas carentes, teve uma brilhante ideia: porque não falamos com o João (o moço João Cury Neto, estava no início do segundo ano do seu primeiro mandato como Prefeito Municipal) sobre esse caos? Meio amargurado respondi a ela: “vamos SIM, levar esse problema pra ele”; você tem aval de todo o grupo neste apelo.
Acredite, prezado leitor, no primeiro dia útil, após esse nosso encontro no Porto Sayd, eis que a Prefeitura Municipal de Botucatu recebia essa senhora que, como todos os componentes do grupo, sonhavam em ver aquelas famílias, ao menos tendo uma moradia digna, para poderem criar os seus filhos, para uma reunião com o Prefeito Municipal.
Sempre tive em mente que quando o COMPROMETIMENTO caminha à frente de qualquer projeto, as coisas tendem a dar certo. Nessa reivindicação que fizemos em nome daquele povo sofrido, tudo aconteceu de modo muito tranquilo, nada foi diferente, a certeza de que tudo daria certo era muito clara entre nós, pois, tínhamos na época um prefeito bastante empenhado com o bem estar da sua gente, idêntico ao nosso atual alcaide Mário Pardini. Logo na primeira reunião o menino João Cury autorizou a colega Ondina a fazer o cadastro de todas as famílias que “moravam” naquele bairro. Pois bem, depois de muitas reuniões com os moradores, chegou-se ao consenso de que seria necessária a construção de cinquenta casas; toda a coleta de dados das famílias foi feita em vários dias e, em uma secretaria improvisada debaixo de uma abençoada árvore lá existente. Foi difícil demais, no entanto, tínhamos a certeza, de que ali estava a mão DELE, o nosso PAI! Não deu outraaaaa!
O tempo foi passando e as coisas melhorando por lá. Parece incrível, mas, até uma aconchegante CRECHE, que leva o nome da saudosa Professora Rita Maria Valença Borgato foi inaugurada, nos anos seguintes, na gestão do prefeito João Cury. Mas isso era pouco para suprir a tremenda injustiça social que assolava aquele povoado. Porém, a minha querida amiga Ondina, jamais deixou de acreditar que aquelas 50 famílias que preencheram o seu cadastro, um dia, iriam morar numa propriedade sua. Infelizmente esse seu anseio não foi consumado nas administrações do querido João Cury, no entanto, como a nossa cidade teve a graça divina de eleger, nas últimas eleições, homens públicos compromissados com a finalização de projetos – sejam próprios ou não – o referido apelo feito pela guerreira Ondina Silvia Cotrim acabou consolidado. No último dia 30, mesmo com toda essa agitação que vem ocorrendo na cidade, por conta da Pandemia COVID-19, as moradias finalmente foram entregues aos 50 munícipes cadastrados.
Pena que o Prefeito Mário Pardini, um lutador das causas da população carente e o Secretário de Habitação José Carlos Broto, que acompanhou “par e passo” todo o desenrolar dessa brilhante conquista, não puderam estar presentes. Seguindo à risca as orientações sanitárias de combate ao Corona Vírus, apenas o vice-prefeito André Peres, e um dos “braço direito” da administração pública, o sempre dedicado e atencioso Paulo Sérgio Alves representaram a municipalidade.
Enfim, dentre os inúmeros benefícios oferecidos à nossa gente pelo Poder Público, nos últimos anos (não foram poucos), certamente este teve um peso gigantesco, diante de sua importância na vida de 50 famílias, que sequer tinham um teto para criar os seus filhos, que, por sinal, não são poucos. Coisas que só mesmo ELE, o nosso PAI consegue explicar!
Graças a Deus, ao arrojo do ex-prefeito João Cury Neto, que colocou no seu Plano de Gestão, a execução dessa proposta; à seriedade do Prefeito Mario Pardini, que nunca titubeou em concretizar os planos que foram traçados pela gestão anterior e, principalmente, ao ATO de CIDADANIA, maravilhosamente bem exercido pela colega Ondina Silvia Cotrim que, utilizou sua influência, conquistada graças ao seu trabalho junto à sociedade carente, hoje os pescadores do Porto Sayd, possuem um lar, bem diferente daqueles malfadados barracos. Parabéns, querida colega de grupo e amiga inseparável, pela luta em prol de uma causa dessa grandeza e também, pela benção que recebeu durante todo o desenrolar dessa conquista.
Queridos amigos, assim é a vida! Essa é a única riqueza que levaremos quando terminarmos as nossas missões por este mundinho de ninguém! Aquelas minhas lágrimas despejadas, em forma de revolta, escondido dos meus colegas, dez anos atrás, quando da realização de uma simples festa de Natal para crianças miseráveis, hoje são derramadas num formato muito alegre, até porque, não consigo medir o tamanho da felicidade que sinto em saber que aquelas crianças (hoje, quase todas adolescentes) têm, ao menos, o seu cantinho para repousar, longe do frio, da chuva e de outras “maravilhas” que conseguem machucar até a nossa alma. Obrigado, por mais essa querido Pai Eterno!
Rubens de Almeida – Alemão/[email protected]
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