Há muito tempo, o nosso Hospital das Clínicas da UNESP tem feito a diferença no eficaz atendimento daqueles que, para ele, se deslocam ? procura de resolução para os diversos problemas de saúde enfrentados.
Queiram ou não, isto é uma realidade que não abrange somente a população botucatuense, mas de uma vasta região que compreende mais de 100 municípios do Estado de São Paulo e, porque não dizer, de muitas cidades brasileiras.
Pois bem, nos últimos dias, esse mesmo complexo hospitalar, referência em todo país – salvação de muitos Prefeitos Municipais que optam por comprar um ônibus para transportar seus munícipes para cá, em vez de estruturar uma unidade de saúde em sua casa para cuidar da sua gente – vem sendo notícia (não muito agradável) em diversos veículos de comunicação; ora por um fato corriqueiro, ora por um desses imprevistos que, infelizmente, não deixam de ser normais quando o incidente envolve crescimento e desenvolvimento.
Acho até, que esse baita hospital, que qualifica anualmente centenas de profissionais médicos, merecia de todos nós, um tratamento, no mínimo, bastante carinhoso. No entanto, estamos no Brasil.
Só na semana que passou, dois episódios indigestos abalaram, não só a imagem do nosso querido HC, mas principalmente, o brio de servidores (certamente, mais de 1500) que, dia após dia lutam para que essa maravilhosa potência continue sendo uma referência positiva no cuidado ao nosso povo.
Primeiramente, nos deparamos com a tal história do não cumprimento da jornada de trabalho daqueles que recebem salários para trabalhar e, sem justificativa alguma, não cumprem com o seu dever. A reportagem exibida pela emissora de televisão da região, na última semana, mostrou, em detalhes e, com muita propriedade, dois colegas médicos burlando as regras que regem os seus contratos de trabalho.
Claro que esse tipo de abuso não tem respaldo de ninguém que milita no cotidiano do nosso hospital (muito menos o meu), mesmo assim, essa reportagem conseguiu trazer um enorme constrangimento ? toda coletividade unespiana. O que se ouviu pelos corredores da Instituição após esse fatídico trabalho investigativo foram, somente, frases de decepção.
Na minha modesta opinião, esse abuso mostrado através da TV não é de todo, responsabilidade só dos infratores, mas sim desses tais CHEFES que são muito bem remunerados para fazer o seu papel, como responsáveis imediatos e, simplesmente, não desempenham com seriedade suas funções.
Nós, servidores técnico-administrativos (que também estamos ? mercê desse ponto digital, tão louvado por quem o idealizou) há muito, vivemos sob tensão, até porque, também existem em nosso meio, vários colegas picaretas que a todo custo tentam driblar as suas chefias.
Longe de mim querer questionar a verdade dos fatos, ao contrário, acho que os dois colegas mostrados nas imagens deram péssimos exemplos ? sociedade, no entanto, muito me preocupa a forma como as tais verdades vieram ? tona. Tenho receio de estar perdendo toda a liberdade conseguida através de muita luta – batalha que, inclusive, custou a vida de muitos brasileiros – com o fim do desgraçado Regime Militar. Enfim…
Depois aconteceu aquela situação daquele bebê que veio ao mundo (graças a Deus, muito saudável) num lugar impróprio do Hospital. Que pena! Isso foi profundamente lamentável. Evidentemente que o pessoal da maternidade não queria vivenciar um dissabor dessa conjuntura, porém, como na vida, nem tudo é perfeito, quis Deus que essa tremenda fatalidade ocorresse.
Confesso que me senti motivado nesta semana, a falar das coisas que norteiam o Hospital das Clínicas por me considerar, além de uma prata da casa que acompanha quase tudo o que acontece por lá e ser o funcionário mais antigo, pelo simples fato de ver o nosso querido HC numa manchete negativa, não só na cidade, como em toda a região. Achei que deveria selar a minha lealdade a quem, por mais de 43 anos me acolhe profissionalmente e, mais ainda, que continua me proporcionando a oportunidade de um crescimento que todo funcionário almeja conquistar.
Pena que tudo isso acontece num momento de difícil aceitação.
Prezado leitor, como disse no início deste conto, essa fantástica unidade hospitalar que presta, diariamente, um serviço de saúde diferenciado (por lá, diariamente, nasce um alto número de crianças; são realizados outros números expressivos de cirurgias das mais variadas especialidades; exames e consultas médicas, nem se fale; e as acomodações nos leitos hospitalares, as internações? Mais de 600, e por aí se vai …) a milhares de pacientes das mais variadas regiões deste país falido no quesito SAÚDE, não deve e nem merece ser exposta na mídia (seja ela escrita, falada ou televisada) de maneira injusta, por irresponsabilidade de algum dos seus filhos, prestadores de serviço, ou por uma situação isolada (não compactuada por ninguém) que escapa do controle de quem briga, cada vez mais, para que lá sejam prestados serviços de primeira linha.
Por fim, abraço calorosamente todos os meus colegas funcionários do quadro de servidores do Hospital das Clínicas, muito especialmente, os incansáveis profissionais da enfermaria de Obstetrícia, do Berçário, da UTI Neo Natal e do Centro Obstétrico.
Meu carinhoso abraço desta semana é dedicado, integralmente, a uma pessoa mais do que especial; um ser humano repleto de ótimas qualidades, com quem vivi, por muitos anos na sempre lembrada FCMBB e que, para a nossa tristeza, na última sexta-feira, nos deixou para ir morar no céu, ao lado do Senhor: meu querido e já saudoso amigo Professor Vinicio Aloise.
Rubens de Almeida – Alemão
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