AFINAL, É OU NÃO É, UMA VERGONHA?

Rubens Almeida
AFINAL, É OU NÃO É, UMA VERGONHA? 19 janeiro 2011

Confesso que não gostaria de fugir dos assuntos que, diretamente, dizem respeito ? sociedade botucatuense, ainda mais, depois que tomei conhecimento do “desabafo” que o ex-prefeito municipal Mário Ielo fez através de uma emissora de rádio local – com certeza, num momento oportuno, vou contar aos meus leitores um “causo” envolvendo o ex-administrador do município, numa campanha filantrópica realizada na cidade, que me causou muita revolta; entretanto, a fatalidade gerada pela força da natureza, que vitimou centenas de pessoas e alguns fatos nojentos, que, infelizmente, só acontecem neste Brasil que insistem em dizer que é de TODOS OS BRASILEIROS, impulsionaram-me a escrever este artigo.

Primeiramente, quero me solidarizar com todos aqueles irmãos cariocas pela amarga realidade que vêm enfrentando, afinal, a vida é mesmo assim; nenhum de nós consegue imaginar do quê a natureza é capaz. Evidentemente que os órgãos governamentais podem nos alertar sobre determinados riscos a que estamos expostos, porém, nem sempre aquilo a que somos orientados conseguimos colocar em prática. E assim exatamente foi o que aconteceu na maioria dos deslizamentos de terra nas cidades serranas do Rio de Janeiro.

Longe de mim querer questionar os ”estalos” que a natureza provoca, sobretudo, quando se tratam de situações que poderiam ser evitadas com programas de prevenção; na verdade, a única saída que encontramos pela frente após uma desgraça dessa proporção é darmos as mãos uns aos outros, em prol do bem estar coletivo. Acredito que o povo brasileiro (não só os cariocas) terá um papel muito importante na reconstrução de tudo o que acabou destruído nessa tragédia. Aliás, parece que o outro lado da moeda também está movimentando a população da sempre encantadora “Cidade Maravilhosa”.

Excepcionalmente, no mesmo dia em que catástrofes aconteciam em vários pontos desse respeitado Estado, um mocinho mimado (Ronaldinho Gaúcho) desses boyzinhos que vivem em função do “cascalho”, amparado por seu procurador e irmão Assis (gente finíssima) e cuja família havia, dias atrás, “fechado as portas” de um programa social que envolvia o futuro de centenas de crianças carentes no Rio Grande do Sul, conseguiu levar para a sede do CR Flamengo milhares de pessoas para aplaudir a sua chegada ao clube. Quanta estupidez!

Confesso que não conseguia entender nada dos noticiários, uma vez que, um canal de televisão reservava espaços para mostrar a tragédia dos morros e outro para registrar a “façanha” da presidente do Flamengo Patrícia Amorim; o mais grave é que tudo estava acontecendo no mesmo lugar. Tinha mais gente “prestigiando” a chegada do jogador, do que voluntários no auxílio aos desamparados.

É o fim da picada! Além do mais, será que esses torcedores sabem que esse “fenômeno” que acabou de ser mandado embora da Itália vai ganhar por mês o equivalente a 2.800 salários mínimos, ou melhor, R$ 1.500.000,00, aproximadamente? Acredito que não; a ficha desses fanáticos torcedores só cairá no dia em que ocorrer o primeiro “choque” entre esse “dodóizinho” e algumas estrelas do time flamenguista, o Professor Vanderlei Luxemburgo, por exemplo. Como bem diz o renomado jornalista Boris Casoy: “isso é uma vergonha”!

Seria bom que toda essa quantia astronômica em dinheiro oferecida a um único brasileiro também marcasse presença no dia-a-dia daqueles que perderam tudo com os deslizamentos de terra; no entanto, nada disso ocorrerá, pelo menos, o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral não demonstrou nos seus primeiros atos, estar com a “mão aberta”. O governo carioca planeja ofertar aos desabrigados tão somente a oportunidade de sacar 40% do FGTS e, ? queles que perderam suas moradias, alguns meses de “Vale Aluguel”, no valor de R$ 300,00 cada. Disso, nem mesmo o respeitado apresentador Boris Casoy pode falar que é uma vergonha.

É, minha gente, lamentavelmente, têm acontecido muitas tragédias neste país rico e maravilhoso. Sempre que a natureza mostra o seu descontentamento com o homem, ela consegue deixar, mais do que evidenciado, um rastro enorme de tristeza e desespero. Ainda bem que “nóis”, filhos deste país injusto socialmente – que insistem em dizer que é de todos os brasileiros – continuamos contando com a força, a proteção e o Poder Dele, o Protetor do Mundo.

Por fim, deixo duas indagações no ar: a primeira direcionada ao “novo” astro do futebol nacional: prezado Ronaldinho, talvez você não saiba, mas muitos artistas (bem mais reconhecidos do que você e que faturam bem menos), não abrem mão de ajudar o próximo. Vá visitar o hospital do Câncer de Barretos, por exemplo, e tome conhecimento da realidade que norteia aquela Casa de Saúde gigantesca e quem são os seus colaboradores. A outra em forma de reflexão a todo povo brasileiro: o governo federal está prometendo um sistema nacional de alerta e prevenção de desastres naturais. Só que a perspectiva de ação é só para daqui a quatro anos. Haja paciência!

Meu carinhoso abraço desta semana é dedicado, especialmente, aos amigos da Rádio Municipalista de Botucatu, que, na manhã seguinte aos “estragos” provocados pela natureza no Rio de Janeiro, “arregaçaram as mangas” e iniciaram uma bonita arrecadação de donativos que serão enviados aos desabrigados, através da Defesa Civil do Município.

{n}Rubens de Almeida – Alemão
[email protected] {/n}

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