CRESCIMENTO SEM EMPREGO – JOBLESS GROWTH

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CRESCIMENTO SEM EMPREGO – JOBLESS GROWTH 17 janeiro 2019

Por Paulo André de Oliveira

A perspectiva de uma economia em crescimento sem emprego tem ramificações para todos. Uma economia que cresce sem mostrar crescimento concomitante no número de empregos desafia investidores, empregados e indústrias a se adaptarem à nova ordem econômica. Quando o crescimento é associado ao alto desemprego, isso significa que a economia está passando por mudanças estruturais. À medida que a população de um país cresce, as pessoas precisam trabalhar para sustentar suas famílias e a si mesmas. Uma economia em expansão é necessária para empregar todos aqueles que buscam trabalho. Sem crescimento econômico suficiente, as pessoas que procuram trabalho não conseguirão encontrá-lo. Em qualquer condição econômica, são os trabalhadores individuais que possuem habilidades empregáveis ​​que encontrarão o trabalho primeiro. Se a oferta de empregos é abundante, mais oportunidades se abrem para aqueles com habilidades menos atraentes ou mais limitadas.

Em uma economia em crescimento sem emprego, o desemprego continua teimosamente alto mesmo com o crescimento da economia. Isso tende a acontecer quando um número relativamente grande de pessoas perdeu seus empregos e a recuperação resultante é insuficiente para absorver os desempregados, subempregados e os que entram pela primeira vez na força de trabalho. As economias experimentam mudanças cíclicas e estruturais à medida que se recuperam de uma recessão como recentemente aconteceu no Brasil.

Numa economia cíclica, o crescimento do emprego e o declínio seguem a expansão e a contração da economia. Uma mudança estrutural, no entanto, desloca muitos trabalhadores desempregados, pois suas empresas não conseguem se recuperar totalmente. Nas economias cíclicas, o PIB (Produto Interno Bruto) do país contrai-se à medida que as empresas demitem os trabalhadores para que os custos sejam compatíveis com as receitas. O desemprego sobe, contribuindo para a contração econômica (ciclo de baixa). Em algum momento, a economia se estabiliza e começa a se expandir novamente (ciclo de alta). Quando isso acontece, as empresas recontratam seus trabalhadores demitidos. Este processo de recontratação reduz o nível de desemprego. Nesse caso, as habilidades e o treinamento dos trabalhadores atendem às necessidades das empresas.

Essa recuperação da atividade em setores estabelecidos ajuda os trabalhadores demitidos a serem recontratados em seu campo ou aumenta suas chances de encontrar um trabalho semelhante em uma empresa diferente. Em uma recuperação cíclica, as principais indústrias da economia permanecem viáveis, e até fortes, e são capazes de recuperar com relativa rapidez sem sofrer mudanças significativas em suas operações básicas. Como resultado, o emprego se recupera, embora fique abaixo dos níveis de recuperação da economia como um todo. Eventualmente, o crescimento econômico reduz os níveis de desemprego. As economias que experimentam um alto nível de desemprego, mesmo quando seu produto interno bruto (PIB) se expande, encontram mudanças estruturais em sua economia, em vez de uma recuperação cíclica.

Muitas das empresas existentes não conseguem se recuperar totalmente em uma recessão causada por mudanças estruturais. Essas empresas não podem mais competir no mercado à medida que a demanda por seus produtos ou serviços diminui. Isso pode ser devido à disponibilidade de novos bens ou serviços a um custo menor. Em outros casos, produtos inteiramente novos podem substituir o produto ou serviço principal de uma empresa. Como essas empresas não conseguem se recuperar, elas não recontratam seus antigos funcionários. Com os empregos anteriormente disponíveis já ultrapassados, esses trabalhadores precisam encontrar trabalho em outras atividades, onde suas habilidades não são tão ajustadas e valorizadas.

Uma economia em crescimento sem emprego indica a existência de mudanças na base fundamental do trabalho para todos. Para alguns trabalhadores será positivo, pois eles têm as habilidades e o treinamento que as indústrias em crescimento exigem. Outros enfrentam desemprego de longo prazo ou subemprego e não conseguirão encontrar trabalho até obterem novas habilidades. Alguns  empresários (ou investidores) que reconhecerem as mudanças estruturais na economia serão beneficiados se alinharem seus portfólios de investimento com as oportunidades de crescimento da economia. Encontrar setores que estão crescendo pode ser tão simples quanto seguir os números de emprego por setor. Então, um estudo mais detalhado pode ser feito sobre as empresas promissoras dentro desse setor.

Paulo André de Oliveira é Professor da FATEC

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