O ser humano começa a fazer as primeiras experiências de sua existência no mundo afetivo onde está sendo gerado e certamente absorve todo estímulo bom ou não onde começa a adquirir o formato de sua personalidade futura. Impressionante como J. Piaget e Eric Erikson convergem em dizer que o ser humano e protagonista de seus próprios passos e jamais deveria ser visto como um recipiente onde são colocadas apenas informações, mas ele acaba por absorver, captar toda a realidade que está ao seu redor. Praticamente poderíamos dizer que os pais são os primeiros e fundamentais educadores de sua prole.
A educação é algo que não deveria ser terceirizada, pelo fato que a Escola, Comunidades, Igrejas e Associações são parceiras no processo educacional, mas não protagonistas, deveriam auxiliar, uma espécie de extensão da educação vivenciada em casa. Cada vez mais os encontros dentro de casa são desafiados pela falta de tempo, os exemplos acabam se limitando em palavras ou lições de moral e o testemunho vivencial vai se esvaziando, palavras que se divergem da vida cotidiana e nós mesmos com frequência somos habituados a dizer que os “exemplos arrastam” e realmente arrastam, porém são capazes de arrastar para o bem ou para a ruína social. As pequenas mentiras, as pequenas omissões, podem se tornar os pequenos passos para arruinar a personalidade das pequenas vidas que estão ao nosso lado.
Não é possível garantir o futuro de ninguém, mas é possível garantir todo o esforço do momento presente, não podemos interferir no livre arbítrio de nossos filhos amanhã, mas com certeza podemos orientar com a prática diária a melhor maneira de escolher. Confundir liberdade com libertinagem, evitando limites, permitido tudo sem ao menos orientar, pode ser uma consequência de criar pessoas que para conseguir o seu espaço torna-se capazes de qualquer coisa, ou seja, desde pequeno poderíamos aprender o respeito, poderíamos aprender o sentido de liberdade, hoje quando permitimos que nossos pequenos corram e urinem sobre jardins públicos floridos, subam em bancos, caminhem pelas grades, joguem lixo nas calçadas, certamente estamos contribuindo para que no amanhã tenhamos cada vez mais seres humanos preocupados apenas com o seu “próprio umbigo”.
Muito prático não assumirmos nosso papel de educador, logicamente é mais fácil não nos responsabilizarmos com este processo, afinal assumindo este papel, não precisamos nos comprometer e nossa vida se torna muito mais cômoda. Agora tenha certeza que aquilo que não fazemos em casa, aquilo que deixamos para alguém fazer, não podemos garantir uma consciência tranquila que fizemos o melhor e tudo que estava ao nosso alcance e certamente alguém fará por nós aquilo que é nossa competência, na ausência de pais conscientes e responsáveis, a vida pode apresentar uma série de “educadores’ pelo caminho de nossos filhos. A grande pergunta é: que tipo de educação irão receber?
Padre Emerson Anizi
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