Nestes dias estamos vivendo a grandiosidade do espírito olímpico, onde todas as culturas se encontro e dentro de uma rivalidade esportiva conseguem encontrar a comunhão envolvente de todas as raças. Esta é uma das belezas da globalização. Ao mesmo tempo podemos perceber que mesmo dentro desta realidade positiva, encontramos situações constrangedoras, as quais também são frutos da chamada globalização.
A globalização ofereceu a sociedade a capacidade veloz da comunicação e o intercâmbio de culturas, favorecendo o conhecimento e encurtando a distância entre pessoas, possibilitando vínculos e manutenção dos mesmos. Uma mistura visivelmente possível pelas famosas e tão desafiadoras redes sociais.
Redes sociais que proporcionam um mundo a ser explorado e descoberto, novas amizades, novos relacionamentos, ou seja, um canal que pode sem dúvida trazer muitos benefícios para quem sabe usar de maneira equilibrada e conscientemente. Ao mesmo tempo as redes sociais também oferecem ferramentas que são capazes de criar personagens que não são capazes de encontrar seu espaço no mundo real e criam personalidades virtuais, transferindo para a rede tudo aquilo que não conseguem viver na vida cotidiana. Perfis projetados com tudo aquilo que não se vive na realidade e talvez pela frustração, fraqueza, medo ou incapacidade, ou até limitação pessoal, acabam se tornando na virtualidade tudo aquilo que não é em sua própria realidade.
Interessante notar que as páginas, perfis, são como páginas em branco que aceitam tudo e sem filtro, de acordo com a vontade e a liberdade de quem escreve. Covardemente julgam, escracham, denigrem e difamam pessoas no mundo real, onde a virtualidade ganha corpo e forma, através de comentários e ridicularização, verdadeira covardia, pois aquilo que não conseguem dizer face a face, pessoalmente, acaba dissipando no mundo virtual. Lembremos do caso da judoca Rafaela Silva, medalhista olímpica, que através das redes sociais sofreu atos de racismo, insultos, palavras que a feririam na alma, assim como a seus familiares, certamente ofensas covardes que jamais seriam ditas frente a frente, comentários cheios de coragem postados por pessoas corajosas na virtualidade, porém covardes e pequenas na vida real.
Um belo filtro antes de qualquer digitação deveria ser a pergunta: “…será que aquilo que escrevo, comento na virtualidade, eu seria capaz de dizer face a face?…o que comento, o que escrevo traz algo de bom?…antes da minha escrita, já coloco em prática o que estou opinando?”. Desta maneira podemos evitar que o mundo virtual se torne projeções de nossa frustração pessoal e de nossa incapacidade de fazer a diferença no dia a dia real. Usar as redes sociais conscientemente é uma forma de bem utilizar tudo de bom que a globalização nos trouxe.
Padre Emerson Anizi
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