Sóbrio e com vontade de viver: O Acontece Botucatu conversou com umas das pessoas mais conhecidas de Botucatu; assista ao vídeo

Cidade
Sóbrio e com vontade de viver: O Acontece Botucatu conversou com umas das pessoas mais conhecidas de Botucatu; assista ao vídeo 02 abril 2016
FOTOS ACONTECE BOTUCATU

Luiz Carlos Oliveira é uma das pessoas mais conhecidas de Botucatu. Mas provavelmente você não o conhece pelo nome, e sim pelo apelido. Há mais de 15 anos ele virou uma espécie de celebridade, porém, o que para muita gente era motivo de risada, para ela era um problema grave de saúde.

Vítima do alcoolismo, Lui, como ficou popularmente conhecido, ganhou milhares de simpatizantes, porém, muitas pessoas zombavam de sua condição e de seu comportamento nas ruas de Botucatu. Hoje, aos 43 anos, ele tenta retomar sua vida. Ao Acontece Botucatu ele disse que “largou” álcool há 1 ano e meio e agradece a Deus a chance que teve. Para Lui, foi Deus quem o livrou do álcool, já que ele não fez nenhum tipo de tratamento.

“Minha vida foi marcada pela bebida, vocês me conhecem assim, muita gente lembra do Lui embriagado que ficava dançando na frente de uma caixa de som. Mas aquilo me fez mal, e demorou para que eu pudesse realmente acordar para a vida”, contou Lui durante uma longa entrevista, que você pode assistir pela TV Acontece.

A conversa com a reportagem do Acontece Botucatu foi mero acaso, daqueles encontros que ocorrem por algum significado maior. Após bons minutos de conversa, a emoção tomou conta de Lui, sentimento que contagiou a nossa equipe. Era como se estivéssemos sentindo também um misto de felicidade e angustia que o nosso entrevistado deixava transparecer.

“Cara, eu comecei a beber com 16 anos. Foi um primeiro gole em um momento difícil e as companhias te levam para isso. Aí você encontra na bebida uma saída fácil para os problemas. Depois a bebida vai ficando doce, cada vez mais convidativa, daí sem perceber você já está dependente dela”, disse.

Após muitos anos dependente não só do álcool, mas também do cigarro, Lui contabiliza o que perdeu. Atropelado em duas oportunidades, ele sofreu algumas fraturas que o atrapalham, mas que não tiram a vontade de recuperar o tempo perdido.

“Eu quebrei a perna e bacia. Fui atropelado essas vezes por conta da bebida. Hoje ainda sinto meu corpo desequilibrado, mas tenho que pensar para frente. Passei uma borracha no passado e vivo para recuperar o tempo perdido nas ruas. Penso que podia nem estar aqui, já era para ter acontecido algo pior”, explicou.

Apesar das limitações físicas, Lui exibe com orgulho uma bicicleta que comprou com o dinheiro curto que recebe de sua pensão. Bem cuidada, a “magrela” carrega alguns mimos que ganhou de pessoas que demostram carinho.

A bicicleta serve de locomoção para o local onde mora na zona norte da cidade. “Eu que comprei com meu dinheiro. Ela me leva para os lugares e para minha casa. Tenho alguns enfeites que ganhei e os retrovisores. Ela não é nova, mas está bem cuidada”, disse com sorriso aberto, inclusive com “novos” dentes.

Mágoa com “pessoas maldosas”

Mostrando uma sinceridade que emociona, Lui contou que já ficou sabendo de pessoas que se aproveitaram dele para cometer o que ele chama de maldade com sua condição.

“Eu sei que muitas pessoas zombavam de mim na rua quando eu bebia. Mas ultimamente alguns jovens me paravam no meio da rua para tirar foto e eu concordava, sorria e tirava a foto. Depois eu ficava sabendo que usavam minha imagem na internet para fazer gracinhas e tirar sarro. São pessoas maldosas que não tem o direito de fazer isso”, revelou magoado.

Sonhos, família e mensagem para quem é dependente

Apesar de uma vida sofrida com o vício do álcool, Lui ainda tem sonhos, aliás, o mais comum entre os brasileiros, a casa própria. “Eu ainda sonho em ter minha casinha. Tento juntar um dinheirinho, né?! É difícil, mas ainda quero ter meu cantinho, acho que todos sonham com isso”, colocou.

Ao falar de sua família, nosso entrevistado especial deixou um pouco a espontaneidade de lado. Cabisbaixo, contou que sua mãe também sofreu em vê-lo refém do vício. “Ela nunca gostou, e hoje está contente em me ver bem”, confidenciou Lui, que ainda tem 4 irmãos.

Por fim, Lui deixou uma mensagem positiva, uma palavra aos que sustentam o vício do álcool. “Tem que partir de você mesmo, pois caso contrário a bebida te consome. E dobre os joelhos para Deus, pois ele vai te guiar. Deus é tudo”, emociona-se Lui. Emoção que contagiu toda a equipe de reportagem e, com certeza, grande parte de nossos leitores neste momento.

Júnior Quinteiro

Assista em vídeo a reportagem de Luiz Carlos Oliveira, o Lui na TV Acontece:

Compartilhe esta notícia
Oferecimento
BERIMBAU INST MOBILE
Oferecimento