Os servidores do Sistema Judiciário de São Paulo estão, oficialmente, de greve por tempo indeterminado. Em Botucatu a paralisação é ainda parcial e somente dois cartórios (2ª e 3ª Varas), deixaram de trabalhar.
Na tarde dessa quarta-feira um grupo de trabalhadores do Fórum de Botucatu esteve em São Paulo e participou de uma Assembléia Geral na Praça João Mendes, onde foi oficializada a greve geral da categoria. A assembléia começou por volta das 13h30 e os servidores optaram pela continuidade do movimento.
Segundo o presidente da Associação da Família Forense, Carlos Eduardo Deléo, o Cacá, (foto) diretor do 3º Cartório Cível da Comarca, a categoria já estava em greve desde as primeiras horas dessa quarta-feira, mas muita gente optou por aguardar o resultado desta Assembléia em São Paulo, que foi o prazo dado ao Tribunal de Justiça para atender as reivindicações dos servidores.
Como não houve qualquer manifestação do Tribunal de Justiça, que se negou a negociar, o movimento ganhou força e agora não tem prazo para que essa situação seja definida. Então amanhã (quinta-feira), poderemos ter um parâmetro de como estará a adesão ao movimento em Botucatu. Na sexta-feira faremos uma assembléia em frente ao Fórum, a partir das 13 horas, colocou Cacá.
Ele lembra que nas duas últimas semanas os funcionários de todo Estado de São Paulo, se mantiveram trabalhando, mas em estado de greve aguardando o posicionamento do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, sobre as reivindicações da classe que pleiteia uma reposição salarial de 20,86% referente ? s perdas salariais dos últimos dois anos. Pleiteamos somente nossas perdas salariais de dois anos consecutivos sem aumento. Essas perdas ultrapassam a casa dos 20%. Por isso os funcionários forenses do Estado optaram por entrar em greve, repetiu Deléo.
O diretor forense, alega que a categoria tentou chegar a um acordo, já que a paralisação acarretará em prejuízos com o acúmulo de processos e desgaste para os trabalhadores. Demos um tempo para que o Tribunal de Justiça pudesse negociar e ficamos em estado de greve por duas semanas e não houve uma proposta do TJ. Por conta disso, os servidores optaram pela greve, explica o servidor forense, que não espera uma adesão total dos servidores.
Nosso objetivo como presidente da Família Forense é explicar aos servidores os motivos da paralisação e que a greve foi a única maneira que a categoria encontrou para sensibilizar o TJ. Nós não podemos obrigar ninguém a permanecer parado. Quem optar para ir trabalhar não será impedido, nem ameaçado. Podemos pensar numa adesão de 60% dos servidores, média semelhante a movimentos, anteriormente, deflagrados em Botucatu, observou Deléo.
{n}Última tentativa{/n}
Pouco antes da Assembléia Geral, os dirigentes das entidades representativas dos servidores foram convocados para uma reunião com o presidente do TJ, desembargador Antônio Carlos Viana Santos. A reunião que durou pouco mais de uma hora, não foi eficaz e nenhum acordo foi selado.
Viana prometeu concessão de um reajuste 4,17% a partir do próximo mês de junho, além de garantir que o plano de cargos e carreiras será votado pela Assembléia Legislativa no dia 4 maio. As propostas foram rejeitadas em Assembléia Geral e os servidores optaram pela deliberação da greve.
Vale lembrar, ainda, que na tarde de terça-feira, uma última reunião para tentativa de entendimento foi feita entre representantes dos servidores judiciários e Tribunal de Justiça. A reunião marcada para o prédio do gabinete dos desembargadores, na Rua Conde de Sarzedas, no Centro de São Paulo, gerou uma expectativa em meio ? categoria, já que aconteceu na véspera do início da greve.
Entretanto, a reunião com o desembargador Antônio Carlos Malheiros foi ineficaz. Nada foi decidido e tudo voltou na estaca zero, ou seja, com a decisão pela paralisação geral foi mantida, de acordo com a carta que a Associação dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo (Assojuris) encaminhou ? s lideranças forenses das cidades de São Paulo e região, explicando a razões da paralisação.
{n}Razões da greve{/n}:
* Defasagem salarial beirando ¼ do nosso salário;
* Perda do poder aquisitivo frente ? inflação já está insuportável;
* Condições de trabalho pioram a cada dia;
* Falta de funcionários já ultrapassa 15.000;
* Número de processos aumenta assustadoramente;
* Auxiliares fazem o serviço de Escreventes sem ganho salarial;
* Escreventes despacham pelos Juízes;
* Servidores sem receber indenização de férias etc.;
* Juízes recebendo indenização de férias no mês seguinte;
* Entre os Juízes e os Servidores, dois pesos e duas medidas.
* Presidente do TJ indiferente a tudo isso;
Foto: Fernando Ribeiro
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