Na manhã dessa quarta-feira (28) um grupo de trabalhadores do Fórum de Botucatu deverá viajar para São Paulo com a finalidade de participar de uma Assembléia geral na Praça João Mendes, onde deverá ser deflagrada uma greve geral da categoria por tempo indeterminado. A assembléia está prevista para acontecer a partir das 13 horas.
Os funcionários permaneceram as duas últimas semanas em estado de greve aguardando o posicionamento do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, sobre as reivindicações da classe que pleiteia uma reposição salarial de 20,86% referente ? s perdas salariais dos últimos dois anos.
O presidente da Família Forense de Botucatu, Carlos Eduardo Deléo, o Cacá (foto), diretor do cartório da 3ª Vara da Comarca, adianta que o que os funcionários estão pedindo não é aumento salarial e sim uma reposição. Pleiteamos somente nossas perdas salariais de dois anos consecutivos sem aumento. Essas perdas ultrapassam a cada dos 20%. Por isso os funcionários forenses do Estado optaram por entrar em greve, disse Deléo.
Lembra Cacá Deléo que os funcionários estaduais deram um tempo para que o Tribunal de Justiça pudesse se preparar para a paralisação. Entramos em estado de greve por duas semanas e não houve uma manifestação do TJ. Então, nessa Assembléia de quarta-feira, poderá ser deflagrada a greve por tempo indeterminado. No contexto atual, acho muito difícil essa greve não acontecer, prevê Deléo.
Sobre a adesão, ele prevê que a paralisação em Botucatu não deverá alcançar a totalidade, ou seja, 100%. Em movimentos semelhantes anteriores, a paralisação teve adesão de algo em torno de 60% dos funcionários. Este ano esperamos que a adesão seja maior, pois a reivindicação é justa, concluiu o Presidente da Família Forense de Botucatu.
Na tarde dessa terça-feira, uma reunião para tentativa de entendimento foi feita entre representantes dos servidores judiciários e Tribunal de Justiça. A reunião marcada para o prédio do gabinete dos desembargadores, na Rua Conde de Sarzedas, no Centro de São Paulo, gerou uma expectativa em meio ? categoria, já que aconteceu na véspera do início da greve.
Mas a reunião com o desembargador Antônio Carlos Malheiros foi infrutífera. Nada foi decidido e tudo voltou na estaca zero, ou seja, com a decisão pela paralisação geral foi mantida, de acordo com a carta que a Associação dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo (Assojuris) encaminhou ? s lideranças forenses das cidades de São Paulo e região, explicando a razões da paralisação que deverá ser definida em assembléia geral, na tarde dessa quarta-feira, em São Paulo. Conheça a carta:
{n}CARTA AOS SERVIDORES{/n}
Na próxima quarta-feira, dia 28 de abril de 2010, paralisaremos as atividades no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, primeira e segunda instâncias, Capital e Interior, todos os serviços jurídicos e administrativos. Nesse dia, ? s 13 horas, uma nova Assembléia Geral está marcada na Praça João Mendes, na Capital.
No mesmo dia e hora, outras dezenas de Assembléias Regionais devem acontecer em frente de cada um dos prédios com os servidores que não vierem para a Assembléia Geral, e não se esqueçam, com os prédios fechados, sem expediente. Por que você, e todos os Servidores do Judiciário, vão paralisar as atividades a partir do dia 28? Eis algumas razões:
* Estamos com uma defasagem salarial beirando ¼ do nosso salário;
* A perda do poder aquisitivo frente ? inflação já está insuportável;
* As condições de trabalho pioram a cada dia;
* A falta de funcionários já ultrapassa 15.000;
* O número de processos aumenta assustadoramente;
* Auxiliares fazem o serviço de Escreventes sem ganho salarial;
* Escreventes despacham pelos Juízes;
* Servidores sem receber indenização de férias etc.;
* Juízes recebendo indenização de férias no mês seguinte;
* Entre os Juízes e os Servidores, dois pesos e duas medidas.
* O Presidente do TJ indiferente a tudo isso;
A hora é agora. Não há mais o que esperar. O Tribunal de Justiça lança comunicados tentando desestimular nossa luta, dando, arbitrariamente, prazo até dezembro para compensações da greve passada para quem ganhou as ações, tentando segurar o Servidor no Cartório.
Mas você sabe que só indignação sem ação não vai mudar nada. Venha ajudar a pressionar o Tribunal de Justiça para nossa reposição salarial e abertura de negociações.
Foto: Fernando Ribeiro
Compartilhe esta notícia