Na manhã desta sexta-feira, 04, o Deputado estadual Fernando Cury desceu a Serra de Botucatu na SP 300, para verificar as condições do local, especialmente no KM 237, onde funcionários de uma empresa terceirizada trabalham para recuperar o trecho. A pista foi totalmente interditada após as chuvas de janeiro, quando parte do asfalto cedeu.
A interdição da Serra causou revolta e indignação, mas acima de tudo, um prejuízo financeiro enorme para moradores de bairros e cidades que dependem diariamente da estrada local. Fernando Cury esteve acompanhado de Marcos Dino, responsável pelas obras da Sondosolo, empresa terceirizada pela concessionária Rodovias do Tietê. O que foi dito pelo Parlamentar ao Acontece Botucatu após a vistoria é desanimador.
"O caso é mais sério do que eu imaginava, pois, o problema é estrutural, cedeu tudo. A empresa está colocando vigas de concreto em 15 metros de profundidade, isso dá 200 metros em dois pontos diferentes para conter a água da chuva e a separação do solo. Ao mesmo tempo que colocam o asfalto, as máquinas vão verificando outros pontos que aparentemente não estão prejudicados", explicou o deputado.
Moradores e usuários da via estavam no início do bloqueio da pista à espera do Deputado para mais informações. Eles pedem que metade da pista seja liberada no trecho apenas para veículos leves. Na opinião de Fernando Cury, essa não seria uma alternativa segura. "De um lado está o asfalto cedido, do outro a pista que estaria livre. Desse lado estão ocorrendo constantes deslizamentos de terra e pedras, o que poderia causar uma tragédia principalmente com veículos leves, por isso estou convencido de que não é uma alternativa viável", colocou Cury.
Críticas à concessionária
A ideia de o deputado ir até a Serra de Botucatu surgiu de uma entrevista na Rádio Municipalista. Após conseguir a liberação para descer no trecho, e verificar ‘in loco’ a situação, o deputado teceu críticas à empresa que administra a rodovia. "Estou fazendo aqui o papel da Rodovias do Tietê. De falar, verificar e dar informações, isso não está ocorrendo neste momento por parte de quem deveria fazer. Aquele primeiro prazo de até a primeira quinzena de março não será cumprido. Conversei com os engenheiros, e acredito que a Serra só será liberada em abril", disse Fernando Cury.
Fotos: Júnior Quinteiro |
Situação é dramática para moradores e usuários
No mês de fevereiro o Acontece Botucatu conseguiu entrar na Serra, verificou as condições de pista e conversou com moradores e usuários. Além do desgaste físico por longos desvios, o prejuízo financeiro é latente para todos.
Moradora de Botucatu, a jornalista Daniela Fioretto trabalha na cidade de Conchas, e vem enfrentando desde janeiro um verdadeiro calvário. Diariamente ela se utiliza de uma confusa rota alternativa, gastando mais combustível e pedágio, além do desgaste físico e mental.
“Após essa interdição minha vida ficou muito complicada, já que estou literalmente pagando para trabalhar. São aproximadamente 60 km no desvio por Bofete, ou seja, 120 quilômetros por dia para quem viaja ida e volta. São 45 minutos a mais por viagem. Estou gastando o dobro com combustível e pedágio, sem contar o desgaste físico e mental”, coloca.
O comerciante Joel Faggian é morador do Distrito de César Neto, na SP -300 km 233, e também está sofrendo com a interdição. Com necessidades diárias de se locomover até Botucatu, ele elenca as dificuldades encontradas há quase dois meses. “Eu tenho duas opções, que são o desvio de Pardinho e Bofete, onde vou gastar aproximadamente R$ 100 por dia, ou pela estrada da Indiana, que são 20 km por terra, mas quando chove o carro não passa. O gasto aí é de R$ 60 ao dia mais o desgaste do veículo. Eu preciso ir até Botucatu todos os dias, e apenas moradores da Fazenda Nova América estão autorizados a transitar. Então imagina a minha situação”, relata de forma indignada o comerciante.
Caminhonete quebrada. Quem vai pagar ?
O Comerciante Ednaldo Ceranto é uma das muitas vítimas da interdição da Serra. Proprietário de uma padaria em Botucatu, ele usa o sítio em Anhembi para suprir o seu negócio. E como tantos outros, está sofrendo prejuízos. “Colocaram um caminho por uma estrada de terra ali a partir da Indiana, mas é muito ruim. Ali eu quebrei o diferencial da caminhonete que uso todo dia para transportar produtos do meu negócio. Quem vai pagar por isso? Ou gasto muito mais combustível com uma enorme volta pela Castelo, pagando pedágio inclusive, ou arrisco quebrar de novo meu veículo pela Indiana”, lamentou o comerciante.
A palavra da Concessionária
Em nota, a Concessionária Rodovias do Tietê coloca que não vem medindo esforços para resolver o problema. A empresa disse que as chuvas agravaram a situação da via, sendo que a liberação só vai ocorrer com total garantia de segurança.
''É de extrema importância ressaltar que a concessionária apenas liberará as pistas quando verificar a absoluta segurança de todos os usuários e que, soluções paliativas apenas vão adiar a entrega completa e segura da rodovia para todos os usuários'', diz trecho da nota.
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