O restauro da estação ferroviária de Botucatu, uma das obras mais aguardadas pela população, será iniciado no próximo dia 2 de outubro. Um ato público, a partir das 9 horas, marcará oficialmente o processo de recuperação de um dos maiores patrimônios culturais da cidade, que por mais de uma década sofreu com a degradação e corria o risco de desaparecer.
A Prefeitura de Botucatu contratou para execução das obras a empresa Estúdio Sarasá, especializada em restauração, que tem em seu portifólio trabalhos importantes como o projeto de restauro do Teatro Municipal de São Paulo e o restauro do solar da Marquesa também na capital paulista. A empresa também executará o projeto de restauração do Edifício Martinelli, do Obelisco de 1932 no Ibirapuera e do Quartel da Cavalaria, no bairro da Luz.
A primeira etapa do trabalho na estação ferrroviária de Botucatu deverá durar em torno de quatro meses e está avaliada em cerca de R$ 1 milhão. A Prefeitura investirá em torno de R$ 400 mil e outros R$ 600 mil deverão ser financiados por empresas como a Caio Induscar através do PROAC (Programa de Ação Cultural) do Governo do Estado. As ações contemplam a recuperação completa do telhado, da fachada principal, limpeza do saguão, preservação dos vitrais e instalação de alambrado ao longo da plataforma de embarque e desembarque de passageiros.
O projeto ainda prevê um trabalho de educação patrimonial que será executado pela empresa Producom. O diretor Fernando Caseiro informa que através de ampla pesquisa serão produzidos painéis retratando a história da ferrovia e a importância do processo de restauro da estação.
A partir de imagens e textos serão reproduzidos painéis, haverá exposição de slides e deveremos ter alguma coisa de touch screen para apresentação de imagens. A ideia é que a Secretaria de Educação leve escolas até lá para que as crianças e jovens possam compreender o que foi a estação e o processo de restauração. Será uma ação permanente, informa.
{tam:25px}Risco {/tam}
O conservador restaurador Antonio Luís Ramos Sarasá Martin afirma que o trabalho de educação patrimonial é essencial para garantir a preservação da estação que será recuperada. O tombamento de algum bem é um ato administrativo feito pelo poder público do reconhecimento e da atribuição da sociedade. É justamente isso que vamos fazer. A relação de pertencimento com a sociedade. A educação patrimonial é demonstrar o que tem ali, o que representa a estação, quais as características que ela tem e fazer essa relação de pertencimento. Aí vem todo equipamento que o Fernando vai colocar, que são exposições, monitoria. A educação patrimonial é para trabalhar essa relação de pertencimento da sociedade com o bem. O restauro por si só, com a materialidade, não se sustenta. Isso é uma coisa que a gente trabalha muito hoje.
Segundo Sarasá, o prédio da antiga estação apresenta vários danos e patologias. A estação está bem degradada. Tem vegetações, ação de deterioração, cobertura totalmente deteriorada, as argamassas com soltura, problema de exposição dos próprios tijolos. Vamos resgatar primeiro a sanidade do edifício e depois o próprio uso. Se nada fosse feito, em pouco tempo o prédio poderia estar entrando em situação de ruína. Os elementos estão se desprendendo, caindo. Se deixasse muito tempo, logo teríamos o colapso da cobertura. Ainda conseguiremos resgatar muito do prédio. Mais um pouco seria impossível, adverte.
O prédio da estação tem um valor importante já que faz parte do desenvolvimento econômico e cultural da cidade. Será resgatado seu poder de relação com Botucatu e vamos colocar esse potencial ? disposição da sociedade, completa.
{tam:25px}Opiniões{/tam}
O secretário de Cultura, Osni Ribeiro, destaca que a atual gestão sempre demonstrou preocupação com o patrimônio ferroviário e garantiu a posse da maior parte dos imóveis existentes na cidade, condição fundamental para que o processo de recuperação pudesse ser iniciado.
O restauro da estação vem dar visibilidade para que a população possa entender a importância e ter novamente a sensação de pertencimento do espaço. Os ferroviários, as pessoas que circularam e trabalharam naquele espaço têm uma memória muito viva e sentem falta disso. Talvez seja a obra, o acontecimento relacionado ? cultura mais importante nas últimas décadas, declara.
Já o historiador e secretário municipal de Descentralização e Participação Comunitária, João Carlos Figueiroa, diz que a estação ferroviária já precisava de uma restauração mesmo na época em que estava funcionando porque vários espaços como o telhado e as paredes sofriam sem manutenção.
Já são 13 anos que a estação deixou de funcionar e ela só veio degenerando. Até que Botucatu conseguiu fazer uma manutenção que segurou um pouco a invasão e a depredação. A população se mobilizou. Durante esse período, o senhor Góes, de modo voluntário, vinha varrer a estação, afugentando os depredadores. Compareceu como cidadão. Todos ficarão contentes, principalmente a família ferroviária, comenta.
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