
Moradores identificam semelhanças com identidade visual de cidade alagoana; autor da arte original se manifestou
*Reportagem atualizada às 22h22 para inserção da resposta da Prefeitura de Botucatu

A Prefeitura de Botucatu anunciou no dia 20 de maio de 2025 a nova marca institucional da gestão Fábio Leite (2025-2028). O lançamento, promovido pela Secretaria de Comunicação, veio acompanhado de um texto que tenta justificar a criação com conceitos como progresso, inclusão e conexão com a história da cidade. Mas o que era para ser um marco de renovação virou polêmica.
Logo após a divulgação, internautas apontaram uma semelhança indiscutível entre a nova identidade visual de Botucatu e a marca da Prefeitura de Igreja Nova, em Alagoas. Os traços, formas e até a paleta de cores são extremamente próximos, o que levanta suspeitas de plágio ou, no mínimo, uma alarmante falta de originalidade por parte da equipe ou empresa responsável pelo projeto.
“Sacanagem por parte da Prefeitura, pagar uma agência de marketing que nem é da cidade para ela fazer plágio do trabalho de outras pessoas. Notável que ninguém da Prefeitura teve um breve desconfiômetro para verificar se existia cópia ou não da própria identidade visual”, disse um morador da cidade que preferiu não se identificar.
O material oficial divulgado pela Prefeitura afirma que a nova marca “respeita a heráldica tradicional” e tem como missão unir “o clássico e o contemporâneo”. A explicação parece bem pensada — mas esbarra num problema prático: a ausência de qualquer informação concreta sobre quem criou a identidade visual, quanto custou e qual foi o processo criativo.
Além disso, embora o release funcione como um “mini manual” com justificativas cromáticas e simbólicas, a Prefeitura não divulgou um manual técnico completo de identidade visual, que é o que de fato garantiria transparência, coerência e proteção da marca.
Criação terceirizada?
A suspeita é de que a marca tenha sido desenvolvida por uma empresa contratada. No entanto, a Prefeitura ainda não se manifestou oficialmente sobre a origem da marca. Em tempos de valorização do design original e da reputação institucional, reutilizar ou adaptar criações alheias pode ser um tiro no pé.
Em outras cidades, como Niterói (RJ), a pressão popular já fez prefeituras recuarem de novas logomarcas após denúncias de cópia ou reprovação estética. Em Botucatu, a reação da população também já tomou conta das redes sociais.
O Acontece Botucatu conversou com o autor da identidade visual do município de Igreja Nova, estado de Alagoas. Eduardo Ewerton Costa, de Maceió, Alagoas, se disse frustrado com a cópia.
“Tive informação agora a noite a prefeitura de Botucatu já tomou conhecimento e através da sua agência já entrou em contato. Estou esperando a providência que será tomada para resolver essa situação da melhor forma possível. Mas que é algo frustrante, é, para o profissional que produziu a identidade visual e teve o seu projeto plagiado”, disse Eduardo Ewerton ao Acontece Botucatu.
As postagens feitas pela prefeitura em redes sociais oficiais foram apagadas, assim como os comentários criticando a nova identidade visual. A reportagem entrou em contato com a Secretária de Comunicação da Prefeitura de Botucatu que enviou a seguinte informação:
“A Prefeitura de Botucatu ainda não foi oficialmente notificada sobre a acusação de plágio da nova marca. Por precaução, decidimos suspender temporariamente o uso da identidade visual até que a situação seja esclarecida. A empresa que gerencia o contrato de publicidade foi imediatamente acionada e deverá apresentar uma justificativa formal. No momento, não faremos novas declarações. Seguimos acompanhando o caso com responsabilidade.”


