Há 11 anos dona Irene Cara Oliveira ficou viúva e com a morte do marido, entrou em depressão. Em uma das consultas com o médico, veio uma alternativa para amenizar a doença. “O médico falou para eu colocar uma sacola nas costas e pegar reciclável. Aí comecei pegando latinha e fui aumentando”, lembrou dona Irene.
A ideia deu certo. A mulher foi se livrando aos poucos da depressão e passou a complementar a renda de casa com o que recebia da venda do material recolhido. Dona Irene se casou novamente e seo João Luís Oliveira passou a ajudar a mulher. O primeiro passo foi construir um carrinho para colocar o material. “Fui eu mesmo que fiz para ajudar a Irene. Assim ela não precisa mais carregar aqueles sacos cheios de latinha”.
O que era uma receita para curar a depressão virou profissão. Ainda não é reconhecida formalmente, mas dona Irene é uma coletora de recicláveis. Continua em busca de latinhas de alumínio e já ampliou a capacidade de coleta para garrafas de plástico, como Pets e embalagens de produtos de limpeza e bebida.
Ao contrário que se vê em alguns casos de pessoas que acumulam esse tipo de material em casa, a residência onde mora o casal e alguns cachorrinhos é muito bem organizada. “Ninguém pediu para a gente fazer isso, mas eu quis fazer esse barracão aqui. Assim fica tudo coberto, sem sujeira”, explicou seo Antônio.
Para conseguir os 20 quilos de material reciclado por mês não é fácil, já que os plásticos e as latinhas são leves e para chegar a essa meta é preciso uma grande quantidade de material. O corpo pequeno e a imagem frágil da mulher enganam a quem pensa que ela tem dificuldade para realizar esse trabalho.
“Eu saio de casa às 6 horas e volto só depois da uma da tarde. Olho por tudo. Abro os sacos, olho bem em tudo para ver se tem garrafa, latinha ou alguma coisa de plástico que dá para vender e pego. Depois fecho o saco deixo lá. O difícil é trabalhar com o sol quente ou quando chove, mas eu coloco um chapéu para proteger do sol e uma capa quando chove e continuo meu trabalho”, disse a mulher, toda orgulhosa.
Vale lembrar que não custa nada separar os materiais que podem ser reaproveitados. Isso facilita o trabalho de pessoas como a dona Irene. Deixe embalagens plásticas, latinhas e outros materiais recicláveis em sacolas separaras.
Voluntária auxilia os catadores
Valdelice Chamone é voluntária numa ação de cadastramento de catadores de recicláveis há 5 anos. “É possível observar até mulheres carregando seus filhos pequenos juntamente com elas durante o período de catação. Essa condição geralmente é forçada devido as dificuldades encontradas para deixar os seus filhos em creches, ou enquanto aguardam a vaga na qual seus filhos estão inscritos e isso chama a atenção, mexe com o sentimento”, contou Valdelice.
Ela considera que esse tipo de trabalhador não tem a devida importância perante à sociedade, mas considera o resultado da ação dos catadores imprescindível à comunidade. “Veja quanto material aqui na casa da dona Irene. Isso demoraria anos e anos para se decompor na natureza. Por causa do trabalho dela, isso não vai para os lixões, tudo vai ser reaproveitado”.
Valdelice encabeça um projeto de iniciativa popular para que o poder executivo reconheça o trabalho dessa categoria. “O projeto já está com mais de 800 assinaturas para tonar os catadores Agentes Ambientais e com isso dar mais atenção a essa categoria. Falta pouco para darmos entrada na câmara”, finalizou a voluntária.
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