Lucas Pontes de Andrade, de 24 anos, foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) em 2018. No Dia da Conscientização sobre o Autismo, o estudante lembra que, devido às dificuldades de socialização e na comunicação, criou a conta para, no começo, expor os desenhos.
Um estudante de psicologia e morador de Botucatu foi diagnosticado há quatro anos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Devido às dificuldades de socialização e na comunicação, Lucas Pontes de Andrade, de 24 anos, criou uma conta no Instagram para expor seus desenhos.
A conta intitulada “Lucas Atípico” também é espaço para que o estudante, que atua como acompanhante terapêutico e psicoterapeuta de pessoas autistas, divulgue conteúdos sobre o TEA. Logo a resposta do público foi bem positiva, pois o perfil já conta com mais de 85 mil seguidores de todo o país.
Lucas contou que a intenção dos conteúdos postados ali não é a de agradar a maioria das pessoas e, por conseguinte, conseguir cada vez mais seguidores. Ao contrário, busca falar sobre o que entende ser necessário a pessoas com o TEA, como política e atitudes preconceituosas ainda normalizadas.
“Além de tudo isso, eu também busco trazer acolhimento e identificação para as pessoas autistas, da forma mais sincera e humorada possível”, explica.
O morador do interior de SP acatou a sugestão de abrir a conta na plataforma da própria terapeuta. Ele havia recebido o diagnóstico para o TEA em 2018 e ela quem o convenceu de que as redes sociais poderiam ser uma boa forma de conhecer outras pessoas com a mesma condição.
“Fiz a página onde inicialmente eu apenas postava meus desenhos, mas com o tempo eu passei a criar alguns conteúdos sobre autismo e percebi que as pessoas estavam gostando. Foi algo bem natural e gradativo. Comecei a falar sobre minhas experiências enquanto uma pessoa autista que recebeu o diagnóstico tardiamente e a explicar alguns termos e características do autismo”, lembra.
Apesar de ainda não estar acostumado com a ideia de ter tantas pessoas o seguindo, Lucas garante que vê a ideia como uma possibilidade de conscientizar e desmistificar questões relacionadas ao TEA e neurodiversidade.
“Percebo o resultado por meio da identificação de outros autistas, que os fazem procurar suporte profissional e chegam até o diagnóstico, e da mudança de comportamento que as pessoas relatam a partir de algumas das minhas reflexões”, afirma.
Diagnóstico
No Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo, datado em 2 de abril, Lucas lembra que o capacitismo (preconceito contra as pessoas com deficiência) foi um dos principais fatores pelos quais recebeu o diagnóstico para o TEA tardiamente.
O tipo de TEA de Lucas é considerado a “ponta” do iceberg do espectro, já que se manifesta de forma mais banda. A dificuldade de socialização, comunicação, hiperfoco e movimentos repetitivos são características que apresenta.
“Sofria tanto das que duvidam do fato de eu ser autista, quanto das que acreditam que, por ser autista, eu não tenha capacidade para opinar sobre algo. O preconceito aparece de todas as formas, seja na ridicularizarão e ofensas, ou na exaltação que nos desumaniza ao nos enxergar como anjos puros”, lamenta.
Após o diagnóstico e com a exposição nas redes sociais, passou a sofrer com a invalidação das pessoas que não têm a condição. Por isso, a conta na rede social também serviu para o lembrar que não se trata de uma doença, mas sim, de quem realmente é.
“O autismo impacta diretamente em tudo que eu faço, pois não se trata de algo que eu carrego, mas sim de algo que eu sou. Eu não sou autista apenas quando tenho uma crise ou estou hiperfocado. Também sou autista quando dou risada, quando penso em algo novo, quando percebo as coisas de forma diferente, quando eu simplesmente estou existindo. Me imaginar sem o autismo é o mesmo que imaginar uma outra pessoa, completamente diferente. Isso não significa que o autismo anula a minha personalidade e particularidades, mas sim que ele é parte essencial delas”, finaliza.
Fonte: G1
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