
Um dos mais conhecidos empresários da Cidade de Botucatu, Fernando Borgatto (foto), não poupou críticas ? s festividades comemorativas aos 159º aniversário de Botucatu e fez seu manifesto através de uma carta onde mostra todo seu descontentamento. Para entender a indignação do empresário apresentamos o texto, na íntegra, para que cada leitor faça sua avaliação.
{n}Até quando?
Socorro! Basta de comemorar o aniversário de Botucatu com esse lixo!
Basta de eventos no Largo da Catedral!{/n}
por Fernando João Borgatto
Antes de criticar, mesmo sabendo o que é de conhecimento de todos – e porque sempre fomos críticos -, resolvemos “sentir na pele”. Resolvemos ver para crer, dar um voto de confiança, saber se o que enxergávamos realmente fazia sentido. Então, neste ano, no aniversário da cidade, resolvemos participar da festa com um stand da Resiplan no largo da Catedral.
O lugar mais reverenciado e ao mesmo tempo complicado da cidade é onde, já faz um tempão, arma-se um verdadeiro pandemônio. Uma bagunça que não tem mais tamanho. Entra ano e sai ano é a mesma coisa. Uma confusão, uma baderna disfarçada de diversão que os botucatuenses não merecem mais.
Pudemos ver com nossos próprios olhos, como a coisa fica muito aquém do que poderíamos chamar de razoável. O trânsito, por mais que queiram minimizar os transtornos, vira sim um inferno. Estacionar é a coisa mais difícil do mundo. Sanitários? Químicos? Não queira experimentar o fedor e a falta de higiene que fica o lugar. Afinal, foram cerca de 25 mil pessoas e todas têm suas necessidades. Às 23 horas de segunda-feira os banheiros foram retirados, o show continuava, e ficou todo mundo ao Deus dará.
Tão bonito, o largo vira um labirinto de tendas que não tem a mínima lógica nem condição. Para as mulheres, andar nos paralelepípedos é um desafio. Ninguém merece essa falta de planejamento e logística!
As brigas, comuns nesses casos, sobem a dom Lúcio e os arredores, colocando em perigo muita gente e fazendo o inferno para a vizinhança.
Para dividir a anarquia, este ano o desfile desceu para a Amando. E mais confusão, mais trânsito, mais desordem, mais gastos.
Voltou o parque, aquele que sempre deixou a população exposta a grandes riscos. E pensa num parque de quinta categoria! O deste ano era capenga, quebrado, sujo, feio, enferrujado, porco e o pior: era claro que não oferecia o mínimo de segurança. Não adianta o chororô depois, se uma tragédia tivesse acontecido. Um dos brinquedos que quebrou várias vezes, bem em frente ? Catedral, parecia uma zona de beira de estrada. Saudades da Marina e da Cotinha que sabiam organizar uma zona com muito mais competência!
O ônibus em exposição da Caio, empurrado e escondido num canto da praça junto com o da Irizar, a carreta da Aquarium, e a tenda da Sabesp, sofreu avarias porque a tenda simplesmente voou e foi arremessada pelos bons ventos da cidade contra seus vidros. Tudo junto e misturado, aqui é uma piada!
É um absurdo que Botucatu, que vive sim um ciclo de desenvolvimento, não consiga resolver esse problema. É um absurdo que a cidade universitária, de alto poder aquisitivo, de bons índices econômicos, de gente pacífica, trabalhadeira e ordeira fique condenada a ter momentos de lazer gratuitos (quase sempre raros) nessas subcondições. É um absurdo que o patrimônio da cidade, a Catedral, as praças, fique sendo degradado com esse circo. E ainda, com os trailers parados nas ruas, nas calçadas, sem higiene, sem a menor infraestrutura, com óleo sendo descartado no chão, com a poluição em todos os sentidos. A água, a energia nas praças, quem paga?
Cidades de menor porte já conquistaram o seu recinto. Lugar próprio, pensado, racionalmente estudado para receber seus eventos e, mais importante que isso, para receber com dignidade a sua população. Parques de exposição, lanchódromos (até pouco tempo ainda se falava) que dão condições aos que trabalham são uma realidade em cidades vizinhas. Exemplos de sucesso temos a rodo! Por que aqui é tão difícil? Por que aqui isso nunca sai do discurso?
Ou será que esse sonho nós sonhamos sozinhos?
*Fernando João Borgatto é botucatuense de Rubião Júnior, empresário por opção e necessidade, cidadão que não se conforma por não ver sua cidade comemorar o aniversário de um jeito digno e organizado.
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