Décadas de descaso: acesso à Cachoeira da Marta ainda representa perigo em Botucatu

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Décadas de descaso: acesso à Cachoeira da Marta ainda representa perigo em Botucatu 09 maio 2025

Trecho na Marechal Rondon não tem sequer um trevo que ofereça segurança para quem entra e sai do bairro Recanto da Amizade, onde está a Cachoeira da Marta e centenas de chácaras

A situação do acesso ao bairro Recanto da Amizade, localizado no quilômetro 243 da Rodovia Marechal Rondon (SP-300), em Botucatu, tornou-se um símbolo de descaso e perigo constante para centenas de famílias e visitantes. O trecho, que também serve de passagem para a Cachoeira da Marta, é palco diário de manobras arriscadas e medo, evidenciando uma falha crítica na infraestrutura rodoviária que necessita de soluções imediatas, antes que uma tragédia ocorra.

A principal queixa dos usuários está na completa ausência de segurança e sinalização adequada no local. A rodovia, de pista simples nesse ponto, não oferece qualquer tipo de recuo, acostamento seguro e adequado ou faixa de desaceleração para quem precisa acessar o bairro.

Motoristas são forçados a reduzir a velocidade bruscamente na própria faixa de rolamento e, em seguida, cruzar a pista contrária, muitas vezes com visibilidade limitada e diante de veículos que trafegam em alta velocidade. O simples ato de voltar para casa ou visitar um ponto turístico vira uma roleta-russa.

O perigo iminente não é uma percepção recente. Documentos oficiais já apontavam a gravidade da situação há mais de uma década. Um requerimento apresentado na Câmara Municipal de Botucatu em dezembro de 2007 (Requerimento Nº 1141/2007), de autoria do então vereador Lelo Pagani, já alertava para os “graves problemas de segurança de trânsito” e o “elevado potencial de risco” no acesso ao Recanto da Amizade pelo Km 243.

O documento, embasado em discussões do Conselho Comunitário de Segurança (CONSEG) e da Associação de Moradores, solicitava ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER) estudos urgentes para a construção de um “sistema de acesso seguro” e mencionava a necessidade de fiscalização de velocidade devido ao tráfego intenso, inclusive de carretas, em um trecho de declive.

A pergunta que fica é: o que foi feito desde então?

A inércia das autoridades competentes ao longo dos anos é alarmante. Enquanto projetos de duplicação e melhorias são anunciados em outros trechos, o acesso ao Recanto da Amizade permanece esquecido, expondo diariamente moradores, trabalhadores e turistas a riscos inaceitáveis.

A comunidade local, cansada de promessas vazias e do medo constante, exige uma intervenção definitiva. A instalação de sinalização clara e ostensiva, a construção de um acostamento ou faixa de desaceleração adequada, e um estudo aprofundado para um redesenho seguro do acesso não são pedidos de luxo, mas sim necessidades básicas para garantir o direito fundamental de ir e vir com segurança.

Todo dia é um cenário de perigo para entrar no bairro. Não há espaço suficiente para você parar o veículo e fazer uma consequente manobra de cruzar a pista. À noite fica ainda mais complicado e perigoso, relata o proprietário de uma chácara no bairro.

“Além do enorme perigo de uma colisão traseira quando vamos entrar no bairro, tem outro agravante. Quando saímos de volta para a Rondon, praticamente não há espaço e você sai direto para a pista. Muitas vezes já me deparei com veículos no sentido contrário realizando manobras de ultrapassagem, ou seja, já ocorreu de eu sair do bairro e dar de cara com outro veículo no sentido contrário. É uma situação assustadora, mais ainda em pensar que em décadas nunca foi feito nada para melhorar”, comentou um frequentador do local.

Resposta que não chegou

O Acontece Botucatu, ciente da importância de uma resposta oficial por parte do Estado, entrou em contato com a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), órgão responsável pela fiscalização da malha viária paulista. No entanto, mesmo após cinco dias, não houve qualquer retorno por parte da agência. O espaço segue aberto.

É inadmissível que um acesso tão importante para uma comunidade expressiva e para um ponto turístico relevante continue a ser uma armadilha. Espera-se que os órgãos responsáveis, seja o DER ou a concessionária que administra a rodovia atualmente, tratem o assunto com a seriedade e a urgência que ele demanda, implementando as melhorias necessárias para preservar vidas e garantir a tranquilidade de quem trafega pelo Km 243 da Marechal Rondon.

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