A vida do casal Rogério Honoratto, 27 e sua companheira Dilma Cândida, 29 é bastante peculiar. Eles passam o dia inteiro apanhando produtos recicláveis como papel e recipientes plásticos e moram, precariamente, há cinco anos, em um improvisado barraco embaixo de uma mangueira no acostamento da Rodovia Domingos Sartori, principal acesso de Botucatu ? Unesp. O barraco tem um quarto e uma sala e é no quintal que eles guardam os produtos recolhidos na rua até serem vendidos. Quatro cachorros fazem companhia ao casal.
Embora vivendo numa situação adversa, o casal mostra um otimismo incomum para a realidade em que vive, mas não reclama da sorte, nem tira o sorriso do rosto. Tem gente que está em pior situação do que a nossa. Nós temos saúde que é mais importante que tudo. A vida que a gente leva não é fácil, mas não dá pra reclamar. Recolhendo e vendendo o que os outros jogam fora. A gente não ganha muito, mas dá prá levar. Claro que a gente queria estar numa melhor situação, mas vamos levando a vida, diz Honoratto.
O casal morou por vários anos embaixo de um viaduto, na Rodovia Marechal Rondon, onde tinha um pouco de tudo: jogo de sofá, armário, fogão ? gás, cama, entre outras coisas comuns em uma residência. Saímos do viaduto para morar na mangueira, brinca Honoratto, enfocando que gostou do local, onde construiu seu barraco e resolveu se mudar, mas não abandonou, por completo, o antigo endereço.
Quando chove demais, vem muita enxurrada lá de cima (da rodovia) e lameca tudo na casa. Também tem muita goteira. Por isso, a gente sai daqui e fica embaixo do viaduto até a chuva forte ir embora, conta Honoratto, que é interrompido pela companheira. O problema é que ele tem um sono muito pesado e nem vê a chuva. Mesmo com a água entrando na casa não há meio de fazer ele acordar. Só chaqualhando muito, mesmo, conta.
O sonho do casal é conseguir a casa própria. Eles foram sorteados no projeto Minha Casa Minha Vida, já entregaram toda documentação exigida e tiveram a aprovação da Caixa Econômica Federal (CEFG). Estão no aguardo de serem chamados para receber as chaves da casa e iniciar uma nova vida.
Olha eu não sei mais o que é isso, fazem mais de 15 anos que moro na rua e a casa própria é um sonho que e gente tem. Nós estamos esperançosos em ser chamados para conhecer nossa casa verdadeira, com quartos separados, sala, cozinha, telhado e banheiro. Não vejo a hora de ir para lá, prevê o catador de produtos recicláveis.
Ele diz que algumas pessoas ajudam, mas eles não pedem esmolas na rua. Não fico pedindo, mas se alguém quiser ajudar a gente não recusa. Nossa situação é essa e não escondemos de ninguém. A gente vive do nosso trabalho sem pegar nada que não seja nosso. Se qualquer pessoa quiser ajudar pode vir aqui, para nos conhecer que será bem recebida. Só não garanto o café, finaliza Honoratto.
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