Cachorros são envenenados na Vila Sônia e Cecap. Três morreram

Cidade
Cachorros são envenenados na Vila Sônia e Cecap. Três morreram 13 março 2016

O Acontece Botucatu recebeu uma grave denúncia na madrugada deste domingo, 13, dando conta que cachorros foram criminosamente envenenados na noite de sábado. O que se viu foi muito triste e revoltante. Logo ao chegar no bairro, a reportagem se deparou com um Poodle morto quase em frente ao prédio da Apae. No total foram 5 animais envenenados. Dois foram atendidos e passam bem, três morreram.

Alessandra Barros foi a primeira moradora que constatou a gravidade do caso. “Minha irmã estava chegando em casa quando viu um Cocker jogado na rua convulsionando, ela está grávida, ficou nervosa e me ligou. Isso era umas 20 horas deste sábado. Começamos a investigar e notamos bolinhos de carne jogados pelas ruas. Começamos a avisar todos os vizinhos. Vi meu vizinho Ricardo passeando com o cachorro e o avisei sobre o que estava ocorrendo, quando ele disse que o cãozinho dele comeu uma linguiça na rua. Momentos depois ele começou a convulsionar”, relatou. O Acontece Botucatu conversou com Bruna Dias, filha do Ricardo, dono do cãozinho Billy, que foi salvo do envenenamento. "Uma situação lamentável, muito triste ver que alguém que consegue fazer mal para bichinhos tão dóceis e indefesos, tem que ter muito sangue frio. Alguma coisa deve ser feita para que esse monstro pare", disse ela.

A aposentada Maura Baldini Levi se assustou com tudo o que estava acontecendo. “A minha vizinha veio me avisar e tomei minhas providências. A calçada estava toda cheia de veneno. Comecei a lavar o chão, a roda do carro e a calçada. Na calçada tinha vomito e fezes. Fiquei apavorada quando vi o veneno jogado na rua”. Contou. 

  Maura Baldini Levi    João Otávio

 

   Solange Pellicci: Não é a primeira vez

João Otávio, que trabalha como Motoboy, é morador da Cecap, e também sofreu com a ação criminosa. “Eu percebi que meu cachorro estava vomitando e tremendo. Levei no veterinário e agora está tudo bem. Na hora que vi ele passando mal, percebi que era veneno. Não conseguimos ver o que era, mas estava na salsicha”, lamentou o morador que gastou R$ 400 reais em um plantão Veterinário.  

A moradora da Vila Sônia Solange Pellicci explica que essa não é a primeira vez que isso acontece no bairro. “Há uns meses atrás envenenaram minhas cachorras, depois pararam com isso. Agora estamos assustados com essa ação criminosa novamente”, colocou.

 

A Médica Veterinária Janaína Biotto Camargo, da Clínica Vila Chico, analisou as imagens enviadas pela reportagem do Acontece Botucatu. Ao tomar conhecimento dos relatos, disse que a provável causa é a intoxicação por veneno de rato. "Vendo fotos e analisando o comportamento relatado, com convulsões, vômitos e saliva em excesso, a provável hipótese é que utilizaram Mão Branca ou Chumbinho, ou seja, os populares venenos de rato. Quando existe o sangramento, há a hipótese de um outro veneno chamado dicumarínico. Mas isso só pode ser confirmado após exame toxicológico e necropsia", explica Janaína.

Veneno

Segundo o site WebAnimal, o "chumbinho" leva esse nome pela sua cor (cinza escuro) e formato (granulado), não tendo nenhuma relação com o metal chumbo. Sua composição tem como princípio ativo o aldicarb, um inseticida usado na agricultura para o controle de pragas. Desviado de seu uso original, o aldicarb é vendido ilegalmente, à granel, com o nome de "chumbinho", para o combate de roedores.

O efeito do "chumbinho" em animais é bem rápido, aparecendo 5 a 10 minutos após a ingestão. Os sinais irão depender do tamanho do animal e da quantidade ingerida. Grandes quantidades podem causar morte súbita. Os sinais de intoxicação podem ser vários: salivação (o animal começa a babar),vômitos, diarreia, convulsão, inquietação ou prostração, falta de coordenação, tremores, falta de ar (dispneia), hemorragia oral ou nasal, fraqueza, pupilas contraídas, etc. O veneno causa lesões nos pulmões, fígado e rins.

Animais intoxicados são tratados com lavagem estomacal (até 2h após ingestão), sulfato de atropina para conter a maioria dos sinais causados pelo aldicarb, soroterapia para eliminar mais rápido o veneno, anti-hemorrágico, anticonvulsivantes, carvão ativado para evitar a absorção do tóxico pelo organismo, etc.

 

Fotos: André Godinho
Cão encontrado morto em frente ao prédio da Apae Rua João Queiroz Reis, na Vila Sônia. Local das mortes
   
Billy, levado ao veterinário a tempo, foi salvo                                                 Bolinho de carne com veneno. Vários foram espalhados pelo bairro

 

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