
Usuários relatam dificuldades extremas para chegar ao ambulatório estadual, que fica às margens da Rodovia Marechal Rondon, sem linha de ônibus direta e com acesso improvisado

*reportagem atualizada as 13h30 com a nota da concessionária Rodovias do Tietê.
O Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Botucatu, referência regional em atendimentos especializados pelo SUS, tem sido alvo constante de críticas por parte da população. O motivo? A precariedade no acesso ao local, especialmente para pacientes que não têm veículo próprio ou apresentam dificuldades de locomoção.
Nesta semana mais um morador do município procurou o Acontece Botucatu para relatar o drama vivido ao sair de uma consulta com um aparelho de monitoramento de pressão acoplado ao corpo. Sem nenhuma linha de ônibus circular com acesso direto ao prédio, o paciente precisou caminhar pelo acostamento da rodovia Marechal Rondon — cenário comum a muitos usuários do serviço.
“É um absurdo o que vivemos ali. Saí com o aparelho, mal conseguia andar, e tive que enfrentar o barranco e andar no acostamento porque nenhum circular entra no AME. Uber e 99 também não querem ir por conta da entrada pela rodovia. Isso é um descaso com o cidadão”, desabafa o paciente, que também sofre com problemas de joelho e hérnia.
O ambulatório foi inaugurado em 2018 e atende moradores de 25 municípios da região, oferecendo consultas com especialistas, exames e pequenas cirurgias. Desde 2023, a unidade é gerenciada pela Santa Casa de Assis e pertence à Secretaria de Estado da Saúde, dentro da área de abrangência do DRS VI – Bauru.

Apesar da estrutura e da importância do serviço, o acesso físico é um obstáculo. Para cortar caminho até o prédio, muitos usuários e até funcionários usam uma escada improvisada em um barranco lateral — um trajeto perigoso e nada adequado para quem está em tratamento de saúde.
Além da ausência de linhas de ônibus regulares até o local, os aplicativos de transporte também têm evitado as corridas, já que a entrada ao ambulatório exige desvio pela rodovia, o que encarece e dificulta a viagem. A alça de acesso da rodovia Marechal Rondon, por onde caminham os pacientes, foi alvo de um atropelamento fatal no ano de 2021.

Diante da situação, o Acontece Botucatu reforça o apelo da população às autoridades municipais e estaduais para que busquem soluções urgentes. Seja com a implantação de uma linha de ônibus com horários regulares até o AME, seja com melhorias na infraestrutura de acesso.
O que diz a Prefeitura?
Com relação ao transporte coletivo, a Prefeitura já disponibiliza a linha 218 – Recanto Azul / Centro (Via UNESP) que tem passagem pelo AME, porém, há algum tempo este itinerário não registrou nenhum passageiro, mesmo assim está mantida. Com relação ao acesso, a Prefeitura já solicitou oficialmente a Concessionária Rodovias do Tietê/Via Áppia que as marginais da Rondon regularizem esse acesso às margens da Rodovia. O Prefeito Fábio Leite tem realizado reuniões mensais com a Artesp para acompanhar esta situação. Nesta semana, o Prefeito inclusive esteve em São Paulo com o Secretário de Saúde do Estado, Dr. Eleuses Paiva, solicitando oficialmente recursos extraorçamentários para construção do acesso ao AME via Dante Delmanto X Plaza Martin. Projeto este estimado em R$ 8 milhões, porém, ainda não há confirmação do recurso.
E a Concessionária Rodovias do Tietê?
Em atenção ao questionamento, a Rodovias do Tietê informa que o acesso ao Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Botucatu, localizado no km 253 da Rodovia Marechal Rondon (SP-300), é considerado irregular. A Concessionária esclarece ainda que a responsabilidade pela regularização do dispositivo é do proprietário do local, neste caso, a Prefeitura Municipal de Botucatu.
Ressaltamos, contudo, que, visando o bem-estar dos usuários do Corredor Leste da Rodovia Marechal Rondon e da população dos municípios lindeiros, já há tratativas em andamento junto ao órgão regulador com o objetivo de viabilizar a possível regularização no menor prazo possível.
A Concessionária informa também que, até o momento, não há registros de reclamações de usuários sobre o referido acesso. Ainda assim, reforçamos nosso compromisso com a segurança viária e com a melhoria contínua das condições de tráfego, com prioridade à segurança e ao conforto dos motoristas.
Sem respostas da “Saúde” estadual
Questionamos também a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde, que não respondeu aos nossos e-mails.
A ausência de resposta por parte da Secretaria Estadual de Saúde não representa um silêncio apenas diante da imprensa, mas principalmente diante da população que utiliza o serviço e enfrenta, diariamente, riscos e dificuldades para ter acesso a um direito básico e constitucional: a saúde.
A falta de posicionamento reforça a sensação de abandono sentida por muitos usuários e evidencia a urgência de ações concretas por parte do poder público e da concessionária responsável.


