Após a repercussão nas redes sociais sobre a campanha que seria iniciada para arrecadar fundos ao menino Alexy de Santi Oliveira, no sentido de adquirir uma cadeira de rodas especial para a criança que é vítima de hidrocefalia, a Prefeitura Municipal tomou conhecimento do caso e disse que irá adquirir o equipamento.
Paulo Malagutte, Secretário Municipal de Políticas de Inclusão, conversou com o Acontece Botucatu e explicou que a Administração Municipal tem um Fundo específico para a aquisição desses equipamentos. O Fundo Municipal da Pessoa com Deficiência é administrado pela Secretaria com o Conselho Municipal da Pessoa com deficiência.
“Eu tomei conhecimento do caso após a divulgação na imprensa. Existe um Fundo especial para esses casos. O estado tem o dever de arcar com equipamentos de alto custo, mas entendendo que uma ação mais ágil deve ser feita em casos de urgência, como parece ser o do Alexy, a Prefeitura Municipal criou o Fundo Municipal para a Pessoa com Deficiência, justamente para arcar com esses custos. Oficialmente estou falando com vocês e digo que vamos entrar em contato com a família e providenciar toda a documentação para a aquisição dessa cadeira de rodas o mais rápido possível”, disse ao Acontece Botucatu Paulo Malagute.
O Secretário aproveitou para elogiar a população de uma forma geral pela solidariedade demonstrada com o caso. “Parabenizo o Acontece Botucatu pela iniciativa de ir conhecer pessoalmente a família e o problema para iniciar esta campanha. Acompanhei a repercussão da matéria e fiquei comovido com a solidariedade da população”, disse Malagute.
A campanha ficou poucos minutos no ar e para ter mais credibilidade, contou com a colaboração da Associação Mão Amiga do Rotary Club, que há muitos anos ajuda a sociedade na aquisição de equipamentos ortopédicos. A Mão Amiga iria receber os recursos para comprar o equipamento.
“O Projeto Mão Amiga já trabalha no fornecimento de equipamentos ortopédicos há muitos anos e muitos trabalhos são desenvolvidos e geridos para este fim. O Rotary estará sempre de portas abertas para causas nobres como essa”, disse Lucas Machado, presidente do Rotary Club Botucatu Norte.
Com o que foi arrecadado em poucos minutos de campanha, antes da Prefeitura Municipal se posicionar sobre o caso, serão adquiridos remédios ou fraldas para Alexy, caso o doador concorde com o procedimento.
Relembre o caso
Alexy de Santi Oliveira tem 8 anos, é brincalhão, sorridente, amoroso com a mãe e com os irmãos, ou seja, teria tudo para levar uma vida normal, mas não é bem assim. O garoto, morador da Vila Nova Botucatu, tem hidrocefalia, doença caracterizada pela dilatação da cabeça e acumulo de água.
A doença compromete a visão, impõe dificuldades cognitivas, perda de coordenação motora e incontinência. Alexy requer cuidados especiais e equipamentos que possam lhe proporcionar uma vida melhor.
Com uma cadeira de rodas emprestada pela escola especial Nair Peres Sartori, instituição que ele frequenta, apresenta limitações e desconforto, pois precisa de um equipamento com mais recursos. Mas como o Brasil ainda é um país falho em respeitar os cidadãos e suas necessidades, a família de Alexy encontra uma grande dificuldade, o valor de uma nova cadeira de rodas é muito alto.
A mãe, Priscila de Santi, luta como pode para sustentar a casa com três filhos e a mãe dela, com idade avançada, e um equipamento de aproximadamente R$ 3 mil está muito longe do orçamento familiar.
“Eu me apoio no benefício dele para comprar o que ele precisa. Não tenho emprego, faço diversos bicos por aí, como passar roupa, faxina e como manicure, mas não consigo juntar esse dinheiro, pois ainda tenho mais dois filhos para criar e minha mãe que também requer cuidados. Sou sozinha, separada e a vida é sempre difícil” disse a mãe de Alexy, Priscila de Santi, em entrevista ao Acontece Botucatu.
A cadeira que o pequeno Alexy necessita tem todos os requisitos para suportar seu estado físico, como posição e mobilidade. O equipamento adaptado que reúne as condições necessárias para a criança seria entregue a família pelo setor de reabilitação do Hospital das Clínicas, mas sem verba a compra sempre é adiada.
“Ele precisa de uma cadeira que fique mais inclinada, para que ele possa tocar a cadeira sozinho, pois ele consegue se virar. Essa cadeira está emprestada pela diretora da escola até que a gente consiga adquirir a necessária. Mas ele escorrega, fica até perigoso. Um dia, em uma fração de segundos, eu me virei para pegar a comida dele e ele quase caiu”, contou Priscila.
Por conta da doença, o corpo de Alexy tem muitas limitações. Sem musculatura, o cansaço do pequeno lutador é evidente em poucos minutos diante de sua presença. Em Botucatu, além da escola, ele faz fisioterapia, fono e equoterapia na APAPE.
A doença
A hidrocefalia é uma doença neurológica perigosa e conhecida por “água no cérebro”, assim chamada devido ao acúmulo excessivo do líquido cefalorraquidiano (que funciona como proteção do cérebro e da medula espinhal). Explicando de uma forma mais simples, podemos dizer que o excesso de fluído contribui para a dilatação do crânio, gerando pressão enorme, em que a cabeça pode ficar com tamanho muito maior do que o normal.
Esse inchaço na cabeça pode resultar sérios problemas às crianças porque compromete o funcionamento adequado do cérebro e, consequentemente, do corpo. É possível que a criança afetada tenha dificuldade em tudo que o cérebro comanda: aprendizagem, raciocínio, fala, memória, noção de tempo, entre outros.
Não existem medicamentos capazes de acabar com a hidrocefalia. Podem ser feitas drenagens, em que o líquido é extraído. Esses são tratamentos temporários, mas que não vão erradicar a doença.
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