15 julho 2025
Durante anos, moradores da região conviveram com o cenário de completo abandono.
A paisagem degradada que por anos marcou a região da antiga estação ferroviária do Distrito de Rubião Júnior, em Botucatu, começou finalmente a mudar. A RUMO Logística, concessionária responsável pela linha férrea que corta o município, iniciou a retirada dos vagões abandonados que ocupavam o espaço há décadas. Restam apenas algumas unidades no local, que ainda dependem de decisões judiciais para serem completamente removidas.
Durante anos, moradores da região conviveram com o cenário de completo abandono. Os vagões, em sua maioria depredados e deteriorados pelo tempo, acabaram se tornando refúgio para ações criminosas. Muitos deles eram utilizados como esconderijo por infratores e, segundo relatos da própria população, até como ponto de tráfico de drogas.
A ausência de segurança e a negligência no espaço transformaram uma área de valor histórico em um símbolo do descaso. A área, que hoje pertence à RUMO, é uma extensa faixa de terra aberta entre a Igreja de Santo Antônio e o campus da Unesp de Rubião Júnior.
Diante da situação, a Prefeitura de Botucatu acionou o Ministério Público Federal com um pedido de reapropriação do espaço. Segundo aourou o Acontece Botucatu, caso a Justiça se posicione favoravelmente, o local poderá ganhar uma nova vida.
Entre as propostas da Administração Municipal estão a implantação de equipamentos de lazer, como praças e áreas de convivência para a comunidade, além da criação de uma nova via pavimentada. A intenção é facilitar o fluxo de entrada e saída de veículos do distrito, que tem registrado crescimento populacional e estrutural nos últimos anos.
A retirada dos vagões pode ser o primeiro passo para uma transformação aguardada há décadas pelos moradores. A expectativa agora recai sobre os próximos capítulos dessa possível reconfiguração urbana de Rubião Júnior.
Inatividade e devolução para o governo
Atualmente inativa em grande parte de sua extensão, a malha ferroviária da antiga Sorocabana tem uso considerado em diferentes projetos de transporte de carga, passageiros e trens turísticos. A federalização e concessão da antiga Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), no final dos anos 1990, dividiu a antiga EFS em corredores de transporte de carga no interior e litoral, enquanto os trilhos na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) ficaram dedicados ao transporte metropolitano de passageiros das atuais linhas 8 e 9.
A linha Mairinque-Santos, com aproximadamente 150 quilômetros, compõe o maior corredor de exportação do agronegócio brasileiro e liga o norte e o centro-oeste do Brasil ao Porto de Santos (SP). O que contrasta com os 319 quilômetros de linha enferrujando entre Mairinque (SP) e Bauru (SP), no interior de São Paulo.
Eles fazem parte da chamada Malha Oeste, que passa por Sorocaba (SP) e Botucatu (SP) e era utilizada para o transporte de celulose entre o Mato Grosso do Sul e o Porto de Santos até 2022 pela empresa Rumo.
O contrato de concessão termina em 1º de julho de 2026 e já em 2020 a concessionária protocolou, junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), um pedido de adesão ao processo de relicitação (devolução) da concessão. No processo, a ANTT constatou que a infraestrutura da Malha Oeste, incluindo sua via permanente, encontra-se depreciada.
Segundo sua pesquisa, que utiliza dados disponibilizados pela ANTT, 48% da malha ferroviária nacional de bitola métrica (1,00m) está sem tráfego e requer soluções. É o caso da Malha Oeste e, especialmente, dos 80 dos 319 quilômetros da ex-EFS onde se pretende implantar trens turísticos: os roteiros Sorocaba – Iperó, Laranjal Paulista – Boituva e Botucatu, que constam do Plano de Turismo Ferroviário do Estado de São Paulo, recentemente lançado pela Secretaria de Turismo e Viagens.
