Projeto sobre realização de rodeios sofre adiamento

Política
Projeto sobre realização de rodeios sofre adiamento 20 março 2012

Ainda não foi desta vez! Embora a Câmara Municipal de Botucatu estivesse lotada na noite desta segunda-feira (19), aguardando uma definição dos vereadores sobre o polêmico projeto que dispõe sobre a realização de rodeios na Cidade de Botucatu, a matéria acabou sendo adiada. O projeto em questão, de autoria do vereador Alexandre “Xê” Granado (PSDB), sugere alteração na redação da Lei Municipal nº 4.904/2008, que em seu artigo 36, proíbe a utilização de sedém (ou sedenho) em touros e isso impede a realização de rodeios na Cidade.

Nunca é demais lembrar que o sedém é uma corda confeccionada da crina do cavalo, rabo do boi, lã ou espuma revestida de tecido macio que, passada na altura da virilha do animal, tem a finalidade de estimulá-lo a pular. Para muitos o sedém é um instrumento de tortura e os rodeios são um ritual de maus tratos aos animais, argumento que é rechaçado pelos adeptos desta prática esportiva.

Antes de a propositura ser colocada em votação, o vereador Bombeiro Tavares (DEM), que é favorável ? mudança na redação da lei, pediu palavra e solicitou o adiamento da votação por duas sessões legislativas. A proposta foi colocada em votação e rejeitada pela maioria dos parlamentares. Novamente, o vereador do DEM pediu a palavra pela ordem e, desta vez, solicitou vistas ao projeto, que independe de votação do plenário. Com isso, ele só volta ? pauta de votação na próxima semana.

Depois de o adiamento ser confirmado pelo presidente da Casa, Tavares explicou sua decisão. “Hoje (segunda-feira) o projeto, fatalmente, seria rejeitado com seis ou sete votos contrários e minha intenção ao pedir o adiamento foi para que sejam feitas emendas para melhorar a redação com a supressão de alguns ítens”, explicou Tavares. Como o pedido de adiamento não foi aprovado, o parlamentar usou outra estratégia prevista no Regimento Interno e pediu vistas ao projeto, que volta ? pauta de votação na próxima sessão ordinária. “Durante a semana vamos estudar a possibilidade de sugerir emendas para ver se chegamos a um consenso”, observou o vereador.

O plenário da Câmara ficou dividido: de um lado os defensores do rodeio com o argumento de que os touros não sofrem maus tratos, fomenta o turismo atraindo pessoas de diferentes cidades do estado, aquece a economia e gera empregos. Do outro, aqueles que são contrárias aos rodeios, como a Associação Protetora dos Animais (APA), que entendem que o evento é, claramente, prática de maus tratos ao animal que é estimulado a pular na arena pela dor, com o sedém amarrado, fortemente, em sua virilha. Para evitar conflitos, a segurança da Câmara Municipal foi reforçada pela Polícia Militar (PM) e Guarda Civil Municipal (GCM).

{n}O que diz o artigo 36 da lei 4.904/2008{/n}

Artigo 36 – São vedados e considerados como maus-tratos as provas de rodeios e espetáculos similares, que envolvam o uso de instrumentos que visem induzir o animal ? realização de atividades ou comportamento que não se produziria naturalmente sem o emprego de artifícios, tais como:
Inciso I – utilizar ferramentas ou qualquer artifício, no intuito de provocar alteração de comportamento não natural no animal, em especial, sedém ou sedenho, agulhadas e choques elétricos, ungüentos cáusticos, esporas e outros objetos afiados e pontiagudos e choques mecânicos, como golpe e marretadas.

Inciso II – provocar sofrimento físico ou emocional, em competições onde ocorre perseguição de outro animal, como na laçada do bezerro, laço em dupla, bulldog (onde o peão tem que imobilizar um bezerro pelo pescoço com as próprias mãos) e outros similares.

Fotos: Quico Cuter

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